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30 julho 2025
Declaração do Secretário-Geral das Nações Unidas por ocasião do Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas
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30 julho 2025
Moçambique ergue o Coração Azul: uma nova esperança contra o tráfico de pessoas
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Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em Moçambique
Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável são um apelo global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e o clima e garantir que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade. Estes são os objetivos para os quais as Nações Unidas estão a contribuir a fim de que possamos atingir a Agenda 2030 em Moçambique:
História
29 abril 2024
Efeitos tangíveis do LoCAL nas vidas dos moçambicanos
MAPUTO, Moçambique - Ao longo da última década, o Local Climate Adaptive Living Facility (LoCAL) proporcionou acesso ao financiamento climático aos governos locais, mudando a vida de milhões de pessoas em Moçambique.Concebido para reforçar a capacidade dos governos locais para fornecer serviços básicos resilientes e construir infraestruturas adaptadas ao clima, o LoCAL fortalece os processos de governação local, bem como ouve as vozes e necessidades das comunidades, desenvolvendo o seu conhecimento local através de uma abordagem inclusiva e participativa.Aproximadamente 100 infraestruturas de desenvolvimento adaptativo foram financiadas durante a implementação do LoCAL em Moçambique desde 2014. Estas incluem clínicas de saúde, maternidades, escolas, sistemas de abastecimento de água e dessalinização, bem como apoio a meios de subsistência resilientes.Com o apoio generoso da Bélgica, Suécia, Suíça, União Europeia e Região da Catalunha, a LoCAL já beneficiou directamente cerca de três milhões de pessoas no país - quase 10% da população moçambicana.Descubra algumas das suas histórias e como Moçambique está a liderar a adaptação climática. “LoCAL é saúde” - Maria Pedro, distrito do Funhalouro Quarenta e dois a noventa e cinco quilômetros. Estas foram as distâncias percorridas pelos cidadãos da comunidade do Cupo, no distrito de Funhalouro, província de Inhambane, para aceder ao centro de saúde mais próximo.“Era quase proibido ficar doente”, diz Maria Pedro, de 32 anos, uma das mais de 3 mil beneficiárias do novo Centro de Saúde do Cupo inaugurado em 2022, com a presença da Primeira Dama de Moçambique.“Para conseguir atendimento médico, quem tinha dinheiro alugava burros e carroças para transportar familiares; As grávidas foram as que mais sofreram, mas os problemas da população acabaram, agora que temos um centro de saúde aqui mesmo no Cupo”, disse Maria Pedro com alegria.Mais de 30 clínicas de saúde e maternidades resilientes às alterações climáticas foram construídas com o apoio da LoCAL em Moçambique. “LoCAL é participação” – Carlos Cambula, distrito de Jangamo “Ouvir as preocupações da população e dar-lhes espaço para participar nos faz encontrar as soluções certas”, afirma Carlos Cambula, de 38 anos, Chefe da Localidade de Cumbana, no distrito de Jangamo, província de Inhambane.Carlos Cambula orgulha-se da forma como o conselho consultivo local tem a representação de toda a comunidade. ''Temos homens, mulheres, idosos, jovens, empresários, professores, enfermeiros, todos de diferentes estratos sociais e idades, escolhidos pelos próprios membros da comunidade”.Através de conselhos consultivos locais, os membros da comunidade decidem sobre os seus próprios investimentos resilientes ao clima. Primeiro, as comunidades locais são envolvidas naquilo que consideram ser as suas maiores necessidades, depois as propostas são encaminhadas às administrações locais e depois provinciais.“Aqui em Cumbana decidimos dar prioridade à água e ao saneamento; Mas para mim, como parte do governo local, ouvir as comunidades e promover a sua participação direta nos processos de governação são as melhores coisas com que a LoCAL nos tem apoiado", afirma Carlos. “LoCAL é infraestrutura” – Vitória António, distrito de Panda “Apesar de o novo bloco escolar não ter sido formalmente inaugurado, o impacto do apoio recebido é visível na motivação e na qualidade do ensino dos alunos desta escola”, afirma Vitória António, de 52 anos, Diretora da Escola Primária de Mobique, desde 2020.“As salas do novo bloco têm um quadro para colocar todas as informações, o ar entra com facilidade, a temperatura é mais amena e o aluno sai de casa limpo e volta limpo”. Isto contrasta fortemente com os antigos blocos escolares improvisados feitos de lama e folhas de alumínio como telhado sob temperaturas escaldantes médias de 32 graus Celsius.Os novos blocos escolares irão beneficiar mais de 1.000 alunos da comunidade de Mobique, distrito de Panda, província de Inhambane. “Agora todos os alunos têm a chance de construir o seu futuro através do acesso à educação”, afirma Vitória. “Como diretora da escola, fico muito emocionado ao ver essa nova infraestrutura na escola; Tenho certeza de que essas crianças terão um futuro melhor”. “LoCAL é paz” - Manuel*, Distrito de Machanga Desde muito jovem, Manuel* lutou pela Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) e viveu numa das suas bases na Serra da Gorongosa. Lá ele era conhecido como Periquito*. Na base, ele foi treinado, pegou em armas e trabalhou no campo com seus companheiros soldados. Agora, 43 anos depois, ele é um dos milhares de ex-combatentes da RENAMO que participam no processo de “desarmamento, desmobilização e reintegração” (DDR).Periquito* regressou ao seu local de origem, contribuindo para o desenvolvimento da sua comunidade através da sua participação no conselho consultivo local do seu distrito natal de Machanga, província de Sofala. Como parte do seu novo papel como membro do conselho consultivo local, Periquito*, juntamente com os seus pares, discute as prioridades locais da comunidade.