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03 dezembro 2025
Quebrando Barreiras: Saúde e Proteção para Pessoas com Deficiência
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Comunicado de Imprensa
03 dezembro 2025
Mensagem do Secretário-Geral por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
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01 dezembro 2025
Mensagem de Vídeo do Secretário-Geral por ocasião do Dia Mundial da Luta contra o SIDA
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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em Moçambique
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão a contribuir a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 em Moçambique:
História
26 agosto 2025
Costura: Nova Ferramenta na Luta pela Paz Interior
MAPUTO, Moçambique - Quando a violência começou em Quissanga, na província moçambicana de Cabo Delgado, Nrúria Amade entendeu que tinha de sair dali. “Sentia-me tranquilo a trabalhar na minha machamba [pequena plantação tradicional]”, recorda-se. "Mas quando os ataques começaram, tudo mudou. As casas foram queimadas, as pessoas fugiram e as que tentaram voltar foram novamente atacadas. Foi nessa altura que eu saí, sem nada".Desde 2017, Cabo Delgado tem vivido um conflito que já deslocou mais de um milhão de pessoas. Grupos armados não estatais atacaram aldeias e cidades, obrigando homens como Nrúria e a sua família a fugir várias vezes. Para além da perda de casas e de meios de subsistência, o conflito deixou cicatrizes psicológicas. O medo, o luto e a insegurança contínua tornaram-se uma realidade diária para muitos. No distrito de Metuge, em Cabo Delgado, a Organização Internacional para as Migrações (OIM) tem disponibilizado apoio psicossocial e de saúde mental tanto às pessoas deslocadas como às comunidades acolhedoras através de diferentes iniciativas.Um desses esforços é um projeto de costura e alfaiataria no Centro de Reassentamento de Nicavaco, organizado pelo programa de Proteção e Apoio Psicossocial e à Saúde Mental da OIM. Esta iniciativa começou quando a OIM disponibilizou máquinas de costura e materiais a uma associação de homens recém-criada na comunidade.O objetivo era criar um espaço onde os membros pudessem encontrar-se, partilhar experiências, aliviar o estresse e criar uma nova fonte de rendimento através da costura, depois de terem perdido os seus negócios e meios de subsistência anteriores.Celestino Pius, um dos fundadores, fugiu da violência em Muidumbe com os sete membros de sua família. Nunca imaginou a possibilidade de viver em Metuge, mas as máquinas de costura disponibilizadas permitiram-lhe fazer e reparar roupas para a comunidade, proporcionando-lhe um rendimento, e restaurando o seu propósito e sentimento de pertença. “Antes do projeto, nem sequer podíamos comprar produtos básicos”, acrescenta. "Agora, ao costurar e vender uniformes, podemos gerir pequenas despesas. A vida mudou para melhor". Tiago, o filho de Celestino, vai para a escola vestido com o uniforme feito pelo seu próprio pai.Pouco depois, o grupo de homens começou a coser uniformes escolares para 65 crianças deslocadas internamente identificadas pela equipa de campo da OIM com dificuldades de frequentar a escola. Muitas tinham perdido os seus pertences e documentos durante o conflito em Cabo Delgado e o impacto do ciclone Chido em dezembro de 2024.A OIM apoiou e encaminhou as crianças para a matrícula escolar, providenciou materiais e a nova associação costurou uniformes que lhes permitiram retornar às aulas. Para pais como Awa Said, deslocada de Mocímboa da Praia em 2019, o impacto foi imediato. “Aqui, se uma criança não tiver um uniforme adequado, não pode ir à escola”, explica. “Agora a minha filha pode ir e pelo menos aprender a escrever o seu nome”, continua Awa.A sua filha Nhamo está entre as crianças deslocadas que receberam uniformes feitos pela associação. Ela gosta de matemática e quer ser uma motorista quando crescer. A associação é uma iniciativa de subsistência e um espaço de ligação.Os membros ensinam uns aos outros novas técnicas, partilham preocupações e experiências, apoiam-se mutuamente e aprendem mais sobre saúde mental, respeito e como garantir que todos se sintam seguros, e como obter ajuda caso alguém cometa algum abuso de poder.Nrúria, que aprendeu a costurar com o seu irmão mais velho quando era criança, diz que estes momentos são tão valiosos como os rendimentos."Quando trabalhamos juntos, falamos sobre o que nos vai na alma. Isso ajuda", comenta Nrúria. A história do grupo reflete uma realidade mais ampla em Cabo Delgado. A exposição à violência, as deslocações recorrentes e a incerteza contribuíram para o aumento das necessidades de saúde mental e de apoio psicossocial.Os atores humanitários e de desenvolvimento, incluindo a OIM, estão a aumentar o apoio psicossocial de base comunitária para responder a estas necessidades, mas a magnitude da crise continua a sobrecarregar os serviços disponíveis.Em 2025, mais de 20.000 pessoas foram alcançadas em Metuge, através do suporte da OIM e do programa de Protecção e Apoio Psicossocial e à Saúde Mental da OIM.Para Celestino e outros em Nicavaco, o progresso mede-se pelo rendimento obtido e pela paz de espírito recuperada. "Passámos por muita coisa. Não sei o porquê de toda esta violência", diz ele. “Mas agora estamos aqui e estamos caminhando em frente”, afirma Celestino.
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História
24 outubro 2025
“A ONU pode contar com Moçambique”
MAPUTO, Moçambique - Moçambique se juntou às celebrações globais dos 80 anos das Nações Unidas, num evento realizado no Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação (MINEC), em Maputo, que também assinalou os 50 anos da parceria entre a ONU e o País.A cerimônia foi dirigida por Sua Excelência a Ministra da Educação e Cultura, Sra. Samaria Tovela, e contou com a presença de Sua Excelência a Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Moçambicanas no Exterior, da Chefe da ONU em Moçambique, Dra. Catherine Sozi, bem como de representantes do Corpo Diplomático, do Governo e do Sistema das Nações Unidas.Sob o lema “Unidos para um Futuro Comum”, as comemorações destacaram a importância de fortalecer a cooperação internacional e o multilateralismo solidário, num ano de grande simbolismo para o país, que celebra também o Jubileu de Ouro da Independência Nacional neste ano. Reforçar o multilateralismo e investir na juventudeDurante a sua intervenção, a Ministra Samaria Tovela elogiou o papel da ONU na reconstrução nacional e na promoção do desenvolvimento humano, sublinhando a necessidade de uma parceria renovada centrada na juventude.“Ao olhar para esses 80 anos da ONU e 50 anos da independência, de cooperação, vemos claramente a necessidade de reafirmarmos o multilateralismo solidário para fazer face aos desafios globais das crises climáticas“, afirmou a Ministra Samaria Tovela. Segundo a governante, os mais jovens “são quem, efetivamente, irão levar para frente o desenvolvimento das nações”. A Ministra da Educação e da Cultura defendeu ainda que a cooperação entre Moçambique e a ONU deve se basear nos jovens, raparigas e crianças, sobretudo no setor da educação, para a concretização também da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. “Em Moçambique, a presença das Nações Unidas é mais do que institucional, é uma parceria viva que se manifesta em ações concretas”, frisou Sua Excelência a Secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Comunidades Moçambicanas no Exterior, Sra. Maria de Fátima Simão Manso, em sua intervenção.“Sobretudo nas áreas da saúde, educação, igualdade de gênero, segurança alimentar, adaptação às mudanças climáticas, paz e coesão social”, complementou.Já o Decano do Corpo Diplomático, o Embaixador Professor Antoine Masala Ne Beby, afirmou que “Moçambique é, sem dúvida, um exemplo inspirador de compromisso com os ideais das Nações Unidas”. Por sua vez, a Dra. Catherine Sozi destacou que “Moçambique nasceu acreditando no poder da autodeterminação, e as Nações Unidas nasceram acreditando no poder da cooperação”, lembrando que o país é um exemplo de compromisso com o multilateralismo.Foram lembrados também os contributos históricos de Moçambique à ONU, desde a luta anti-apartheid e a reconciliação nacional até ao papel ativo no Conselho de Segurança das Nações Unidas.O evento contou ainda com a inauguração de uma exposição fotográfica celebrando as contribuições de Moçambique às Nações Unidas e uma apresentação da cantora Neyma, Embaixadora da Boa Vontade do UNICEF, que encerrou a comemoração exaltando a cultura moçambicana. “A ONU pode contar com Moçambique”Por motivos de agenda, Sua Excelência a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação se encontrava fora do país. Contudo, gravou uma mensagem de vídeo especial para assinalar a data.Na mensagem, a Ministra felicitou a ONU pelas suas oito décadas de promoção da paz, do diálogo e do desenvolvimento sustentável; e destacou a liderança do Secretário-Geral António Guterres pela sua defesa incansável do multilateralismo e pela atenção dedicada às prioridades da África. “Para Moçambique, esta celebração representa um momento de reconhecimento a uma organização que tem estado connosco desde a independência, apoiando o nosso caminho rumo à paz, à estabilidade e ao progresso”, realçou a governante na mensagem de vídeo.“A ONU pode contar com Moçambique – e Moçambique continuará a contar com a ONU”, frisou a Ministra Maria Manuela dos Santos Lucas.A Ministra também destacou a relevância do Pacto do Futuro, adotado em 2024, como um marco global para renovar o sistema multilateral e enfrentar desafios como as mudanças climáticas, os conflitos e o terrorismo. Declaração Conjunta reafirma laços de cooperaçãoPara assinalar o Dia das Nações Unidas foi divulgada uma Declaração Conjunta assinada por Sua Excelência a Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Sra. Maria Manuela dos Santos Lucas, e pela Coordenadora Residente das Nações Unidas, Dra. Catherine Sozi.O documento reafirma o compromisso conjunto de trabalhar lado a lado pela paz, pelo desenvolvimento sustentável e pela prosperidade partilhada de todas as pessoas em Moçambique.“Guiados pelos princípios intemporais da Carta das Nações Unidas, o Governo de Moçambique e as Nações Unidas reafirmam o seu compromisso de continuar a trabalhar juntos para realizar a promessa e o potencial desta Organização indispensável. Os desafios diante de nós são enormes, mas somos, de facto, melhores juntos”, sublinha o texto. Um compromisso que renova-seAs comemorações do Dia das Nações Unidas em Moçambique reforçaram a mensagem de que a cooperação multilateral continua a ser o caminho mais eficaz para enfrentar os desafios globais.Em suas notas finais, a Dra. Catherine Sozi sublinhou que o Sistema das Nações Unidas em Moçambique continuará a trabalhar com o Governo e o Povo moçambicano para promover paz, direitos humanos, igualdade e desenvolvimento sustentável.“Hoje, celebramos o passado, mas, acima de tudo, renovamos o nosso compromisso com o futuro – um futuro em que ninguém seja deixado para trás”, afirmou a Dra. Catherine Sozi, Chefe da ONU em Moçambique.