“Primeiro votei nos poços de água, depois nos kits de sementes, depois no mercado de peixe e nas pontes de amarração dos pescadores”, diz Periquito*. Com o apoio do Programa de Desenvolvimento Local para a Consolidação da Paz (DELPAZ), que utiliza a metodologia do Mecanismo LoCAL, o desenvolvimento local desempenha um papel fundamental na consolidação da paz em Moçambique.Para Periquito* “a paz é uma coisa difícil de manter, depende de nós”. Através da metodologia LoCAL, ele acredita que a paz tem mais chances de sucesso. “É importante desenvolver toda a comunidade, ouvir toda a comunidade, reduzir e evitar injustiças e conflitos”, afirma.*O nome foi alterado. “LoCAL é criação de emprego” – Joaquim Domingos, distrito da Gorongosa Joaquim Domingos, de 30 anos, conseguiu o seu primeiro emprego formal no ano passado. Pai de dois filhos, sonha com os benefícios que a paz continuará a trazer à sua comunidade em Pungué, distrito da Gorongosa, Moçambique. Tal como outros que vivem no centro do país, ele espera que a paz traga escolas, hospitais, estradas e melhores empregos para todos na região.Joaquim trabalha agora na construção, construindo torres de sistema de água resilientes, estações de bombeamento e uma rede elétrica para a sua comunidade graças ao uso da metodologia LoCAL no Programa DELPAZ. Ao lado da família, ele comemora ter esta oportunidade como meio de subsistência e melhoria de acesso aos serviços públicos.“Tenho certeza que no futuro surgirão novos empregos e que meus filhos também terão emprego – tudo isso por causa desse projeto que veio com paz”, afirma Joaquim. “Garanto que meus filhos terão muito mais do que eu tive; A paz foi a melhor coisa que aconteceu a Pungué”, continua. “LoCAL é um futuro melhor para meus filhos” – Violeta Alexandre, distrito de Zavala Violeta Alexandre e o seu marido Pedro colhem legumes na sua machamba em Chivimbire, distrito de Zavala, província de Inhambane. Com o apoio da LoCAL, os membros da comunidade têm agora acesso a meios de subsistência resilientes através de apoio técnico e de um sistema de irrigação para as suas culturas.“Quando chego no campo, primeiro faço o transplante das mudas e depois ajudo meu marido ”, conta Violeta. Com as novas técnicas que aprendeu, sua produção triplicou. “Agora podemos cultivar salsa, pepino, coentro e outras culturas que não cultivávamos antes e que podemos vender no mercado”, continua ela.“Com as demonstrações de como tornar as refeições mais nutritivas, estou cozinhando alimentos mais saudáveis, nossos filhos estão se alimentando melhor, não adoecem com tanta frequência”, afirma. “Agora posso até poupar algum dinheiro que usarei para colocar os meus filhos na educação”.Com o apoio da LoCAL, os investimentos em meios de subsistência resilientes fortalecem as economias locais e os sistemas alimentares locais, tornando as comunidades mais saudáveis e sustentáveis. “LoCAL é água” - Adolfo Chivande, distrito de Chokwe Adolfo Chivande, líder local, posa orgulhosamente diante do sistema de abastecimento de água e dessalinização recentemente inaugurado na comunidade de Macaretane, distrito de Chokwe, província de Gaza, construído através da LoCAL com o apoio financeiro da Suécia.A comunidade está localizada em uma região semiárida afetada por uma grave seca. “Antes desse sistema de água, tudo o que conhecíamos era sofrimento”, comenta. “Quando não chovia, as pessoas da cidade principal vinham aqui vender-nos água a um preço elevado; Noutros casos, acabámos por ir para a beira da estrada onde existe um pequeno lago e, juntamente com os animais, usávamos a mesma água parada para beber’’.A infraestrutura do sistema de abastecimento de água foi inaugurada pouco antes do início da pandemia da COVID-19. “Sem esse acesso à água não conseguiríamos nem lavar as mãos, não teríamos conseguido enfrentar a pandemia”. “Agora nossos filhos não ficam doentes e não precisamos nos preocupar com água - Todo mundo tem torneira em casa”. “LoCAL é comunidade” - Bajulino Nhamavende, distrito de Zavala “Decidimos unir-nos como comunidade e criar esta associação de piscicultura, era um sonho nosso há muito tempo”, comentou Bajulino Nhamavende, de 29 anos. Tal como muitos jovens da comunidade de Quissico, Bajulino esperava uma oportunidade de subsistência. Com a decisão do conselho consultivo local de priorizar ferramentas e bens para a criação da associação comunitária, toda a comunidade pode agora olhar para o seu futuro com esperança.“Em 2023, conseguimos vender nosso pescado durante o ano inteiro, mesmo no período chuvoso”, diz Bajulino. A associação de piscicultura de Quissico vendeu cerca de 500kg de peixe por mês no ano passado. “Com os nossos lucros, estamos a investir dinheiro para melhorar as nossas vidas, ajudar os nossos filhos a ir à escola e a comprar material escolar, a pagar a energia e agora até comemos peixe regularmente, o que melhora a saúde dos nossos filhos”.Com oportunidades de subsistência reforçadas, os membros da comunidade vêem o valor de serem membros activos dos seus conselhos consultivos locais. “Eu era o representante da minha comunidade no conselho consultivo local e sugeri a todos que poderíamos investir na piscicultura”, lembra Bajulino. Através do LoCAL, os governos locais ouvem as vozes e necessidades das comunidades e provam que podem apoiar as suas populações através de um processo de tomada de decisão descentralizado concebido por moçambicanos para moçambicanos.
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História
24 abril 2024
Levando o registro de nascimento para comunidades isoladas
BEIRA, Moçambique - Manuel Caetano, 26 anos, recupera um pedaço de papel branco dobrado de uma caixa de lata no chão da sua casa. Ele o desdobra e revela um documento precioso: a certidão de nascimento de seu filho de dois anos.Nascido no campo de reassentamento de Bandua em 2021, Manuel Caetano Júnior não estava registrado, não tinha documentos e foi efetivamente invisível para o governo durante os seus primeiros dois anos. Sem prova legal de identidade, as crianças não são contabilizadas e não têm acesso aos serviços básicos. Eles oficialmente não existem.“Sem documentos, Manuel Júnior não consegue inscrever-se na escola nem aceder ao centro de saúde. Sem documentos é como se o meu filho não existisse”, afirma Manuel.Em Moçambique, apenas 49% das crianças menores de cinco anos têm certidão de nascimento. Poucos locais de registro, longas distâncias de viagem, elevados custos de transporte e taxas de registo tardias são apenas algumas das barreiras que as pessoas enfrentam para registar nascimentos.Sem um documento oficial, as crianças não podem ser tratadas em hospitais, frequentar a escola ou inscrever-se em programas sociais. Além disso, a falta de uma certidão de nascimento pode tornar a criança mais suscetível ao casamento precoce, à apatridia ou ao trabalho infantil.Quando documentos são perdidos ou danificados, pode ser difícil conseguir novos. Em 2019, o ciclone Idai destruiu os documentos de muitas famílias. As consequências caóticas do ciclone criaram desafios adicionais ao registo de nascimentos de recém-nascidos.O ciclone Idai, uma tempestade tropical de categoria 4, atingiu Moçambique no dia 14 de março de 2019. Trouxe ventos que atingiram os 167 quilómetros por hora e inundações que deixaram regiões inteiras da província de Sofala submersas. Manuel e a sua esposa cultivavam terras que ficavam directamente na trajectória do ciclone.“Durante o ciclone perdemos tudo”, diz Manuel. “O ciclone surpreendeu-nos e não estávamos preparados para isso. Nossa casa foi completamente destruída. Tudo na casa foi destruído ou perdido – comida, roupas, copos, pratos, documentos – tudo desapareceu. Até as mangas do nosso campo desapareceram. Ficamos apenas com as roupas que vestíamos”.Manuel e a sua família vivem no campo de reassentamento desde então. Quando Manuel Júnior nasceu em 2021, o registro de nascimento não era uma opção. Viajar para uma cidade distante para registar um recém-nascido era proibitivamente caro. Manuel Jr. foi privado de certidão de nascimento e permaneceu “oficialmente” invisível por algum tempo.“Então, num dia de Dezembro passado, disseram-nos que uma brigada móvel estaria aqui no acampamento para registrar as crianças e emitir documentos”, diz Manuel. “O menino foi registrado pela primeira vez. Recebemos novos números e novos documentos. No próximo ano pretendemos matricular o Manuel Júnior na escola e faremos isso com o documento dele”, contina.As brigadas móveis são grupos de funcionários públicos que viajam para comunidades remotas ou vulneráveis em todo Moçambique. Eles trazem serviços essenciais como o registo de nascimento a estas comunidades desfavorecidas, permitindo o registo de crianças e a emissão de certidões de nascimento. A posse de um documento oficial impactou imediatamente Manuel Júnior quando ele foi acometido de uma doença grave no início deste ano. Seu pai explica:“Precisávamos urgentemente levar Manuel Junior ao centro de saúde de Bangua. Ele tinha malária e estava muito doente. O documento permitiu-nos tratá-lo no centro de saúde e ele recuperou”.Com Manuel Júnior finalmente visível para o governo, ele poderia receber o tratamento vital de que precisava. Brigadas móveis estão a registar milhares de crianças em comunidades isoladas em todo o país e a ajudá-las a garantir os seus direitos mais fundamentais.O UNICEF treinou e equipou brigadas móveis da Conservatória do Registro Civil do Ministério da Justiça. As brigadas móveis representam apenas uma vertente dos esforços do UNICEF e dos seus parceiros para fortalecer o sistema de registo civil e estatísticas vitais de Moçambique.Como diz Manuel, “a brigada móvel tem sido muito útil porque os documentos são muito importantes para a comunidade no campo de reassentamento. Todos aqui têm seus documentos agora”.Com o generoso apoio do Governo do Canadá e do Governo da Noruega, o UNICEF apoiou o Governo de Moçambique na expansão do acesso através da abertura de 152 postos de registo civil em unidades de saúde, formação de técnicos de registo, digitalização do sistema de registo civil e actividades de sensibilização a nível comunitário.
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História
17 abril 2024
Quebrando Tabus e Construindo Resiliência: Cadria
PEMBA, Moçambique - Em Moçambique, onde o sector da construção é predominantemente dominado pelos homens, a história de Cadria Cassamo destaca-se por quebrar barreiras e desafiar os papéis de género.Aos 17 anos, Cadria, natural de Macomia, no norte de Cabo Delgado, mudou-se para a capital, Pemba, porque o seu tio se ofereceu para apoiar os seus estudos. A adaptação ao ambiente desconhecido trouxe medo e excitação. “No início fiquei assustada, mas também emocionada com a mudança; As pessoas me acolheram e fiz muitos amigos na escola, mas senti falta da minha família”, lembra Cadria.No entanto, a sua família teve de mudar-se abruptamente para Pemba devido ao agravamento do conflito que deslocou mais de 600.000 pessoas desde 2017. Com a sua família em Pemba, Cadria tornou-se mãe do pequeno Cail. Enquanto formavam um novo lar, o desafio do desemprego se aproximava. “Meu pai havia falecido, minha mãe e eu tínhamos que sustentar nossa família de seis pessoas, mas, como mulheres, encontrar um emprego formal foi um desafio”, explica Cadria. A sorte de Cadria mudou quando encontrou uma oportunidade de emprego como assistente de construção no seu próprio bairro, Mahate, como parte de um projecto da Organização Internacional para as Migrações (OIM) das Nações Unidas centrado na integração urbana sustentável de Pessoas Deslocadas Internamente (PDI).O projecto, que abrange infra-estruturas, meios de subsistência e actividades psicossociais, necessitava de assistência para a construção de uma lavandaria.“Quando me inscrevi, alguns vizinhos e parentes duvidaram da minha capacidade de trabalhar na construção civil sendo mulher; Embora inicialmente tenha pensado que seria um desafio, acreditei em mim mesma e, com dedicação e aprendizado, aqui estou”, conta Cadria.Cadria gerencia tarefas como misturar cimento e carregar pedras e areia. Embora algumas funções tenham sido inicialmente desafiadoras e exigissem força significativa, através de esforço e prática contínuos, Cadria e suas colegas agora podem realizar qualquer tarefa com facilidade, trazendo um sentimento de orgulho. "Ter mulheres na construção inspira e motiva outras pessoas", afirma Quina, colega de trabalho de Cadria. "Desde que comecei a trabalhar aqui, minhas amigas, vizinhas e familiares me perguntam como podem aderir também”, continua. A sua experiência serve como fonte de inspiração para as mulheres nas suas comunidades.Apesar dos tabus sociais, o canteiro de obras onde Cadria trabalha é um espaço seguro e com colegas que o apoiam."Estamos felizes por ter homens e mulheres em nossa equipe, não há cargos específicos para um gênero ou outro; Todos precisamos aprender e praticar para fazer algo bem", afirma Lucas Sairose, supervisor da unidade.Olhando para o futuro, Cadria prevê um futuro na construção. Ela aspira aprender mais e, eventualmente, tornar-se supervisora local, especialmente em projetos escolares, para contribuir com a educação das crianças. Abdul, colega de Cadria, partilha o seu entusiasmo sobre as aspirações de Cadria. "Ter uma supervisora mulher seria ótimo. Podemos aprender muito com as mulheres", ele comenta com entusiasmo.A jornada de Cadria exemplifica a força e a determinação das mulheres em ambientes desafiadores, e o seu sucesso abre caminho para que outras pessoas quebrem as normas de género e persigam os seus sonhos.Este projeto é implementado conjuntamente pela Organização Internacional para as Migrações (OIM) e pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (ONU-Habitat) graças ao generoso apoio do Governo do Canadá.