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História
01 outubro 2025
Comunidades de Corrane se beneficiam de novas instalações sociais e de saúde
CORRANE, Moçambique - A Organização Internacional para as Migrações (OIM) entregou hoje um novo centro de saúde, casas sustentáveis e instalações de água e saneamento às autoridades governamentais em Corrane, Província de Nampula. Isso representa um marco significativo nos esforços colaborativos para apoiar as comunidades deslocadas e de acolhimento em Nampula. O centro comunitário, anteriormente construído e em funcionamento, continua a servir como um centro de serviços sociais.O novo centro de saúde, construído com métodos duráveis e resilientes, fornece cuidados primários à comunidade de Mucapassa, fortalecendo o acesso equitativo aos serviços de saúde para famílias que vivem em condições vulneráveis. 50 casas resilientes também foram concluídas, somando-se aos mais de 2.300 abrigos de emergência construídos anteriormente. As intervenções de água e saneamento incluem uma torre de água para a instalação, dois furos com design inclusivo e luz solar, além de latrinas ventiladas com unidades de banho para 450 famílias.“Enquanto o centro comunitário serve como plataforma de diálogo para abordar os desafios da comunidade de Corrane, o centro de saúde recém-inaugurado fornecerá cuidados de saúde primários a crianças, idosos, gestantes e jovens em idade reprodutiva”, afirmou Luísa Meque, Presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD). Meque recordou ainda que o centro de reassentamento de Corane foi criado em 2020 para acolher famílias oriundas de Cabo Delgado, em área de 1.500 hectares, dos quais 300 destinados à habitação e 1.200 à produção agrícola. “O Governo continuará a mobilizar recursos e meios para manter a assistência humanitária e reforçar o autossustento das famílias reassentadas”, garantiu.Nos últimos quatro anos, a OIM implementou uma resposta multissetorial em Corrane, apoiando a coordenação e gestão de acampamento, a saúde, a proteção, o abrigo, a água e o saneamento e a coleta de dados. Desde a melhoria da acessibilidade e da mobilidade em Corrane, a criação de um centro comunitário, o avanço das iniciativas de empoderamento das mulheres e a coleta contínua de dados e o treinamento da equipe local, a OIM continua a promover a mudança social e a apoiar as autoridades no planejamento e na resposta eficaz.“Esta transferência é um testemunho da força da colaboração e da liderança local”, disse a Dra. Laura Tomm-Bonde, Chefe de Missão da OIM em Moçambique.“Juntos, atendemos às necessidades urgentes e, ao mesmo tempo, lançamos as bases para a recuperação e resiliência a longo prazo”, continuou a Dra. Laura. Por sua vez, o Secretário de Estado da província de Nampula, Plácido Pereira, enalteceu o empenho da OIM e de outras agências das Nações Unidas na melhoria das condições de vida dos deslocados. “No início eram apenas tendas e lonas. Hoje temos casas, estradas, furos de água e um centro de saúde. Este progresso é fruto de uma cooperação sólida e deve beneficiar tanto deslocados como comunidades locais”, afirmou.“As instalações oficialmente entregues hoje fazem parte dos esforços de cooperação entre o Governo e os parceiros para melhorar as condições de vida tanto das populações deslocadas quanto das comunidades anfitriãs”, disse Plácido Nerino Pereira, Secretário de Estado da Província de Nampula. “Moçambique mostra que, com liderança e resiliência, é possível transformar o deslocamento e a vulnerabilidade em soluções dignas e duradouras”, disse a Dra. Catherine Sozi, Coordenadora Residente da ONU em Moçambique.“A ONU tem orgulho de apoiar o Governo nesta jornada rumo à resiliência e de garantir que todas as pessoas deslocadas internamente tenham o direito de viver com dignidade, esperança e segurança”, continuou a Dra. Catherine Sozi. As famílias reassentadas aproveitaram o momento para manifestar gratidão ao Governo e aos parceiros. “As casas, os furos de água, as latrinas e o centro comunitário mudaram as nossas vidas e ficarão para sempre gravados na memória da comunidade”, declararam em mensagem colectiva.Apesar do reconhecimento, os deslocados pediram mais apoios, sobretudo na área da saúde materna. “Precisamos de uma maternidade e de um furo de água para o centro de saúde em Mucupassa, para garantir melhores condições de higiene e segurança”, apelaram.Os deslocados encerraram a sua mensagem com um apelo à continuidade da solidariedade. “O que hoje temos é fruto da cooperação, mas ainda falta. Continuamos a acreditar que, com o apoio do Governo e da OIM, a nossa dignidade será plenamente restaurada”, concluíram os reassentados À medida que o Governo de Moçambique assume a liderança em Corrane, a OIM e os parceiros reafirmam o seu apoio ao fortalecimento dos serviços e à construção de um futuro mais seguro e resiliente para a comunidade.
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História
22 agosto 2025
“Erradicar a exploração e o abuso sexuais é um imperativo moral”
MAPUTO, Moçambique - O Senhor Christian Saunders, Subsecretário-Geral e Coordenador Especial para o Aprimoramento da Resposta das Nações Unidas à Exploração e ao Abuso Sexuais, concluiu hoje uma visita oficial a Moçambique, realizada entre 17 e 22 de agosto.A missão reforçou o compromisso conjunto do Governo de Moçambique e das Nações Unidas na proteção da dignidade, dos direitos humanos e da segurança de todas as pessoas, em particular das mais vulneráveis. “Estou aqui para ouvir as comunidades, para compreender os desafios e para garantir que a ONU continua a fazer tudo o que estiver ao seu alcance para prevenir e responder a qualquer forma de exploração e abuso sexuais”, afirmou o Subsecretário-Geral.Durante os seis dias de visita, o Senhor Saunders se reuniu com autoridades nacionais, representantes da sociedade civil, parceiros de cooperação, bem como com entidades humanitárias e de desenvolvimento das Nações Unidas. Em Maputo e em Cabo Delgado, manteve encontros com pessoas afetadas por conflito e eventos climáticos extremos. “As vozes das vítimas e sobreviventes devem estar no centro da nossa ação coletiva. Elas não podem ser esquecidas nem silenciadas”, sublinhou Christian Saunders. A visita destacou os esforços em curso para reforçar mecanismos de prevenção, de denúncia e de prestação de contas em Moçambique. Para a Dra. Catherine Sozi, Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária para Moçambique, a missão foi uma oportunidade de continuar o "engajamento com o governo, com as comunidades, com mulheres e homens, com pessoas com deficiência, com crianças, com jovens e idosos, para reforçar e passar a mensagem de que não há lugar para a exploração e abuso sexuais". "Há uma compreensão das pessoas de que não podemos fazer mal, uma compreensão de que o governo deve assumir a liderança, uma compreensão de que a legislação não deve apenas ser forte, mas também implementada, e que realmente não há espaço para exploração e abuso sexuais em nenhuma comunidade, nem aqui em Moçambique, nem em nenhum lugar do mundo" - afirmou a Dra. Sozi, Chefe da ONU em Moçambique. Entre as áreas priorizadas durante a missão estiveram o fortalecimento de canais seguros e confidenciais para denúncias, a formação de profissionais que atuam em contextos de emergência e o apoio às instituições nacionais na implementação de políticas de tolerância zero contra a exploração e o abuso sexuais. “O Governo e as Nações Unidas em Moçambique já deram passos importantes, mas precisamos garantir que as medidas de prevenção e resposta são consistentes, eficazes e sustentáveis”, afirmou o Subsecretário-Geral da ONU sobre os progressos alcançados até ao momento no país.Desde 2017, Cabo Delgado tem vivido uma complexa crise causada por conflito e eventos climáticos extremos que já deslocou mais de um milhão de pessoas. A proteção das comunidades e a garantia de respostas humanitárias seguras continuam a ser prioridades centrais do trabalho da ONU. “Erradicar a exploração e o abuso sexuais não é apenas uma obrigação institucional, é um imperativo moral. Todos temos a responsabilidade de proteger os mais vulneráveis”, concluiu o Senhor Saunders.
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História
23 setembro 2025
"ONU ajuda a garantir equilíbrio entre países grandes e pequenos"
NOVA IORQUE, EUA - Moçambique traz uma mensagem de renovação às Nações Unidas, neste momento em que a organização completa 80 anos. Já o país africano celebra o 50º aniversário desde sua independência de Portugal.O país está sendo representado no Debate Geral das Nações Unidas pelo seu novo presidente, Daniel Chapo. Nesta primeira entrevista à ONU News, desde que assumiu o posto, ele disse que a ONU segue sendo indispensável para um mundo mais próspero e justo para todos. Semente para a juventude“E não tem como desenvolver sem ter paz e segurança e não estar dentro deste grande órgão que toma grandes decisões sobre estes aspectos a nível do mundo. Portanto, esta é a grande mensagem que queria deixar para a juventude. Pensarmos numa ONU no futuro. O engenheiro António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, já lançou uma semente. Cabe a nós regá-la, acarinhá-la para crescer e termos, portanto, uma ONU do futuro”.Chapo chega à ONU, após uma onda de violência em seu próprio país depois das eleições presidenciais. Houve protestos de rua e até mortes. O novo chefe de Estado também herdou uma situação de conflito na província de Cabo Delgado, uma área rica em recursos naturais, no norte de Moçambique, que está sendo alvo de extremistas islâmicos e grupos armados não-estatais desde 2017. Terrorismo em Cabo Delgado“Realmente em Cabo Delgado, norte da província de Cabo Delgado, principalmente, temos descoberta de recursos naturais, principalmente o gás. Temos três empresas, mas quatro projetos. Com a Eni que é italiana, tempos dois projetos Coral Sul e Coral Norte. Os dois estão orçados em cerca de US$ 14 bilhões. Tempos um projeto com a Total que é francesa, cerca de US$ 15 bilhões. E um outro projeto liderado pela americana Exxon de cerca de US$ 20 bilhões. Portanto os três projetos fazem cerca de US$ 150 bilhões, mas infelizmente, desde 2017 que estamos a ter ataques terroristas”.O presidente disse que o apoio de forças africanas regionais com alguns países têm ajudado a controlar a situação, mas “ataques esporádicos” ainda ocorrem. Numa outra frente política, ele lançou um diálogo nacional para promover reconciliação e mais entendimentos em todos os estratos da sociedade moçambicana. Desastres naturaisEm 2019, Moçambique foi atingido por dois ciclones em um mês: Idai e Kenneth. A partir daí, o país tem sofrido com desastres naturais, que assolam regiões inteiras deixando milhares de desabrigados. Este é um tema que o presidente está levando a cabo com o governo para que a esfera de alertas precoces se alastre por todo o território nacional.Ao falar da mensagem que deve levar para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, COP30, Daniel Chapo, defendeu que os países que poluem mais precisam contribuir mais para a ação climática. E para ele, a ONU é o fórum ideal para esse diálogo. Justiça global“Quando realmente não há este fórum de comunicação multilateral e passamos para apenas comunicações bilaterais, o que acontece é que depois há aquele jogo dos mais fortes e os mais fracos. Em função disso, há realmente reuniões em que se tomam grandes decisões, mas depois não se cumprem. Mas quando organizações multilaterais desta dimensão, achamos que é muito importante depois dar seguimento e passarmos não só da palavra para a ação. O financiamento climático está a acontecer. Nós, há duas semanas, com Moçambique aprovamos uma estratégia de financiamento climático, a nível do Conselho de Ministros, mas temos que sair da palavra para ação e sobretudo fazermos a justiça global nesse aspecto associado com a mudança climática e as suas consequências”.Um dos temas da 80ª. Sessão da Assembleia Geral este ano é o Primeiro Diálogo Global sobre Governança da Inteligência Artificial. Para o secretário-geral da ONU, é preciso assegurar que os seres humanos estejam no centro das políticas sobre inteligência artificial para que a nova tecnologia seja usada para o bem. Redes sociaisChapo que investe nas redes sociais como uma das vertentes de comunicação e informação do seu próprio governo diz que é preciso ser consequente com o trato da informação tanto para quem divulga como para quem recebe.“Como se sabe, as redes sociais, elas trazem tudo incluindo os famosos fake news, mas também a questão relacionada com manipulações em termos de informação e conteúdo. E com a inteligência artificial, a situação piorou de vez, em todo o planeta Terra. Daí que acho que é extremamente importante a manutenção de órgãos tradicionais como este caso da ONU News. Quando nós estamos em órgãos como esse, as pessoas sabem muito que bem que esta notícia, esta informação, esta entrevista é real e é verdadeira”.Daniel Chapo chega ao poder como um dos estadistas mais jovens do continente africano e representando uma faixa eleitoral que exige mudanças. Para ele, esse também deve ser o rumo a tomar quando se trata da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp. CplpO bloco, que faz 30 anos em 2026, deve ser mais comercial para gerar riqueza e influência política para seus cidadãos. E isso passa por mobilidade para que qualquer lusófono possa trabalhar e viver livremente dentro desse espaço geográfico, que inclui os quatro cantos do globo.Daniel Chapo foi claro: a Cplp tem que investir mais em negócios ao mesmo tempo que faz concertação diplomática e promove a língua em comum.Moçambique é o terceiro país de língua portuguesa a discursar na ONU no primeiro dia do Debate Geral. O presidente Daniel Chapo será seguido pelos chefes de Estado e Governo de Angola, Guiné-Bissau, Timor-Leste e São Tomé e Príncipe.