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História
04 abril 2024
ONU apoia resposta à nova onda de deslocamento no norte, à medida que as mudanças climáticas causam estragos no sul
MAPUTO, Moçambique - Condições meteorológicas extremas assolam Moçambique ciclicamente, um dos países mais propensos a desastres climáticos do mundo. Há cinco anos, o mortal e devastador ciclone Idai atingiu o país e, no ano passado, foi a vez do ciclone Freddy, que causou destruição em toda a África Austral.No mês passado, a tempestade tropical Filipo passou por Moçambique, causando estragos nas regiões centro e sul de Inhambane, Gaza, Maputo e Sofala. Ventos fortes e chuvas torrenciais causaram estragos, inundações generalizadas e deixaram um rasto de destruição, incluindo danos em casas, meios de subsistência e infra-estruturas essenciais. Cerca de 48 mil pessoas foram afetadas, com 10 mil casas total ou parcialmente destruídas, juntamente com escolas, centros de saúde e linhas de energia – 100 mil pessoas ficaram sem eletricidade.“O telhado inteiro foi arrancado; foi quando corri para buscar meu filho”, conta Inocência Fernando, moradora de uma das áreas afetadas. “Perdi meus coqueiros, cajueiros, minhas roupas voaram e não nem sei onde foram parar as telhas". Ao mesmo tempo o IPC (o padrão global para medir a insegurança alimentar) indicou 3,3 milhões de pessoas em situação de insegurança alimentar entre novembro e março passados, contribuindo para o impacto extremo da tempestade Filipo na vida das pessoas. “As Nações Unidas apoiam o Governo na respota à tempestade Filipo”, afirmou a Dra. Catherine Sozi, Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique. “As entidades da ONU estão a trabalhar em estreita colaboração com instituições nacionais, equipando as pessoas com tendas, kits de higiene e alimentos”, continuou a Dra. Catherine.Uma estranha boa notícia é que, pelo menos na província de Gaza, os efeitos de Filipo foram, em certa medida, atenuados pelas suas planícies atingidas pela seca – obra do fenómeno climático El Niño, que, estranhamente, acabou por ser uma espécie de protecção contra o chuvas fortes. “Devido à seca, o solo absorveu as águas e não houve inundações”, afirmou a Dra. Sozi enquanto acompanhava a Coordenadora da Resposta ao El Niño das Nações Unidas, Reena Ghelan, de visita oficial a Moçambique.“Apresento minha solidariedade para com os moçambicanos e reforço a importância de aprendermos com as experiências de resposta aos eventos climáticos extremos anteriores para previnirmos eventos similares de acontecerem no futuro”, afirmou Reena Ghelan. A Organização Meteorológica Mundial declarou o início das condições de El Niño no Oceano Pacífico pela primeira vez em sete anos, o que intensifica o risco de aumento das temperaturas globais e condições climáticas extremas. Deslocados pelo conflitoEmbora Filipo, felizmente, não tenha sido considerado um ciclone, colocou em destaque os enormes desafios que a ONU enfrenta em Moçambique para apoiar o governo, especialmente no norte.Após os ataques entre dezembro e 3 de março, 113.000 pessoas foram forçadas a abandonar as suas casas pelas violência em Cabo Delgado, a maior onda de deslocamentos desde o início do conflito em 2017. Crianças e mulheres representam 62% e 23% dos novos deslocados. Sob a liderança da Dra. Catherine Sozi, Chefe da ONU Moçambique, as Nações Unidas e os parceiros estão a trabalhar com as comunidades e a sociedade civil, em apoio ao governo, para fornecer assistência humanitária e apoio a soluções para mais de 700.000 pessoas deslocadas internamente, incluindo estes novos 113.000, e para mais de 600.000 pessoas que já regressaram aos seus locais de origem no norte de Moçambique.A vulnerabilidade destas centenas de milhares de pessoas deslocadas e daquelas que agora retornam às suas casas, que continuam a depender da assistência humanitária para sobreviver, não pode ser subestimada. Aqueles que regressam a casa continuam a precisar de apoio para reconstruir as suas vidas e meios de subsistência, levar os seus filhos de volta à escola e ter acesso à documentação legal.“Apesar da complexidade do contexto, Moçambique está corajosamente a abrir caminho para soluções de longo prazo para milhares de famílias deslocadas”, afirmou a Dra. Sozi. Para melhorar a eficiência, a coerência e a complementaridade da assistência humanitária com as intervenções de recuperação e desenvolvimento, a Dr. Sozi está a liderar esforços para reforçar a participação, liderança, capacidade e financiamento de ONG locais e nacionais, tanto na resposta humanitária como nos esforços de desenvolvimento.“Precisamos de olhar para além da ajuda humanitária e reforçar o investimento no desenvolvimento do país – para criar condições para uma paz duradoura e um futuro viável para os deslocados e as suas famílias anfitriãs”, ela continuou.É necessário mais financiamento em 2024 para proteger e promover soluções para famílias deslocadas e repatriados.O apelo humanitário de Moçambique para 2024, de US$ 413,4 milhões, apenas recebeu 5,5% dos recursos necessários. É também preciso mais financiamento para os esforços de desenvolvimento para além da complexa crise, para que os moçambicanos possam reconstruir as suas vidas.
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História
28 março 2024
"Não estamos só a receber comida; estamos a reconstruir nossas vidas"
MAPUTO, Moçambique - Imagine isso: Palma, uma cidade outrora cheia de vida na província moçambicana de Cabo Delgado, de repente lançada ao holofote global por um motivo triste. No início de 2021, a tranquilidade de Palma foi interrompida por violentos ataques de Grupos Armados Não Estatais. Em questão de semanas, mais de 30.000 pessoas fugiram aterrorizadas, buscando refúgio em outras partes de Moçambique, com inúmeros outros continuando a fugir da violência em curso. No total, o conflito deslocou mais de um milhão de pessoas dentro e além das fronteiras da província de Cabo Delgado, deixando um rastro de tristeza e tumulto (IOM DTM).Avançando até hoje, sinais de esperança brilham entre as sombras do desespero. Relatos sugerem que Palma está lentamente recuperando sua vivacidade, com famílias corajosas se aventurando para reconstruir o que foi despedaçado, com o forte apoio das Nações Unidas e comunidade internacional às pessoas e instituições nacionais. Até dezembro do ano passado (segundo dados da IOM DTM), mais de 120.000 indivíduos resilientes retornaram a Palma.No entanto, o caminho para a recuperação está repleto de desafios. Novas ondas de violência em conjunto com a infraestrutura básica fragilizada e os meios de subsistência destruídos. Para as pessoas que retornam voluntariamente aos seus lugares de origem, a necessidade de apoio alimentar é mais fundamental do que nunca, assim como ajudá-los na reconstrução de suas vidas. Itade Juma, de 24 anos, ao lado de seu bebê de um ano, Ngamo Semane, seus outros dois filhos e seu marido, tomou a corajosa decisão de retornar à sua cidade natal, Palma, em meados de 2023, impulsionada por condições melhoradas."Fugimos desesperadamente, a pé, para Quitunda [uma jornada de mais de 30 quilômetros] quando os ataques começaram em 2021", lembrou Itade. "A vida lá em Quitunda era uma luta constante; não tínhamos nada, nada, em nosso nome; mas quando ouvimos histórias de melhoria das condições, sabíamos que tínhamos que retornar a Palma, onde estão nossas raízes; embora nossa terra permaneça aqui, tudo o mais foi destruído".Durante seu deslocamento, a família de Itade foi registrada pelo Programa Mundial para a Alimentação (PMA) das Nações Unidas para ter acesso à assistência alimentar de emergência. Agora, de volta à sua terra natal, eles continuam recebendo esse auxílio vital enquanto suas plantações começam a criar raízes. Enquanto isso, tanto Itade quanto seu marido estão a buscar ativamente oportunidades de emprego para fortalecer ainda sua renda familiar."Já colhemos a mandioca que cresceu em nossos campos. Tudo o que comi hoje foi mandioca e chá, mas agora espero comprar alimentos diferentes com a senha de valor que estou recebendo hoje do PMA", comenta Itade.No coração da Comunidade de Liwayamba, no bairro de Barabarane, Itade e muitos outros recebem senhas de valor que devem ser trocadas por produtos alimentares, ajudando-os a reconstruir suas vidas, uma refeição de cada vez.Com o apoio da União Europeia, canalizado através de sua Direção-Geral de Proteção Civil e Operações de Ajuda Humanitária Europeia (DG ECHO), o PMA conseguiu fornecer assistência alimentar a 400.000 pessoas afetadas pelo conflito nos últimos seis meses. A maioria desses beneficiários eram retornados que receberam transferências baseadas em dinheiro do PMA, na forma de senhas de valor, que podem ser resgatados por uma grande variedade de itens alimentares em mercados locais registrados."As senhas de valor fornecem às famílias uma grande variedade de itens alimentares para complementar suas dietas com os alimentos que eles veem cultivando em suas machambas, por exemplo", disse Antonella D'Aprile, Diretora Nacional do PMA em Moçambique. "Além disso, envolver retalhistas locais contribui para a regeneração dos mercados locais nos distritos de retorno afetados pelo conflito", continuou Antonella D'Aprile. "Somos gratos à União Europeia por permitir que o PMA apoie os retornados na reconstrução de suas vidas e no desenvolvimento de suas comunidades originais. Além do sustento, esses vales simbolizam resiliência", afirmou a Diretora Nacional do PMA.Enquanto Itade se dirige a sua loja local de preferência, o fardo da incerteza se levanta momentaneamente de seus ombros. Com cuidadosa consideração, ela seleciona os itens essenciais que sustentarão sua família pelo próximo mês. Itade opta por dois sacos de arroz, além de óleo e açúcar."Essa comida vai durar 30 dias em nossa casa", disse, segurando suas provisões com firmeza. "Estou feliz e grata por poder fornecer mais sustento à minha família. Não é só comida, estamos reconstruindo nossas vidas com este apoio".O Programa Mundial para a Alimentação das Nações Unidas é a maior organização humanitária do mundo que salva-vidas em situações de emergência, e utiliza a assistência alimentar para construir um caminho para a paz, a estabilidade e a prosperidade das pessoas que recuperam de conflitos, desastres e do impacto das mudanças climáticas.Em Moçambique US$ 68 milhões pelos próximos seis meses são necessários para o PMA continuar a apoiar as pessoas mais vulneraveis do país.
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História
30 julho 2025
Moçambique ergue o Coração Azul: uma nova esperança contra o tráfico de pessoas
MAPUTO, Moçambqiue – Num gesto carregado de simbolismo e compromisso, Moçambique tornou-se o 46.º país no mundo e o 15.º em África a aderir à Campanha Coração Azul, uma iniciativa global das Nações Unidas que visa combater o tráfico de pessoas.A cerimónia de adesão, realizada no Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, foi marcada por palavras de esperança, mobilização comunitária e histórias de transformação.“Que o Coração Azul, que hoje passa a brilhar em Moçambique, seja um símbolo de esperança, de protecção e de justiça para todos,” declarou o Ministro da Justiça, Mateus da Cecília Finiasse Saize, ao formalizar a adesão do país na campanha neste 30 de julho.A cerimónia contou ainda com a intervenção da Procuradora-Geral Adjunta de Moçambique, Amabélia Chuquela, do Chefe do Escritório do UNODC em Moçambique, Antonio De Vivo, e do representante da Embaixada da Noruega em Moçambique, Øystein Evenstad, cujo apoio possibilita a assistência do UNODC ao combate ao tráfico de pessoas no país.A campanha não é apenas um compromisso institucional. É uma chamada à acção que já está a ecoar nas escolas, nos terminais rodoviários, nas universidades e nas comunidades. Estudantes como agentes da mudançaNas últimas semanas de Julho, centenas de jovens em escolas secundárias participaram em palestras que os alertaram para os sinais de risco e formas de autoprotecção contra o tráfico.“Vocês agora são donos deste conhecimento e passam a ser agentes da mudança. Devem passar esta informação para outros meninos e meninas”, desafiou os estudantes Rosa Maciel, locutora da Rádio Moçambique. Sensibilização nas estradas e nos transportesNos terminais rodoviários de Maputo, motoristas e passageiros foram sensibilizados para identificar sinais de tráfico.“A ausência de documentos de identificação durante uma viagem pode ser um sinal de que alguém está sob controlo de um traficante”, explicou Joelma Dade, do Ministério dos Transportes e Logística. A academia junta-se à lutaMais de 40 estudantes de dez instituições de ensino superior participaram no Fórum Académico sobre Tráfico de Pessoas, organizado pela Procuradoria-Geral da República com apoio do UNODC. Uma jovem da Universidade Joaquim Chissano partilhou:“Tenho a ideia de criar uma organização de advocacia e conscientização sobre o tráfico de pessoas. Com estes debates, tive maior luz sobre como poderei materializar essa ideia”.A campanha também levou uma Feira Jurídica a Maputo, onde cidadãos receberam apoio jurídico sobre casos de tráfico e outros serviços ligados à justiça. Esta iniciativa aproximou informação e assistência das comunidades mais vulneráveis. Um crime organizado que exige resposta coordenadaO tráfico de pessoas é um crime que se infiltra nas indústrias legais e nas cadeias de abastecimento, explorando vulnerabilidades sociais e económicas. O Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas 2024 revela que 74% dos casos detectados têm origem em redes de crime organizado.O UNODC, como guardião da Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional, continuará a apoiar Moçambique na construção de uma resposta sólida, coordenada e baseada em evidências.“Este dia 30 de Julho é particularmente especial para Moçambique. É um marco que saudamos e celebramos”, afirmou Antonio De Vivo, Chefe do Escritório do UNODC em Moçambique.