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História
03 dezembro 2025
Quebrando Barreiras: Saúde e Proteção para Pessoas com Deficiência
MAPUTO, Moçambique - O acesso a serviços de saúde sexual e reprodutiva (SSR) e violência baseada no género (VBG) é um direito humano fundamental, mas em Moçambique, as pessoas com deficiência enfrentam desafios significativos e complexos relacionados com esse acesso. Estas barreiras são multifacetadas, variando desde a inacessibilidade física até preconceitos sociais profundamente enraizados. O problema: uma teia de obstáculosO acesso limitado aos serviços deve-se a várias barreiras críticas:Distância física e transporte: Longas distâncias até clínicas e centros de serviços, juntamente com uma grave falta de transporte acessível e económico;Má qualidade e acessibilidade dos serviços: muitas instalações existentes são fisicamente inacessíveis (sem rampas, corrimãos ou dispositivos auxiliares). Além disso, há falta de pessoal que saiba usar linguagem gestual ou fornecer materiais em braille ou linguagem de fácil leitura; eDiscriminação e falta de conhecimento: os prestadores de serviços muitas vezes não têm consciência dos desafios associados às deficiências e nutrem atitudes e crenças discriminatórias, o que prejudica gravemente a qualidade dos cuidados. A intersecção da vulnerabilidade: mulheres e raparigas com deficiênciaMulheres e raparigas com deficiência enfrentam desafios únicos devido à intersecção entre o seu género e a sua deficiência. Isso muitas vezes significa que lhes é negado o direito de tomar decisões sobre a sua própria saúde sexual e reprodutiva.Esta maior vulnerabilidade resulta em riscos mais elevados de:Violência sexual e baseada no género;Gravidezes indesejadas;Abortos inseguros; eInfecções sexualmente transmissíveis.O isolamento social e familiar aumenta ainda mais o risco. Muitas vezes, essas pessoas ficam escondidas em casa e não têm apoio da comunidade. Embora a subnotificação de violência de género seja comum em Moçambique, as barreiras à mobilidade, comunicação e o isolamento severo agravam a situação das pessoas com deficiência, que também podem sentir vergonha ou culpa, especialmente quando o agressor é um membro da família ou cuidador. A solução: ferramentas inclusivas e procedimentos padronizadosPara resolver esta lacuna crítica e tornar os serviços mais inclusivos, o UNFPA estabeleceu uma parceria com a organização da sociedade civil AIFO – Associazione Italiana Amici di Raoul Follereau, em 2024. Esta colaboração teve como objetivo equipar os prestadores de serviços com conhecimentos e ferramentas práticas e detalhadas. O Que Foi Desenvolvido?O projeto resultou de um rigoroso processo de consulta com pessoas com deficiência, cuidadores, prestadores de serviços e setores governamentais. Os principais recursos incluem:Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) e Manual Operacional: orientações detalhadas e práticas para todas as fases da prestação de serviços — desde o atendimento e tratamento até o encaminhamento e acompanhamento.Álbum Seriado: uma ferramenta vital para comunicação alternativa e aumentativa. Este álbum facilita a interação entre prestadores e pessoas com dificuldades de comunicação, incluindo pessoas surdas, com deficiências auditivas ou intelectuais, ou indivíduos que temporariamente apresentam dificuldade para falar (por exemplo, devido a trauma). Fase Piloto e Próximos PassosApós aprovação do governo, os POPs foram testados durante quatro meses em três províncias — Maputo (sul), Manica (centro) e Cabo Delgado (norte) — tanto em unidades de saúde como em centros de atendimento único para vítimas de violência baseado no género. Principais atividades durante o projeto-piloto:Os prestadores de serviços receberam formação intensiva sobre a utilização dos POPs, do Manual e do Álbum Seriado.Representantes de Organizações de Pessoas com Deficiência (OPDs) foram contratados para criar ativamente procura pelos serviços e monitorizar o progresso da implementação.É evidente nesta fase que o impacto é positivo e significativo, com benefícios diretos para a qualidade de vida da população e para o fortalecimento de um sistema mais justo e inclusivo. Com este programa, a qualidade da prestação de serviços melhorou, conquistando a confiança da população — especialmente das pessoas com deficiência — que agora tem muito mais facilidade para acessar os serviços devido à remoção das barreiras.Como explicou Eunice Lacastre, psicóloga clínica do Centro de Cuidados Integrados de Chimoio, “as principais conquistas que observámos com a implementação deste projeto incluem a capacidade dos profissionais de desenvolver uma abordagem inclusiva, aprendendo a lidar com cada tipo de deficiência, e a implementação de materiais de comunicação inclusivos". "Antes do início do projeto, não recebíamos pessoas com deficiência nos nossos serviços porque elas tinham medo de vir devido às barreiras existentes. Agora, temos visto um aumento na procura por serviços por parte de pessoas com deficiência", afirmou a psicóloga Eunice. Financiamento e apoioEsta iniciativa crucial resulta de programas conjuntos da ONU em Moçambique, com apoio financeiro do Fundo Global para a Deficiência (GDF)*. O desenvolvimento do Álbum Seriado, que mudou vidas, foi apoiado pelo Programa Global da UNFPA-UNICEF para Acabar com o Casamento Infantil (GPECM).*O programa GDF Parceria para a Realização dos Direitos das Pessoas com Deficiência em Moçambique, implementado conjuntamente pela UNICEF, UNFPA e OHCHR, financiou a fase de desenvolvimento dos POPs e do Manual Operacional, enquanto o programa regional GDF Cuidados Não Remunerados, Deficiência e Abordagem Transformadora de Género, implementado conjuntamente em Moçambique pelo PNUD, UNFPA e ONU Mulheres, financiou a fase piloto.
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História
30 novembro 2025
Caminhos para Resistir à Seca em Moçambique
MAPUTO, Moçambique - Alguns desastres chegam de repente - ciclones, cheias e terremotos mudam vidas em minutos. Mas a seca é um tipo diferente de crise: lenta e persistente. Para quem é afetado, cada dia traz novos desafios, enquanto os meios de subsistência, a saúde e a esperança se desgastam, deixando as famílias com poucas opções para reagir.“Nas duas últimas safras, não consegui colher nada”, compartilha Leria Maria, agricultora de 36 anos de Chemba, Província de Sofala, centro de Moçambique.Para Serenia Sezi, mãe de 10 filhos em Caia, a luta foi igualmente dura. “Durante a seca, ficamos sem nada. Comíamos o que conseguíamos encontrar”.Belinha Celestino, mãe de 39 anos de Caia, presenciou de perto o impacto do El Niño em sua comunidade. “No auge da seca, vi crianças desmaiarem de fome na escola dos meus filhos, estavam fracas”, relembra.“Alguns pais não tiveram escolha a não ser tirar os filhos da escola para ajudar a buscar comida no mato ou trabalhar para em troca de algum dinheiro ou comida”, continua Belinha.Essas mulheres vivem em comunidades rurais remotas, longe de serviços essenciais. A dura realidade da seca foi sentida em seus corpos e lares. Muitas vezes, a única forma de fazer a farinha de milho durar era deixar de comer para que as crianças pudessem se alimentar.“Sacrifiquei minhas refeições por muitos dias para que meus filhos tivessem pelo menos uma tigela de papa de milho por dia”, conta Serenia. O último fenômeno El Niño foi um dos mais intensos já registrados, devastando o centro e o sul de Moçambique.A seca nas Províncias de Tete, Manica, Sofala, Inhambane e Gaza afetou 1,8 milhão de pessoas que já viviam em situação de insegurança alimentar. As lavouras foram destruídas, os preços dos alimentos dispararam e a escassez regional de milho elevou os custos de importação.