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História
22 julho 2025
Jovens e Governo juntos pela transição energética justa e inclusiva
MAPUTO, Moçambique - Num momento decisivo para o futuro do planeta, jovens moçambicanos demonstraram estar prontos para liderar a transição energética do país, defendendo um caminho baseado na justiça social, na inclusão e na sustentabilidade.A ONU Moçambique, em parceria com a Plataforma Juvenil para a Ação Climática em Moçambique (YCAC MOZ), promoveu um encontro que reuniu representantes da sociedade civil juvenil, do Governo e das Nações Unidas, inspirado pelo apelo climático global “Momento de Oportunidade”, lançado pelo Secretário-Geral da ONU, António Guterres.Durante o evento, os jovens apresentaram ideias e propostas concretas para acelerar uma transição energética justa, abordando temas como redes digitais inteligentes, sistemas de armazenamento, financiamento climático justo e industrialização verde.“Este é um importante momento de reflexão e mobilização em torno da ação climática e do caminho para a COP30. Moçambique é um dos países mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas, apesar de contribuir com apenas uma pequena fração das emissões globais. Precisamos impulsionar a transição para a energia limpa e garantir que seja justa, inclusiva e transformadora,” destacou Dra. Laura Tomm-Bonde, Coordenadora Residente Interina da ONU em Moçambique. O Governo de Moçambique, representado pela Diretora Nacional de Energia do Ministério de Recursos Minierais e Energia, Marcelina Mataveia, reconheceu o papel central da juventude e reforçou o compromisso de avançar conjuntamente para o acesso universal à energia.“É oportuno celebrar não apenas uma expressão retórica, mas também fazer um chamamento a uma ação concreta para o acesso universal à energia e à justiça social. Esta é uma oportunidade de interagir com os nossos jovens e construir juntos o futuro energético do nosso país,” afirmou a Diretora Marcelina Mataveia.Para a jovem líder da YCAC Moçambique, Flávia Nicole Bila, este é um momento de transformação.“Temos uma população jovem criativa, resiliente e pronta para liderar esta mudança. Estamos a promover diálogos e a trabalhar com o Governo para desenvolver metodologias inclusivas, garantindo que o futuro de Moçambique seja mais justo e resiliente.” “Um Momento de Oportunidade: Turbinando a Era da Energia Limpa”A análise do discurso “Um Momento de Oportunidade" do Secretário-Geral ilustra avanços na década desde a adoção do Acordo de Paris, destacando os benefícios e as ações para acelerar uma transição global. Para que essa passagem seja justa, o Secretário-Geral das Nações Unidas sugeriu ações seis frentes pedindo primazia ao compromisso total dos governos com o futuro da energia limpa.Segundo António Guterres defendeu a construção de sistemas energéticos do Século 21. Em terceiro lugar, ele convocou as autoridades a buscar atender à crescente demanda mundial por energia com energias renováveis.Em quarto, solicitou justiça na transição energética. A seguir indicou que deve se tornar o comércio numa ferramenta para a transformação energética. E por fim, que sejam canalizados fundos para os países em desenvolvimento. Discussões em MaputoO encontro terminou com sessões de trabalho em grupo, onde se discutiram seis eixos estratégicos para a transição energética, incluindo:Integração da justiça social nas políticas energéticas;Expansão de sistemas de armazenamento e redes inteligentes;Resposta sustentável ao crescimento da procura energética;Comércio e investimento como motores da transição;Mobilização de financiamento climático justo; eUso dos planos climáticos nacionais como base para ações concretas.A transição energética é mais do que uma necessidade: é uma oportunidade histórica para Moçambique redefinir o seu modelo de desenvolvimento, fortalecer o crescimento económico inclusivo e garantir acesso universal a energia moderna e sustentável.Com o compromisso do Governo e a energia da juventude, o país está pronto para liderar este caminho.