Em 2025, o País passou a enfrentar também os efeitos da La Niña, dificultando ainda mais o plantio e a recuperação das comunidades.“A seca teve um impacto severo na saúde da comunidade. As internações hospitalares triplicaram durante a crise. Antes, tínhamos 15 pacientes internados com desnutrição; esse número subiu para uma média de 45 no pico da seca”, explica o Dr. Justino Americo Antonio, Diretor do Serviço Distrital de Saúde de Caia.“Casos ambulatoriais e mortes relacionadas à desnutrição também aumentaram. O sistema de saúde do distrito não tinha capacidade de atender a todos”, continua o Dr. Justino.Mas para Serenia, Leria, Belinha e tantas outras, a esperança voltou quando a assistência alimentar de emergência do Programa Mundial para a Alimentação (PMA/WFP) começou no final de 2024 em apoio à resposta de emergência do Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD), do Governo de Moçambique.“A vida só mudou quando essa comida começou a chegar. Pudemos respirar aliviados, alimentar nossos filhos e eu mesma pude comer o suficiente”, lembra Serenia.Durante seis meses, sua família recebeu uma cesta básica, e seus filhos agora estão mais saudáveis e de volta à escola. Famílias como a dela também participam de aulas de nutrição e culinária. “Aprendi a combinar alimentos como abóbora e folhas de moringa para tornar a papa do meu bebê mais nutritiva. Agora entendo os benefícios que cada ingrediente traz para o corpo. Sou grata pelo projeto. Aprendemos novas receitas para as crianças, como combinar os alimentos e o papel que cada um desempenha no organismo”, diz Serenia.Graças a doadores como a Direção-Geral da Ajuda Humanitária e da Proteção Civil (ECHO) da União Europeia, e os governos de Áustria, Canadá, França, Alemanha, Suécia e EUA, o PMA pode entregar um pacote combinado de assistência alimentar a mais de 250 mil pessoas, apoio nutricional a 106 mil pessoas e lanche escolar a 8.800 estudantes nas comunidades mais afetadas pela seca no centro e sul de Moçambique.“Secas são crises lentas e devastadoras. Seus impactos perduram por muito tempo”, afirma Maurício Burtet, Diretor Nacional Adjunto do PMA em Moçambique.“Por isso, com o apoio dos doadores, o PMA busca sempre uma abordagem integrada: rápida no auge da crise, por meio da assistência alimentar de emergência, e consistente para garantir que as comunidades tenham conhecimento e meios para a sua recuperação”, diz Maurício Burtet. Essa resposta combinada fez diferença rapidamente.“A fome foi reduzida logo com a assistência alimentar. As intervenções nutricionais trouxeram mudanças positivas. As internações e mortes por desnutrição diminuíram”, afirma o Dr. Justino.“Nossas comunidades estão aprendendo boas práticas alimentares e preparando refeições mais saudáveis com produtos locais. O número de pacientes hospitalizados caiu para uma média de cinco agora”, continua o Diretor do Serviço Distrital de Saúde de Caia. Da emergência à resiliênciaA assistência alimentar de emergência foi um salva-vidas para as famílias nos meses mais difíceis da seca até meados deste ano, ajudando-as a sobreviver ao auge da crise. Com a estabilização das condições, o PMA e seus parceiros continuaram apoiando as comunidades com intervenções integradas, incluindo serviços de nutrição e programas de alimentação escolar até o final de 2025.Com os piores impactos da seca superados, Moçambique entrou em uma fase de recuperação e transição.As intervenções nutricionais alcançam comunidades afetadas por meio de unidades móveis de saúde que chegam às áreas mais remotas onde não existem clínicas e hospitais, educação nutricional, aulas de culinária e tratamento para crianças menores de cinco anos, gestantes e mulheres que amamentam com desnutrição moderada. O programa de alimentação escolar de emergência do PMA apoia crianças em escolas primárias com cestas básicas para levar para casa onde as escolas não têm estrutura para cozinhar ou refeições quentes durante 12 meses nas áreas mais atingidas pela seca.“Vejo que as comunidades estão mais informadas e suas dietas melhoraram”, observa o Dr. Justino.“Sou muito grata pela comida que recebemos; as aulas de nutrição me dão esperança e meus filhos vão à escola animados”, diz Belinha.“Aprendemos a cozinhar com os alimentos que conseguimos cultivar aqui. Sinto que minha família está mais preparada e nossa saúde melhorou”.Serenia partilha desse sentimento: “Minha família está mais forte. Meus filhos quase não adoecem mais, eu fico em paz. Tenho vontade de continuar a aprender novas receitas e a cuidar melhor deles”.Além do alívio imediato e da recuperação, o PMA trabalha com o Governo de Moçambique para construir sistemas alimentares inteligentes, promover a agricultura sustentável e fortalecer a preparação e resiliência das comunidades vulneráveis à seca, aos ciclones e às cheias.
Em 2025, o País passou a enfrentar também os efeitos da La Niña, dificultando ainda mais o plantio e a recuperação das comunidades.“A seca teve um impacto severo na saúde da comunidade. As internações hospitalares triplicaram durante a crise. Antes, tínhamos 15 pacientes internados com desnutrição; esse número subiu para uma média de 45 no pico da seca”, explica o Dr. Justino Americo Antonio, Diretor do Serviço Distrital de Saúde de Caia.“Casos ambulatoriais e mortes relacionadas à desnutrição também aumentaram. O sistema de saúde do distrito não tinha capacidade de atender a todos”, continua o Dr. Justino.Mas para Serenia, Leria, Belinha e tantas outras, a esperança voltou quando a assistência alimentar de emergência do Programa Mundial para a Alimentação (PMA/WFP) começou no final de 2024 em apoio à resposta de emergência do Instituto Nacional de Gestão do Risco de Desastres (INGD), do Governo de Moçambique.“A vida só mudou quando essa comida começou a chegar. Pudemos respirar aliviados, alimentar nossos filhos e eu mesma pude comer o suficiente”, lembra Serenia.Durante seis meses, sua família recebeu uma cesta básica, e seus filhos agora estão mais saudáveis e de volta à escola. Famílias como a dela também participam de aulas de nutrição e culinária. “Aprendi a combinar alimentos como abóbora e folhas de moringa para tornar a papa do meu bebê mais nutritiva. Agora entendo os benefícios que cada ingrediente traz para o corpo. Sou grata pelo projeto. Aprendemos novas receitas para as crianças, como combinar os alimentos e o papel que cada um desempenha no organismo”, diz Serenia.Graças a doadores como a Direção-Geral da Ajuda Humanitária e da Proteção Civil (ECHO) da União Europeia, e os governos de Áustria, Canadá, França, Alemanha, Suécia e EUA, o PMA pode entregar um pacote combinado de assistência alimentar a mais de 250 mil pessoas, apoio nutricional a 106 mil pessoas e lanche escolar a 8.800 estudantes nas comunidades mais afetadas pela seca no centro e sul de Moçambique.“Secas são crises lentas e devastadoras. Seus impactos perduram por muito tempo”, afirma Maurício Burtet, Diretor Nacional Adjunto do PMA em Moçambique.“Por isso, com o apoio dos doadores, o PMA busca sempre uma abordagem integrada: rápida no auge da crise, por meio da assistência alimentar de emergência, e consistente para garantir que as comunidades tenham conhecimento e meios para a sua recuperação”, diz Maurício Burtet. Essa resposta combinada fez diferença rapidamente.“A fome foi reduzida logo com a assistência alimentar. As intervenções nutricionais trouxeram mudanças positivas. As internações e mortes por desnutrição diminuíram”, afirma o Dr. Justino.“Nossas comunidades estão aprendendo boas práticas alimentares e preparando refeições mais saudáveis com produtos locais. O número de pacientes hospitalizados caiu para uma média de cinco agora”, continua o Diretor do Serviço Distrital de Saúde de Caia. Da emergência à resiliênciaA assistência alimentar de emergência foi um salva-vidas para as famílias nos meses mais difíceis da seca até meados deste ano, ajudando-as a sobreviver ao auge da crise. Com a estabilização das condições, o PMA e seus parceiros continuaram apoiando as comunidades com intervenções integradas, incluindo serviços de nutrição e programas de alimentação escolar até o final de 2025.Com os piores impactos da seca superados, Moçambique entrou em uma fase de recuperação e transição.As intervenções nutricionais alcançam comunidades afetadas por meio de unidades móveis de saúde que chegam às áreas mais remotas onde não existem clínicas e hospitais, educação nutricional, aulas de culinária e tratamento para crianças menores de cinco anos, gestantes e mulheres que amamentam com desnutrição moderada. O programa de alimentação escolar de emergência do PMA apoia crianças em escolas primárias com cestas básicas para levar para casa onde as escolas não têm estrutura para cozinhar ou refeições quentes durante 12 meses nas áreas mais atingidas pela seca.“Vejo que as comunidades estão mais informadas e suas dietas melhoraram”, observa o Dr. Justino.“Sou muito grata pela comida que recebemos; as aulas de nutrição me dão esperança e meus filhos vão à escola animados”, diz Belinha.“Aprendemos a cozinhar com os alimentos que conseguimos cultivar aqui. Sinto que minha família está mais preparada e nossa saúde melhorou”.Serenia partilha desse sentimento: “Minha família está mais forte. Meus filhos quase não adoecem mais, eu fico em paz. Tenho vontade de continuar a aprender novas receitas e a cuidar melhor deles”.Além do alívio imediato e da recuperação, o PMA trabalha com o Governo de Moçambique para construir sistemas alimentares inteligentes, promover a agricultura sustentável e fortalecer a preparação e resiliência das comunidades vulneráveis à seca, aos ciclones e às cheias.
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História
30 outubro 2025
Hackathon: Jovens Combatem o Tráfico Humano Usando Tecnologia
MAPUTO, Moçambique – Trinta jovens programadores, de seis universidades diferentes de Moçambique – alguns já com experiência em hackathons, outros a participar pela primeira vez – ligaram os seus computadores prontos para enfrentar um dos crimes organizados mais complexos: o tráfico de pessoas.“Com as vossas linhas de código, podeis criar soluções com impacto na vida de milhares de moçambicanos”, afirmou o professor José Nhavoto, da Universidade Eduardo Mondlane (UEM), na abertura do primeiro hackathon contra o tráfico humano em Moçambique.A iniciativa foi organizada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) em parceria com a UEM, a Knowledge Foundation e a Procuradoria-Geral da República de Moçambique durante os dias 29 e 30 de outubro em Maputo.Antes de iniciarem a competição de 48 horas de programação, os 30 participantes passaram cinco dias num bootcamp intensivo centrado no tráfico de pessoas. A formação incidiu não só sobre o tráfico de pessoas, mas também sobre outras competências-chave de aprendizagem, como a aplicação de tecnologia no combate a este crime, o design thinking e a inovação Entre os formadores estiveram representantes da Procuradoria-Geral da República, professores da UEM, especialistas do UNODC, peritos Knowledge Foundation e membros da equipa “Lovelace”, vencedora do hackathon global co-organizado pelo UNODC em 2024 (Coding4Integrity).“Os participantes fizeram muitas perguntas pertinentes: ‘quais mecanismos existem nas fronteiras para detectar casos de tráfico? Como as investigações funcionam na prática? Como elas podem ser aprimoradas? Como funciona a cooperação com outros países?’”, recordou a Sra. Inilsa Esteves, Magistrada do Ministério Público e formadora do bootcamp. “Foi ótimo trabalhar com um público tão jovem e curioso”, afirmou a Magistrada Inilsa Esteves.Para muitos, o bootcamp marcou uma mudança de perspectiva. “Este bootcamp teve um impacto enorme em mim, tanto pessoal como profissional”, disse Dalton Chivambo, estudante de Engenharia Informática.“Antes do bootcamp, tinha apenas uma ideia vaga do que era o tráfico de pessoas; agora percebo a gravidade e a complexidade deste fenômeno. Esta formação me motivou a aprender mais e a contribuir para iniciativas como esta”, comentou Dalton.Já para Clementina Elihud, o que mais lhe inspirou foi a oportunidade de interagir com os formadores do hackathon. “Profissionalmente, os formadores inspiraram-me, sobretudo a Amanda e a Kea – mulheres na tecnologia que nos mostram o que podemos atingir enquanto mulheres neste setor”. 48 horas para fazer a diferençaOs participantes puderam escolher entre dois desafios: o recrutamento de vítimas em plataformas digitais ou a reintegração social das vítimas após o seu resgate.Enquanto todas as outras equipas optaram pelo primeiro desafio, a equipa Libertech, composta por Domingos Alfredo, Esperança Munlela e Isa Neide Sitoe, escolheu o segundo desafio.“No início do bootcamp, queríamos nos focar na prevenção”, contou Domingos. “Mas depois percebemos que também precisamos de pensar no que acontece depois do tráfico. Em Moçambique, este tema quase não é falado”.Assim nasceu a WIRA, uma plataforma de formação, cujo nome na língua local emakhuwa significa “reerguer, revitalizar, reedificar”. “A WIRA devolve às vítimas o que o tráfico lhes roubou: a capacidade de escolher o seu próprio futuro”, explica Esperança, um dos membros da equipa. Reconhecendo os desafios de conectividade do país, a Libertech integrou também tecnologia USSD e SMS no desenvolvimento da plataforma, a fim de torná-la acessível até para utilizadores de telemóveis sem acesso à internet.“Candidatamo-nos ao hackathon para aprendermos, para nos divertirmos e pela experiência”, explica Esperança.A experiência se transformou em vitória. A equipa Libertech conquistou o primeiro lugar do hackathon, recebendo computadores portáteis e uma oportunidade de colaboração com a rede internacional de programadores da Knowledge Foundation. Além da Libertech, várias equipas criaram soluções criativas e acessíveis, adaptadas à realidade moçambicana – desde chatbots e sistemas USSD até ferramentas de verificação de ofertas de emprego e canais anónimos de denúncia.Outras soluções apostaram em sistemas de análise de dados, visando apoiar autoridades na detecção de padrões e riscos. Parceiros no combate ao tráfico de pessoasO painel do júri das oito soluções apresentadas reuniu representantes do Ministério das Comunicações e Transformação Digital, da Procuradoria-Geral da República, da BCX, uma empresa de tecnologia de informação focada na transformação digital, e da WansaTi Lab, a Associação Moçambicana de Mulheres na Tecnologia.“Em apenas 48 horas, fizeram um trabalho notável”, disse Aristides Parruque, da BCX. “Muitos profissionais desta área teriam dificuldade em entregar produtos com esta qualidade em tão pouco tempo”.Ângela Massango, Magistrada do Ministério Público e Coordenadora do Grupo de Referência para a Proteção da Criança, Combate ao Tráfico e Migração Ilegal da Cidade de Maputo, sublinhou que, caso fossem adotadas, as soluções apresentadas poderiam fortalecer de forma significativa o trabalho do Ministério Público no combate ao tráfico de pessoas na Cidade de Maputo. Mais do que uma competição“Foi o meu primeiro hackathon; e aprendi imenso, não só sobre tecnologia, mas sobre o tráfico de pessoas” contou Miro Lino, um dos participantes. “O que eu achava que sabia sobre este tópico era completamente diferente da realidade. Até aprendi a integrar aplicações, e em apenas 48 horas”, continuou.“Adoro programar, e fazê-lo por uma causa como combater o tráfico de pessoas foi realmente especial”, disse Isaltina Pepete, uma outra participante. Para Daya Hayakawa, Coordenadora do UNODC para o Tráfico de Pessoas e Tráfico de Migrantes na África Austral, “colaborar com mentes brilhantes para encontrar soluções reais, trazendo a juventude para o centro do nosso trabalho é o que torna o trabalho das Nações Unidas no terreno tão inspirador”.“Ouvir as dúvidas e reflexões destes estudantes, tão diferentes das que encontro no meu dia a dia, ensinou-me tanto quanto espero ter-lhes ensinado”, acrescentou Daya Hayakawa.Para Moçambique, fica a promessa: uma geração de jovens programadores pronta a desenvolver soluções que protegem comunidades do tráfico de pessoas, uma linha de código de cada vez.O UNODC agradece ao Reino da Noruega e ao Governo de Moçambique pelo seu apoio no âmbito desta iniciativa.
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História
23 outubro 2025
80 Anos da ONU: Foco nos Jovens e na Inclusão
MAPUTO, Moçambique - As Nações Unidas e o Governo de Moçambique iniciaram as celebrações conjuntas do Dia da ONU com uma cerimônia especial na Escola Primária Completa Benfica Nova, em Maputo, neste 23 de outubro, marcando os 80 anos da organização e os 50 anos da parceria com Moçambique.O evento reuniu mais de 1.000 participantes entre crianças, professores, pais, autoridades locais e representantes das Nações Unidas, e teve como lema central “construindo nosso futuro juntos”. Educação inclusiva e o poder de não deixar ninguém para trásA celebração foi codirigida por Sua Excelência a Ministra da Educação e Cultura, Sra. Samaria Tovela, e pela Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Dra. Catherine Sozi.Ambas destacaram a importância de colocar as crianças e os jovens no centro das políticas públicas e dos programas de desenvolvimento.“Desde a sua fundação, em 1945, a ONU tem sido um farol de esperança para milhões de pessoas, e uma parceira essencial na promoção da educação de qualidade em Moçambique”, afirmou a Ministra Samaria Tovela. Segundo a governante, o país está comprometido em construir um sistema educativo mais inclusivo, que permita a todas as crianças e a todos os jovens aprender e crescer com dignidade.“Mesmo diante de desafios, mantemos firme o nosso compromisso de garantir uma educação de qualidade que transforma vidas e constrói o futuro de Moçambique”, frisou a Ministra da Educação e Cultura.“Os jovens e as crianças são quem efetivamente levarão adiante o desenvolvimento das nossas nações. Precisamos de um pacto que coloque a juventude no centro das políticas públicas, garantindo que ninguém fique para trás”, continuou a Ministra Samaria Tovela. Aprender pela experiência: futebol para cegos e oficinas sobre os ODSA manhã começou com uma demonstração de futebol para cegos, parte do programa de inclusão da escola, que integra alunos com deficiência visual nas atividades desportivas.Durante a atividade, tanto a Ministra como a Dra. Catherine Sozi colocaram viseiras escuras e jogaram com bolas equipadas com guizos, experimentando em primeira pessoa a dificuldade e a coragem que acompanham as crianças com deficiência no dia a dia. “Foi uma experiência transformadora”, disse a Dra. Sozi. “Jogando com os olhos vendados, percebemos como a inclusão exige empatia, adaptação e solidariedade”.“Cada criança deve ter a oportunidade de participar, aprender e sonhar, independentemente das suas limitações físicas ou circunstâncias de vida”, afirmou a Chefe da ONU em Moçambique, Dra. Catherine Sozi. Após o jogo, os estudantes se dividiram em grupos temáticos sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), guiados por professores e representantes das diferentes entidades da ONU no País. As crianças e os jovens tiveram a oportunidade de discutir temas como educação, igualdade de gênero, saúde, migração, meio ambiente e paz, aprendendo de forma lúdica como os ODS moldam o futuro de Moçambique e do planeta.No final, cada grupo apresentou as suas conclusões e desejos para o futuro, desde “um mundo melhor para todas e todos, sem casamento prematuro” até “água potável em todas as escolas”. Um olhar para o futuro: 50 anos de parceria entre ONU e MoçambiqueEm sua intervenção, a Coordenadora Residente da ONU, Dra. Catherine Sozi, destacou que Moçambique é um exemplo de compromisso com o multilateralismo, a paz e os direitos humanos. A Chefe da ONU lembrou que o país tem contribuído ativamente para o Sistema das Nações Unidas, desde a luta anti-apartheid até o atual papel no Conselho de Segurança da oganização.“Moçambique nasceu acreditando no poder da autodeterminação, e a ONU nasceu acreditando no poder da cooperação”, afirmou a Dra. Sozi.“Os progressos são visíveis: mais crianças vão à escola, há maior igualdade de gênero e avanços na resposta às mudanças climáticas. Contudo, ainda há muito a ser feito”, continuou a Chefe da ONU em Moçambique.Para a Dra. Catherine Sozi, “a ONU continua ao lado do Governo e do povo moçambicano para garantir que cada pessoa tenha oportunidades reais de viver em paz e de alcançar o seu pleno potencial”.A celebração terminou com o corte simbólico do bolo comemorativo dos 80 anos da ONU e 50 anos da parceria com Moçambique, seguido de uma apresentação especial da cantora Neyma, Embaixadora da Boa Vontade do UNICEF. “Hoje, vimos a esperança nas vozes das nossas crianças. Elas são a razão pela qual existimos e trabalhamos todos os dias”, ressaltou a Dra. Sozi. “Como Coordenadora da ONU em Moçambique, prometo que vos ouviremos e faremos o nosso melhor para honrar essa esperança hoje, neste dia de festa, e em todos os dias”, concluiu.