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História
22 julho 2025
Um Momento de Oportunidade para Impulsionar a Era das Energias Limpas
NOVA IORQUE, EUA - A energia moldou o percurso da humanidade – desde o domínio do fogo, à utilização do vapor, até à divisão do átomo. Hoje, assistimos à alvorada de uma nova era. O sol ergue-se numa era de energia limpa.No ano passado, quase toda a nova capacidade de produção de energia veio de fontes renováveis. O investimento em energias limpas disparou para 2 biliões de dólares, 800 bilhões mais do que nos combustíveis fósseis.O sol e o vento são agora as fontes de energia mais baratas do planeta e os setores das energias limpas estão a criar empregos, a impulsionar o crescimento e a alimentar o progresso, apesar dos combustíveis fósseis continuarem a receber subsídios muito superiores.Os países apegados aos combustíveis fósseis não estão a proteger as suas economias, estão a prejudicá-las, a enfraquecer a sua competitividade e a perder a maior oportunidade económica do século XXI.As energias limpas também garantem a soberania e a segurança energéticas. Os mercados de combustíveis fósseis estão sujeitos a choques de preços, a interrupções de fornecimento e à instabilidade geopolítica, como vimos com a invasão da Ucrânia pela Rússia. No entanto, não há picos no preço da luz do sol, nem embargos ao vento e quase todas as nações têm recursos renováveis suficientes para serem autossuficientes em energia.Por fim, as energias limpas impulsionam o desenvolvimento. Podem chegar rapidamente, de forma acessível e sustentável, às centenas de milhões de pessoas que ainda vivem sem eletricidade – especialmente através de tecnologias solares descentralizadas e de pequena escala.Tudo isto torna a era das energias limpas imparável, mas a transição ainda não é suficientemente rápida nem justa. Os países em desenvolvimento estão a ser deixados para trás. Os combustíveis fósseis ainda dominam os sistemas energéticos e as emissões continuam a subir quando deveriam estar a cair drasticamente para evitar o pior da crise climática. Para corrigir esta situação, precisamos de ação em seis frentes.Em primeiro lugar, os governos devem estar totalmente comprometidos com o futuro das energias limpas. Todos os países comprometeram-se a apresentar, nos próximos meses, novos planos climáticos nacionais – as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) – com metas para a próxima década. Estes planos devem estar alinhados com o limite de 1,5 °C de aquecimento global, abranger todas as emissões e setores e traçar um caminho claro para as energias limpas. Os países do G20, responsáveis por cerca de 80% das emissões globais, devem assumir a liderança.Em segundo lugar, temos de construir sistemas energéticos do século XXI. Sem redes modernas e sem armazenamento, as energias renováveis não podem atingir o seu potencial. Atualmente, por cada dólar investido em energias renováveis, apenas 60 cêntimos vão para redes e armazenamento. Essa proporção deve ser de um para um.Em terceiro lugar, os governos devem ter como desígnio satisfazer a crescente procura de energia através das renováveis. As grandes empresas tecnológicas também devem assumir responsabilidades. Até 2030, os centros de dados poderão consumir tanta eletricidade como o Japão consome atualmente. As empresas devem comprometer-se a alimentá-los com energias renováveis.Em quarto lugar, devemos integrar a justiça na transição energética. Tal significa apoiar as comunidades ainda dependentes dos combustíveis fósseis na preparação para o futuro das energias limpas. Também é urgente reformar as cadeias de abastecimento de minerais críticos, atualmente marcadas por abusos de direitos e destruição ambiental. Os países em desenvolvimento continuam encurralados no fundo das cadeias de valor.Em quinto lugar, devemos fazer do comércio uma ferramenta de transformação energética. As cadeias de abastecimento de energias limpas estão altamente concentradas e o comércio global está a fragmentar-se. Os países comprometidos com a nova era energética devem diversificar o fornecimento, reduzir as tarifas sobre bens de energia limpa e modernizar tratados de investimento para apoiar a transição.Finalmente e em sexto lugar, é necessário canalizar financiamento para os países em desenvolvimento. África recebeu apenas 2% do investimento global em renováveis no ano passado, apesar de possuir 60% dos melhores recursos solares do mundo. É necessária ação internacional para: evitar que o pagamento do serviço da dívida esgote os orçamentos dos países em desenvolvimento, aumentar substancialmente a capacidade de empréstimo dos bancos multilaterais de desenvolvimento, mobilizar muito mais financiamento privado. Também precisamos que as agências de notação de crédito e os investidores atualizem as avaliações de risco, tendo em conta as prometedoras energias limpas, o custo do caos climático e o perigo de estagnação dos ativos fósseis.Uma nova era energética está ao nosso alcance, uma era em que as energias limpas, baratas e abundantes alimentam um mundo rico em oportunidades económicas, onde as nações têm a segurança da autonomia energética e onde a dádiva da eletricidade é para todos.Esta é a nossa oportunidade para impulsionar uma mudança a nível mundial. Vamos aproveitá-la.
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História
20 junho 2025
ONU80: Nossas Conquistas Devem nos Dar Esperança em um Futuro Melhor
NOVA IORQUE, EUA - Há oitenta anos, neste mês, a Carta das Nações Unidas foi assinada em São Francisco, virando a página de décadas de guerra e oferecendo esperança para um futuro melhor. Por 80 anos, as Nações Unidas se mantiveram como a mais alta expressão de nossas esperanças de cooperação internacional e como a personificação mais completa de nossa aspiração de acabar com o "flagelo da guerra". Mesmo em um mundo mergulhado no cinismo, este é um marco digno de ser reconhecido.As Nações Unidas continuam sendo a única organização do seu tipo e a única que perdurou por tanto tempo. Essa longevidade é notável quando consideramos o contexto de sua fundação: formada a partir dos escombros de não um, mas dois cataclismos globais. Sua antecessora, a Liga das Nações, havia ruído em desgraça.Nenhuma organização é perfeita. Mas, parafraseando o segundo Secretário-Geral, Dag Hammarskjöld: as Nações Unidas foram criadas não para levar a humanidade ao céu, mas para nos salvar do inferno. Nessa missão, elas não falharam.Continuamos a testemunhar cenas de guerra de cortar o coração — em Gaza, no Sudão, na Ucrânia e em outros lugares. A recente escalada entre o Irã e Israel é um lembrete gritante da fragilidade da paz, particularmente na região do Oriente Médio, propensa a tensões.No entanto, em meio à violência, conseguimos evitar uma terceira guerra global. Na era nuclear, essa é uma conquista que jamais podemos considerar garantida. É uma conquista que devemos preservar com toda a força de nossos esforços.Nas últimas oito décadas, grande parte do desenvolvimento humano também carrega a marca direta das Nações Unidas. Considere o sucesso dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, adotados em 2000 por 189 Estados-Membros e mais de 20 organizações internacionais, que deram ao mundo um roteiro compartilhado para a ação.Em 2015, em comparação com 