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História
14 outubro 2025
Do risco para a resiliência: Proteção das infraestruturas críticas de Moçambique
MAPUTO, Moçambique - As infraestruturas são a espinha dorsal de todas as sociedades. Quando a electricidade, a água, os transportes ou as comunicações são interrompidos, milhões de pessoas podem ser afectadas em poucos minutos. Em Moçambique, onde as comunidades do Norte do País continuam a enfrentar ataques de grupos armados não-estatais, que deslocaram mais de um milhão de pessoas e causaram mais de 6.200 mortes desde 2017, a proteção das infraestruturas críticas não é apenas uma questão de eficiência. É uma questão de segurança e sobrevivência.Desde 2024, o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) tem apoiado Moçambique, com o apoio dos governos do Japão e da Noruega, no reforço da resiliência das infraestruturas críticas contra o fenômeno do terrorismo. Seis ciclos de formação, totalizando mais de 150 horas, envolveram 199 funcionários de agências de segurança, justiça e técnicas de todo o país, dotando-os de ferramentas práticas para prevenir e responder a ameaças que visam serviços essenciais."Hoje em dia, infraestruturas como redes de energia, comunicações e transportes estão cada vez mais expostas a ataques", explica uma formanda da Polícia da República de Moçambique (PRM). "Esta formação foi uma oportunidade importante para a PRM reforçar a sua capacidade de proteger esses sistemas essenciais e responder de forma rápida e eficaz a ameaças que ultrapassam fronteiras", continuou.O programa abrangeu várias instituições, reunindo instituições responsáveis pela aplicação da lei e de justiça criminal, nomeadamente a PRM, a Procuradoria-Geral da República, o Serviço Nacional de Migração, o Serviço Nacional de Investigação Criminal e o Serviço de Informação e Segurança do Estado, bem como agências especializadas, incluindo a Agência Nacional de Energia Atómica (ANEA) e o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD).Como destaca o Diretor-Geral da ANEA, Moniz Ernesto Zuca, esta dimensão técnica é essencial, "o nosso mandato de proteger as pessoas, os bens e o ambiente contra riscos nucleares e radiológicos requer mais do que normas e supervisão: requer também resiliência prática e capacidades de segurança". "Ao dotar os nossos técnicos de competências em áreas como a identificação e designação de infraestruturas críticas, avaliação de riscos, sistemas de controlo de acessos e detecção de intrusões, cibersegurança, proteção de dados e comunicação de crises, estes cursos de formação oferecem ferramentas concretas para reforçar a proteção das infraestruturas críticas sob a nossa jurisdição", explica Zuca.As formações combinaram módulos operacionais e técnicos com exercícios práticos. Os participantes aumentaram a sua capacidade de avaliar ameaças terroristas, identificar indicadores de radicalização violenta e aplicar procedimentos de avaliação de riscos e resposta a emergências. As sessões reforçaram, também, a coordenação entre agências através de exercícios práticos sobre controlo de acessos, prevenção de incêndios e explosões, protecção de dados e comunicação em situações de crise.Para muitos participantes, a formação foi marcante. "[Este curso] impactou muito na minha visão e análise sobre as ameaças crescentes e as vulnerabilidades do nosso país e os desafios inerentes a segurança e protecção das infraestructuras críticas", afirma Mário Tamela, coordenador da Unidade Nacional de Proteção Civil do INGD."Proteger infraestruturas críticas significa proteger pessoas. Através desta formação, as autoridades moçambicanas envolvidas reforçaram a sua capacidade de implementar procedimentos-padrão para prevenir, detectar e responder a ameaças terroristas que visam infraestruturas críticas, incluindo portos, redes energéticas, sistemas de água e ligações de transporte", explica a Coordenadora de Projetos de assistência técnica no âmbito do contraterrorismo do UNODC em Moçambique. "Através desta abordagem prática e multiagências, baseada em normas internacionais e adaptada à realidade de Moçambique, pretendemos reforçar a resiliência nacional contra a ameaça do terrorismo", frisa a Coordenadora de Projetos do UNODC.A Guarda Nacional Republicana de Portugal tem participado enquando organização formadora das sessões, partilhando a sua experiência e abordagens. "Estamos muito satisfeitos por partilhar a experiência de Portugal na protecção de infraestruturas críticas com as instituições moçambicanas"."Ao longo destas seis formações, tivemos oportunidade de testemunhar um elevado nível de compromisso e de empenho por parte dos participantes, refletido no interesse, na qualidade das discussões e na vontade de aplicar os conhecimentos adquiridos", afirma o Coronel José Tavares Duarte, oficial de ligação da Embaixada de Portugal em Moçambique.
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Comunicado de Imprensa
03 dezembro 2025
Mensagem do Secretário-Geral por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
NOVA IORQUE, EUA - As pessoas com deficiência estão a transformar as sociedades — liderando a inovação, influenciando as políticas públicas e mobilizando-se pela justiça. No entanto, com demasiada frequência, é-lhes negado um lugar à mesa das decisões.A Declaração Política de Doha, adoptada na Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Social do mês passado, reafirma uma verdade crucial: não pode haver desenvolvimento sustentável sem a inclusão das pessoas com deficiência.As pessoas com deficiência impulsionam o progresso que beneficia todos. A sua liderança melhorou a preparação para catástrofes, expandiu a educação e o emprego inclusivos e garantiu que as respostas humanitárias chegam aos mais vulneráveis.Muitas inovações que moldam o nosso quotidiano — desde as mensagens de texto às tecnologias ativadas por voz — começaram por ser soluções desenvolvidas por e para pessoas com deficiência.Contudo, as barreiras sistémicas persistem: a discriminação, a pobreza e a inacessibilidade dos serviços continuam a limitar a participação de mais de mil milhões de pessoas com deficiência em todo o mundo.Neste Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, comprometamo-nos a trabalhar lado a lado com as pessoas com deficiência em toda a sua diversidade, como parceiros iguais.Quando a inclusão é real, todos beneficiam. Juntos, podemos construir sociedades mais acessíveis e resilientes, onde todos prosperemos.
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Comunicado de Imprensa
01 dezembro 2025
Mensagem de Vídeo do Secretário-Geral por ocasião do Dia Mundial da Luta contra o SIDA
NOVA IORQUE, EUA - Este Dia Mundial da Luta contra o SIDA nos lembra que temos o poder de transformar vidas e futuros, e acabar com a epidemia do SIDA de uma vez por todas.O progresso que alcançamos é inegável.Desde 2010, as novas infeções caíram 40%.As mortes relacionadas ao SIDA diminuíram em mais da metade.E o acesso ao tratamento está melhor do que nunca.Mas para muitas pessoas ao redor do mundo, a crise continua.Milhões ainda não têm acesso a serviços de prevenção e tratamento do VIH por causa de quem são, onde vivem ou do estigma que sofrem.Enquanto isso, a redução de recursos e serviços coloca vidas em risco e ameaça conquistas arduamente alcançadas.Acabar com o SIDA significa empoderar as comunidades, investir em prevenção e ampliar o acesso ao tratamento para todas as pessoas.Significa unir inovação à ação e garantir que novas ferramentas, como os injetáveis, cheguem a mais pessoas necessitadas.Em cada etapa, significa fundamentar nosso trabalho nos direitos humanos, para garantir que ninguém seja deixado para trás.Acabar com o SIDA como uma ameaça à saúde pública até 2030 está ao nosso alcance.Vamos concluir esta tarefa.
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Comunicado de Imprensa
20 novembro 2025
Conferência de Imprensa do Secretário-Geral na COP30
BELÉM, Brasil - Bom dia.Quero expressar minha profunda gratidão e apreço ao Presidente Lula por sua notável liderança – e à Presidência brasileira, que não está poupando esforços para conduzir a COP ao sucesso.Nos últimos dias, encontrei-me com líderes mundiais, ministros, negociadores, povos indígenas, sociedade civil e jovens de todas as regiões.Uma coisa é certa:Estamos na reta final, e o mundo está de olho em Belém.As comunidades na linha de frente também estão observando – contabilizando casas alagadas, colheitas perdidas, meios de subsistência destruídos…E perguntando: quanto mais teremos que sofrer?Elas já ouviram desculpas suficientes.Elas exigem resultados.Após décadas de negação e adiamento por parte de muitos, a ciência nos diz que um aumento temporário acima de 1,5 grau – a partir, no máximo, do início da década de 2030 – tornou-se inevitável.Sabemos o que isso significa:Mais calor e fome;Mais desastres e deslocamentos;E um risco maior de ultrapassar os pontos de inflexão climáticos – desencadeando danos irreversíveis, inclusive aqui na Amazônia.Mas ainda podemos reduzir as temperaturas para menos de 1,5 grau antes do final deste século:Se agirmos agora para que essa ultrapassagem seja a menor, mais curta e mais segura possível.Essa missão começa aqui, em Belém.Apelo veementemente a todas as delegações para que demonstrem disposição e flexibilidade para alcançar resultados que protejam as pessoas e mantenham o limite de 1,5 grau;Um resultado justo – concreto em relação ao financiamento da adaptação, crível em relação aos cortes de emissões e viável financeiramente.Isso exige compromisso e consenso.Exige coragem.Nenhuma delegação sairá de Belém com tudo o que deseja…Mas cada delegação tem o dever de chegar a um acordo equilibrado.Primeiro, sobre a proteção das pessoas.Para milhões, a adaptação não é um objetivo abstrato.É a diferença entre reconstruir e ser devastado;Entre replantar e morrer de fome;Entre permanecer em suas terras ancestrais ou perdê-las para sempre.As necessidades de adaptação estão aumentando vertiginosamente – e a sobrecarga climática as elevará ainda mais.No entanto, o compromisso dos países desenvolvidos de dobrar o financiamento para adaptação este ano está se desfazendo.Triplicar o financiamento para adaptação até 2030 é essencial.O Fundo de Perdas e Danos – aberto para uso, mas ainda em grande parte vazio – precisa ser capitalizado e ter seu acesso facilitado.Exorto todos os financiadores – parceiros bilaterais, fundos climáticos e bancos multilaterais de desenvolvimento – a intensificarem seus esforços e evitarem novas tragédias.Trata-se de sobrevivência.Trata-se de justiça.E, para os povos indígenas, trata-se também de proteger as culturas e os territórios ancestrais que sustentam os ecossistemas vitais do nosso planeta.Em segundo lugar, cortes nas emissões.Dez anos após o Acordo de Paris, avançamos – mas muito aquém do necessário.O Relatório sobre a Lacuna de Emissões da ONU Meio Ambiente mostra que as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) atuais – mesmo se totalmente implementadas – nos colocariam em uma trajetória bem acima de 2 graus de aquecimento global.Isso é uma sentença de morte para muitos. Esses planos nacionais devem ser um piso, não um teto.Precisamos avançar muito mais rápido – com um corte drástico nas emissões.A revolução das energias renováveis torna isso possível.A energia limpa nunca foi tão barata e abundante;Impulsionando o crescimento;E protegendo famílias e economias da volatilidade do mercado de combustíveis fósseis.Com o apoio adequado, é essencial que a maioria dos países atinja o pico de emissões agora, reduza-as pela metade nesta década, alcance emissões líquidas zero até 2050 e se torne neutra em carbono depois disso.O princípio das Responsabilidades Comuns, Porém Diferenciadas, se aplica.Mas todos os países – especialmente os grandes emissores – devem fazer mais.E o mundo deve iniciar uma transição justa, ordenada e equitativa para longe dos combustíveis fósseis – conforme acordado na COP28 em Dubai.É uma necessidade climática – e um teste de estabilidade econômica, segurança energética e governança responsável.Precisamos acabar com as distorções de mercado que favorecem os combustíveis fósseis.Precisamos combater a desinformação que visa sabotar a transição.Mas os governos devem apoiar os trabalhadores e as comunidades que ainda dependem de carvão, petróleo e gás – com treinamento, proteção e novas oportunidades.Saúdo os apelos por um mecanismo de transição justa – e a crescente coalizão que pede clareza sobre a transição para longe dos combustíveis fósseis.E exorto os países a garantirem que o resultado de Belém operacionalize uma transição justa alinhada com um mundo com aquecimento de 1,5 grau.Acelerar também significa investir em infraestrutura e atender à nova demanda por eletricidade com energia limpa – incluindo o aumento impulsionado pela Inteligência Artificial.É por isso que tenho defendido uma nova Coalizão Global sobre Redes, Armazenamento e Eletrificação – para que a energia limpa chegue a todos, em todos os lugares, e se torne a opção padrão.Também precisamos reduzir drasticamente as emissões de metano nesta década – usando medidas comprovadas e acessíveis.Finalmente, e extremamente importante, é imperativo interromper e reverter o desmatamento até 2030 – para que a natureza continue sendo um escudo, e não uma vítima.Terceiro, sobre financiamento.Nada disso será possível sem um financiamento previsível, acessível e garantido.Precisamos de um caminho credível para alcançar a Meta de Financiamento de Baku:Com os países desenvolvidos liderando a mobilização de pelo menos 300 bilhões de dólares americanos por ano até 2035;E um caminho claro para alcançar 1,3 trilhão de dólares americanos por ano até 2035.Regras mais simples devem permitir que os países vulneráveis obtenham apoio rapidamente.Pensando além da COP, o custo do capital para as economias em desenvolvimento deve cair drasticamente – por meio de financiamento concessional, garantias de dívida e instrumentos inovadores.Sabemos que os orçamentos são limitados – mas o sistema financeiro pode desbloquear e multiplicar os recursos disponíveis para alcançar um impacto muito maior.Os Bancos Multilaterais de Desenvolvimento devem desempenhar um papel decisivo.Eles precisam ser maiores, melhores e mais ousados – permitindo-lhes aumentar massivamente sua capacidade de empréstimo e alavancar o financiamento privado com rapidez e em grande escala.O que tem falhado é a vontade política de tomar as decisões necessárias.Se a arquitetura financeira internacional não estiver à altura deste momento, a reforma se torna uma necessidade, não uma opção.Prezados membros da imprensa,Antes de partir para a reunião do G20 na África do Sul,Permitam-me dirigir algumas palavras diretamente aos ministros e negociadores:Por favor, empenhem-se de boa-fé para alcançar um acordo ambicioso.1,5 grau deve ser a sua única linha vermelha.Este é o momento para liderança.Sejam ousados.Sigam a ciência.Coloquem as pessoas acima do lucro.E, por favor, mantenham o foco no objetivo final.Obrigado.*****
Pergunta: Secretário-Geral, bom dia. Estamos ao vivo aqui na Globo News. Bem, com a chegada do Presidente Lula ontem, ele se envolveu bastante nas negociações, mas ainda há muita resistência de países como China, Índia e Rússia para incluir a redução da dependência de combustíveis fósseis no texto final da COP. O senhor acha que isso pode prejudicar a missão 1.5 e o legado da COP30? Aproveito a oportunidade – ouvi dizer que o senhor jantou ontem aqui em Belém. Gostou da cidade? O que achou de Belém?Secretário-Geral: Eu gosto muito de Belém. E devo dizer que em todas as negociações... há uma fase em que as posições ainda divergem. Para mim, é claro que um acordo só será possível se levar em conta as preocupações daqueles que acreditam que a adaptação exige recursos substanciais. E daqueles que acreditam que apoiar a adaptação terá pouco valor se as emissões continuarem a crescer a um ritmo extremamente acelerado, causando devastação cada vez maior em todo o mundo. Existe, portanto, um equilíbrio entre adaptação e mitigação que considero importante resolver, e estou convencido de que a Presidência fará tudo para alcançá-lo. Obviamente, um dos problemas essenciais em relação ao nível de emissões que temos é o fato de os combustíveis fósseis serem responsáveis por 80% das emissões. Portanto, não há solução para os problemas se não houver, simultaneamente, uma transição justa dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.Pergunta: [Tais Gardea, da Climate Home News] Obrigada. Considerando o que você mencionou sobre financiamento e adaptação, particularmente nesta COP30, o que você consideraria um resultado verdadeiramente ambicioso nos temas de financiamento público e adaptação? Obrigada.Secretário-Geral: Mencionei em minha intervenção que considero possível e desejável triplicar o financiamento para adaptação até 2030. E espero sinceramente que seja possível encontrar um consenso em que os países desenvolvidos aceitem se engajar nesse objetivo e, ao mesmo tempo, suas preocupações com a mitigação também sejam atendidas pela COP.Pergunta: [Justin Rowlatt, BBC] Olá, Secretário-Geral. Secretário-Geral, que mensagem o senhor quer que esta Conferência envie a Donald Trump?Secretário-Geral: Estamos à sua espera.Pergunta: Mas o senhor também quer falar sobre quando ele começará a se engajar neste processo? [...] Eu estava perguntando, o senhor vê alguma possibilidade de ele se engajar neste processo de forma positiva?Secretário-Geral: A esperança é a última que morre.Pergunta: [Kate Abnett, da Reuters] Obrigada. Um roteiro para a transição para longe dos combustíveis fósseis é vital para o resultado desta COP? E se esse roteiro não for entregue por meio de um acordo assinado por todos os países aqui presentes, e não apenas por alguns, o senhor diria que a COP30 fracassou?Secretário-Geral: Acho que este não é o momento para falar sobre o possível fracasso da COP. É o momento de garantir que esse fracasso não ocorra. Portanto, estou perfeitamente convencido de que um compromisso é possível, que leve em consideração, como mencionei, as preocupações legítimas de adaptação e as preocupações legítimas de mitigação, o que, naturalmente, inclui a necessidade de considerar a questão dos combustíveis fósseis, como foi feito na Cúpula de Dubai, a COP.Pergunta: [Julien Mivielle, AFP] Bom dia, um número significativo de países, incluindo grandes emissores, ainda não publicou suas NDCs, seus planos climáticos. Qual é a sua mensagem para eles?Secretário-Geral: Bem, minha mensagem é que é absolutamente essencial ter NDCs o mais rápido possível, mas mais do que isso, pois, analisando as NDCs atuais, elas estão longe de estar alinhadas em geral, não todas, mas em geral, longe de estarem alinhadas com a meta de 1,5 grau. Precisamos considerá-las como um piso, não um teto, e precisamos nos esforçar para garantir que tenhamos uma redução mais drástica nas emissões nos próximos anos.Pergunta: [Jessica Silva, Folha de São Paulo] Olá, bom dia. Como o senhor vê a resistência de partes como a UE e o Reino Unido, que apoiam o roteiro para a transição para longe dos combustíveis fósseis, mas não querem falar em aumentar o financiamento, especialmente para adaptação? Qual seria a sua mensagem para esses países?Secretário-Geral: Devo dizer que conversei com a grande maioria desses países e eles pareceram dispostos a se engajar com o financiamento e a adaptação, tendo como preocupação legítima que isso seja equilibrado por avanços nos principais aspectos da mitigação.Muito obrigado.
Pergunta: Secretário-Geral, bom dia. Estamos ao vivo aqui na Globo News. Bem, com a chegada do Presidente Lula ontem, ele se envolveu bastante nas negociações, mas ainda há muita resistência de países como China, Índia e Rússia para incluir a redução da dependência de combustíveis fósseis no texto final da COP. O senhor acha que isso pode prejudicar a missão 1.5 e o legado da COP30? Aproveito a oportunidade – ouvi dizer que o senhor jantou ontem aqui em Belém. Gostou da cidade? O que achou de Belém?Secretário-Geral: Eu gosto muito de Belém. E devo dizer que em todas as negociações... há uma fase em que as posições ainda divergem. Para mim, é claro que um acordo só será possível se levar em conta as preocupações daqueles que acreditam que a adaptação exige recursos substanciais. E daqueles que acreditam que apoiar a adaptação terá pouco valor se as emissões continuarem a crescer a um ritmo extremamente acelerado, causando devastação cada vez maior em todo o mundo. Existe, portanto, um equilíbrio entre adaptação e mitigação que considero importante resolver, e estou convencido de que a Presidência fará tudo para alcançá-lo. Obviamente, um dos problemas essenciais em relação ao nível de emissões que temos é o fato de os combustíveis fósseis serem responsáveis por 80% das emissões. Portanto, não há solução para os problemas se não houver, simultaneamente, uma transição justa dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.Pergunta: [Tais Gardea, da Climate Home News] Obrigada. Considerando o que você mencionou sobre financiamento e adaptação, particularmente nesta COP30, o que você consideraria um resultado verdadeiramente ambicioso nos temas de financiamento público e adaptação? Obrigada.Secretário-Geral: Mencionei em minha intervenção que considero possível e desejável triplicar o financiamento para adaptação até 2030. E espero sinceramente que seja possível encontrar um consenso em que os países desenvolvidos aceitem se engajar nesse objetivo e, ao mesmo tempo, suas preocupações com a mitigação também sejam atendidas pela COP.Pergunta: [Justin Rowlatt, BBC] Olá, Secretário-Geral. Secretário-Geral, que mensagem o senhor quer que esta Conferência envie a Donald Trump?Secretário-Geral: Estamos à sua espera.Pergunta: Mas o senhor também quer falar sobre quando ele começará a se engajar neste processo? [...] Eu estava perguntando, o senhor vê alguma possibilidade de ele se engajar neste processo de forma positiva?Secretário-Geral: A esperança é a última que morre.Pergunta: [Kate Abnett, da Reuters] Obrigada. Um roteiro para a transição para longe dos combustíveis fósseis é vital para o resultado desta COP? E se esse roteiro não for entregue por meio de um acordo assinado por todos os países aqui presentes, e não apenas por alguns, o senhor diria que a COP30 fracassou?Secretário-Geral: Acho que este não é o momento para falar sobre o possível fracasso da COP. É o momento de garantir que esse fracasso não ocorra. Portanto, estou perfeitamente convencido de que um compromisso é possível, que leve em consideração, como mencionei, as preocupações legítimas de adaptação e as preocupações legítimas de mitigação, o que, naturalmente, inclui a necessidade de considerar a questão dos combustíveis fósseis, como foi feito na Cúpula de Dubai, a COP.Pergunta: [Julien Mivielle, AFP] Bom dia, um número significativo de países, incluindo grandes emissores, ainda não publicou suas NDCs, seus planos climáticos. Qual é a sua mensagem para eles?Secretário-Geral: Bem, minha mensagem é que é absolutamente essencial ter NDCs o mais rápido possível, mas mais do que isso, pois, analisando as NDCs atuais, elas estão longe de estar alinhadas em geral, não todas, mas em geral, longe de estarem alinhadas com a meta de 1,5 grau. Precisamos considerá-las como um piso, não um teto, e precisamos nos esforçar para garantir que tenhamos uma redução mais drástica nas emissões nos próximos anos.Pergunta: [Jessica Silva, Folha de São Paulo] Olá, bom dia. Como o senhor vê a resistência de partes como a UE e o Reino Unido, que apoiam o roteiro para a transição para longe dos combustíveis fósseis, mas não querem falar em aumentar o financiamento, especialmente para adaptação? Qual seria a sua mensagem para esses países?Secretário-Geral: Devo dizer que conversei com a grande maioria desses países e eles pareceram dispostos a se engajar com o financiamento e a adaptação, tendo como preocupação legítima que isso seja equilibrado por avanços nos principais aspectos da mitigação.Muito obrigado.
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Comunicado de Imprensa
11 novembro 2025
O UNODC apoia o diálogo comunitário e o reforço das capacidades
BEIRA, Moçambique - O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em parceria com a MozPUD – Associação Nacional de Apoio às Pessoas que Usam Drogas, e com as autoridades nacionais e provinciais, continua a reforçar a resposta de redução de danos em Moçambique através da advocacia, do diálogo e do reforço de capacidades, colocando as pessoas e as comunidades no centro da resposta. Envolver decisores e a sociedade civil na BeiraA actividade centrou-se na advocacia e no diálogo político com a liderança provincial e representantes dos sectores da saúde, justiça, assuntos sociais e segurança. As discussões destacaram a relevância dos programas de redução de danos como parte do esforço mais amplo para alcançar o objectivo de 2030 de eliminar a transmissão do HIV entre pessoas que usam drogas.Os participantes analisaram a situação actual do consumo de drogas e do HIV em Moçambique, o papel da sociedade civil e a necessidade de reduzir o estigma e a discriminação através de abordagens baseadas nos direitos humanos. A reunião também sublinhou a importância da colaboração intersectorial para garantir que as iniciativas comunitárias sejam reconhecidas e sustentadas no quadro da saúde pública. Reforço das capacidades do pessoal de saúdeA actividade também incluiu a formação de profissionais de saúde e de serviços sociais sobre a integração de práticas de redução de danos no seu trabalho diário. Os participantes exploraram aspectos clínicos e psicossociais do consumo de drogas e discutiram os benefícios da terapia de substituição com metadona (OST).Exemplos práticos, como o programa-piloto da Mafalala, demonstraram o impacto de modelos de tratamento humanizados e baseados em evidências. O pessoal de saúde foi incentivado a reforçar os mecanismos de referenciação entre os centros comunitários e as unidades públicas de saúde, garantindo a continuidade dos cuidados e a prestação de serviços humanizados às pessoas que usam drogas. Ouvir as vozes dos beneficiáriosAtravés do contacto direto com as pessoas que usam drogas, os participantes partilharam experiências pessoais, desafios no acesso aos serviços e perspectivas sobre como melhorar as intervenções de redução de danos.A sessão incluiu discussões abertas sobre prevenção do consumo de drogas, sensibilização para a terapia com metadona e a futura abertura da Clínica Apto, na Beira, que disponibilizará tratamento de substituição com opioides.O ambiente interativo permitiu aos beneficiários compreender melhor os serviços disponíveis e criar confiança com os profissionais de saúde e os trabalhadores comunitários, reafirmando a importância de abordagens inclusivas e livres de estigma. Da Beira a Maputo: expandir as vozes pela saúde e pelos direitos humanosApós uma actividade de três dias na Beira, que reuniu mais de 80 participantes para reforçar os esforços de redução de danos e alinhá-los com o Plano Estratégico Nacional de HIV e SIDA (PEN V 2021–2025), o UNODC e os seus parceiros levaram a conversa até à província de Maputo.Aí, uma mesa-redonda comunitária de um dia sobre saúde e direitos humanos das pessoas que usam drogas reuniu 40 participantes no Centro Comunitário para Pessoas que Usam Drogas (CCPUD). O evento criou um espaço seguro para diálogo aberto, reflexão e partilha de experiências vividas, assinalando o Dia Mundial da Saúde Única.Organizada pela MozPUD, pelos Serviços Provinciais de Saúde e com o apoio do UNODC, a sessão enfatizou a empatia, a dignidade e a inclusão como elementos essenciais de uma resposta humanizada ao consumo de drogas.Participaram pessoas que usam drogas, profissionais de saúde e assistentes sociais, que partilharam histórias de luta, resiliência e recuperação.“Muitas vezes ouvimos estatísticas, mas raramente as vozes por detrás delas. Hoje, essas vozes guiaram o diálogo, lembrando-nos de que a redução de danos não é apenas uma política, é uma questão de humanidade”, afirmou Zenobia Machanguana, UNODC. Ouvir as comunidades: a história de dor e esperança de uma mãeUm dos momentos mais marcantes ocorreu quando uma mãe da comunidade se emocionou ao contar a história do seu filho adolescente e a sua luta contra o consumo de drogas.Falou da dor ao descobrir a dependência do filho e do desespero ao vê-lo afastar-se da escola, da família e dos seus sonhos.“Eu não compreendia o que estava a acontecer”, disse ela. “Culpava-o, mas hoje percebi que o que ele mais precisa é de cuidado, não de castigo. Quero ajudá-lo a reencontrar o seu caminho”, continuou a mãe.O seu testemunho comoveu profundamente os participantes e reforçou a importância do apoio familiar, da compaixão comunitária e do acesso aos cuidados como pilares da redução de danos e da recuperação.Líderes comunitários também partilharam as suas opiniões. Um líder comunitário de Boane destacou:“O estigma ainda é muito forte. Muitos não procuram ajuda por medo de serem julgados. Precisamos de falar mais sobre isto nas nossas comunidades, escolas e igrejas, para que todos saibam que o apoio e o tratamento estão disponíveis.” Construir compreensão e mudança práticaA sessão em Maputo incentivou o debate aberto sobre as barreiras no acesso aos cuidados de saúde, o estigma e a discriminação. Os participantes identificaram prioridades-chave, incluindo o reforço dos sistemas de referenciação entre os centros comunitários e as unidades de saúde, e a ampliação da consciencialização sobre direitos, autocuidado e cuidado coletivo.A abordagem foi inclusiva e interativa, utilizando facilitação por pares, discussões em grupo e partilha de histórias pessoais, garantindo que todas as perspetivas fossem valorizadas. Foram distribuídos materiais preventivos e kits de redução de danos, e os participantes assumiram compromissos para promover comunidades mais saudáveis e livres de estigma.Os beneficiários dos programas de redução de danos partilharam experiências pessoais e reflexões sobre o impacto das ações comunitárias nas suas vidas. Os testemunhos revelaram histórias de superação, esperança e desejo de inclusão.“O mais importante é ser ouvido. Aqui ninguém julga ninguém. Saio daqui com esperança de que a comunidade nos olhe com mais respeito", afirmou um dos participantes do grupo de trabalho. Progresso centrado nas pessoas rumo a um futuro mais seguroEm conjunto, as actividades na Beira e em Maputo ilustram o crescente compromisso de Moçambique com uma abordagem de saúde pública e baseada nos direitos humanos ao consumo de drogas, uma abordagem que vê cada pessoa como merecedora de dignidade, cuidado e esperança.Através de parcerias, diálogo e práticas baseadas em evidências, o UNODC e os seus parceiros estão a ajudar a construir comunidades resilientes e inclusivas, promovendo o objetivo de não deixar ninguém para trás na resposta nacional ao VIH, às drogas e às vulnerabilidades sociais.
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Comunicado de Imprensa
10 novembro 2025
Moçambique: Momento crucial para reforçar as salvaguardas contra a tortura, afirma órgão da ONU
GENEBRA, Suíça - O Subcomité da ONU para a Prevenção da Tortura (SPT) apelou a Moçambique para que intensifique os esforços para prevenir a tortura e os maus-tratos, após constatar que poucos progressos foram feitos desde a sua última visita, há quase uma década.Ao concluir a sua segunda missão ao país, o SPT observou que o Estado Parte ainda precisa reforçar o mandato e a eficácia da Comissão Nacional dos Direitos Humanos, que atua como Mecanismo Nacional de Prevenção (MNP) contra a tortura, encarregada de realizar visitas regulares a centros de detenção para prevenir a tortura e outras formas de maus-tratos.Durante a recente visita, a delegação avaliou o progresso do Estado Parte desde a sua última visita em 2016 na implementação das suas obrigações ao abrigo do Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura (OPCAT), ratificado por Moçambique em 2013, e examinou as condições nas instalações policiais e prisionais onde as pessoas estão privadas de liberdade.Apesar do progresso limitado, o SPT destacou que o atual processo de reforma constitucional oferece uma importante oportunidade para reforçar a base jurídica do MNP e aproximar o país do pleno cumprimento das normas internacionais de direitos humanos."Embora lamentemos que as recomendações feitas após a nossa primeira visita continuem por implementar, acreditamos que Moçambique se encontra agora num momento crucial para agir", afirmou Chris Nissen, chefe da delegação do SPT. "O processo de reforma constitucional em curso representa uma oportunidade real para consagrar o Mecanismo Nacional de Prevenção na lei, em plena conformidade com o OPCAT, especialmente no que diz respeito à sua independência, recursos e capacidade para cumprir plenamente o seu mandato preventivo. Tal representaria um marco significativo no compromisso do país com a prevenção da tortura e dos maus-tratos"."Exortamos também o Governo a implementar plenamente as nossas recomendações para melhorar as condições de detenção e reforçar as medidas antitortura na prática. O SPT reitera a sua disponibilidade para apoiar Moçambique a alcançar estes objetivos", acrescentou.Durante a sua estadia em Moçambique, a delegação visitou uma vasta gama de esquadras de polícia e instalações prisionais em todo o país, algumas delas em conjunto com o MNP.A delegação salientou que é agora essencial promover uma reforma institucional sustentada que permita traduzir os compromissos em ações concretas no sentido da prevenção eficaz da tortura e de outros tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes. É urgentemente necessário reforçar um MNP eficaz para garantir uma supervisão sustentada e a proteção dos direitos das pessoas privadas de liberdade.O SPT apresentará um relatório confidencial ao Governo de Moçambique contendo as suas observações e recomendações. O Subcomité incentiva as autoridades a tornarem o relatório público e a colaborarem de forma construtiva com o SPT na implementação das suas recomendações.A delegação do SPT foi composta por Christoffel Nissen (África do Sul), chefe da delegação; Uju Agomoh (Nigéria); Paul Lam Shang Leen (Maurício); e Julia Kozma (Áustria), juntamente com dois funcionários de direitos humanos do Secretariado do SPT.FIM Para mais informações ou perguntas da imprensa, contacte:Em Genebra: Joao Nataf em joao.nataf@un.org ou Vivian Kwok em vivian.kwok@un.orgEm Maputo: Helvisney Cardoso helvisney.cardoso@un.orgContextoO Subcomité para a Prevenção da Tortura monitoriza a adesão dos Estados Partes ao Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura, que até à data foi ratificado por 95 países. O Subcomité é composto por 25 membros que são especialistas independentes em direitos humanos provenientes de todo o mundo, que atuam a título pessoal e não como representantes dos Estados Partes.O Subcomité tem o mandato de visitar os Estados que ratificaram o Protocolo Facultativo à Convenção contra a Tortura, durante o qual pode visitar qualquer local onde as pessoas possam estar privadas da sua liberdade e ajudar esses Estados a prevenir a tortura e os maus-tratos. O Subcomité comunica as suas observações e recomendações aos Estados através de relatórios confidenciais, que incentiva os países a tornar públicos.Saiba mais com os nossos vídeos sobre o sistema dos Órgãos de Tratados e o Subcomité para a Prevenção da TorturaSiga os Órgãos dos Tratados da ONU nas redes sociais! Estamos no Twitter @UNTreatyBodies
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