1990, a pobreza extrema havia caído para mais da metade. A mortalidade infantil havia caído quase 50%. E milhões de crianças — especialmente meninas, a quem esse direito havia sido negado por muito tempo — ingressaram na escola pela primeira vez.Agora, enquanto nos esforçamos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, devemos construir sobre esse legado de progresso. Devemos continuar os esforços para erradicar a pobreza e a fome, alcançar a cobertura universal de saúde e produzir e consumir de forma sustentável.Há outra história de progresso, frequentemente esquecida: o desmantelamento do império. Oitenta anos atrás, o colonialismo lançou sua sombra sobre grande parte do mundo. Hoje, mais de 80 ex-colônias na Ásia, África, Caribe e Pacífico conquistaram a independência e aderiram às Nações Unidas. Essa transição, apoiada e legitimada por esta Organização, remodelou a ordem global. Foi um triunfo da autodeterminação, uma profunda afirmação do princípio mais fundamental da Carta: a igualdade soberana de todos os Estados. Evoluindo para o futuroO mundo mudou drasticamente desde 1945. Hoje, a Organização enfrenta uma crise de liquidez cada vez mais profunda. Apesar da promessa da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, o progresso tem sido desigual. A igualdade de gênero continua a nos escapar. Nossa promessa de limitar o aumento da temperatura global e proteger nosso planeta está se esvaindo.Esses contratempos não justificam uma ambição diminuída, mas sim uma maior determinação. As Nações Unidas sempre demonstraram seu valor em tempos de crise. Seus fundadores testemunharam a humanidade em seu momento mais destrutivo e responderam não com desespero, mas com ousadia. Devemos nos basear nessas conquistas.O espírito de São Francisco não era utópico. Baseava-se em uma compreensão sóbria do que estava em jogo. Sustentava que, mesmo em meio a profundas divisões, as nações ainda podiam escolher a cooperação em vez do conflito e a ação em vez da apatia.Vimos esse espírito em setembro passado, quando líderes mundiais se reuniram em Nova York para a Cúpula do Futuro. Após difíceis negociações, adotaram o Pacto para o Futuro e seus anexos — a Declaração sobre as Gerações Futuras e o Pacto Digital Global — por consenso. Ao fazê-lo, comprometeram-se a renovar o multilateralismo para um mundo mais complexo, conectado e frágil do que aquele imaginado em 1945.Esse espírito perdura até hoje. Vive na determinação de 193 Estados-Membros, na integridade dos funcionários públicos internacionais e na determinação silenciosa daqueles que acreditam firmemente na promessa da Carta. É levado adiante pela iniciativa ONU80 do Secretário-Geral, que nos convoca a fazer o melhor pela humanidade; e a olhar para o futuro com adaptabilidade e esperança.Ao celebrarmos este aniversário, devemos reacender o apelo à unidade e à solidariedade que ecoou em São Francisco há 80 anos.Construímos uma ordem mundial outrora, nas ruínas da guerra. Fizemo-lo com visão e urgência. Agora, novamente, encontramo-nos num momento de consequências. Os riscos são elevados. Assim como a nossa capacidade de agir.
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História
12 junho 2025
Vozes dos jovens ganham espaço na luta contra o cibercrime em Moçambique
MAPUTO, Moçambique - “Os jovens sabem usar a tecnologia melhor do que ninguém – e isso os torna essenciais no combate aos crimes digitais”, afirmou o Ministro da Comunicação e Transformação Digital de Moçambique, Américo Muchanga, na abertura do 3º Seminário sobre Cibercrime no país, promovido esta semana pela Procuradoria-Geral da República e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Realizado anualmente desde 2023, o evento deste ano marcou, também, o início de uma nova iniciativa do UNODC para o envolvimento académico de estudantes universitários em Moçambique.Durante dois dias, os estudantes participaram em apresentações e debates sobre os desafios mais prementes do crime digital: desde o uso criminoso da inteligência artificial – como deepfakes e clonagem de voz – até aos esquemas de burla online complexos, incluindo fraudes relacionadas com as criptomoedas e o chamado “pig butchering”. Tiveram ainda contacto com abordagens de investigação cibernética e com ferramentas de literacia digital, essenciais para a prevenção destes crimes.O seminário também coincidiu com uma realidade preocupante: o aumento dos crimes digitais em Moçambique. “O seminário veio num momento em que há uma onda de crimes digitais no país”, explica Silvana Silva, estudante do curso de Administração de Sistemas de Informação e Redes.As reações não se fizeram esperar. Para Érica Princesa, estudante de Direito, a experiência despertou ideias. “Acredito que poderíamos desenvolver artigos científicos com soluções aplicáveis aos temas abordados”. Bitone Viage, finalista de Direito, afirmou que “aguardava há meses um evento desta natureza para fechar o meu artigo científico”.Os estudantes participantes vieram de várias áreas, desde a Engenharia Eletrónica e Administração de Sistemas de Informação até às Ciências Jurídicas. “Esta diversidade é exatamente o que procurávamos. O combate eficaz ao cibercrime requer a combinação de diferentes perspetivas e competências”, destaca Mari-Line Billaudaz, Coordenadora do Programa do UNODC sobre cibercrime em África.Estudantes de Direito destacaram lacunas legais na punição de certos cibercrimes e referiram que o debate os ajudou a definir possíveis temas para os seus trabalhos de fim de curso. Já os estudantes de áreas tecnológicas se mostraram especialmente interessados na articulação entre privacidade, monitoramento de redes e combate ao crime organizado, e acreditam que a academia pode contribuir com soluções práticas e científicas.A Coordenadora do Programa do UNODC sobre cibercrime em África, elogiou o entusiasmo dos participantes. “Os estudantes demonstraram elevado grau de participação durante o seminário, levantando questões muito pertinentes durante os debates”.“Acredito que vale a pena repetir a experiência, que foi muito bem recebida pelos Senhores Procuradores”, continuou.“Aprendi como identificar vídeos manipulados pela IA e proteger os meus dados”, diz Iva Muchanga, estudante de Direito, destacando que o seminário, para além de conceitos teóricos, proporcionou também uma oportunidade para adquirir ferramentas úteis para se protegerem no dia-a-dia.A nova iniciativa do UNODC de aproximação à comunidade estudantil é um passo estratégico para envolver as futuras gerações de profissionais nas áreas da prevenção do crime e da justiça criminal. Até à data, encontram-se inscritos mais de 220 estudantes, habilitados a participar em eventos desta natureza sobre os mais variados temas, desde a corrupção e o uso de drogas à violência baseada no género e crimes contra o meio ambiente. “Queremos, essencialmente, ser desafiados, que as nossas ideias consolidadas sejam confrontadas e enriquecidas pelas novas perspectivas daqueles que dominam estas tecnologias”, explica Antonio de Vivo, Chefe do Escritório do UNODC.“A energia e o espírito crítica dos jovens que testemunhamos neste seminário são a prova de que a luta contra o crime, a droga e a corrupção precisa das vozes dos jovens”, rematou De Vivo.O UNODC agradece aos Estados Unidos da América pelo seu apoio financeiro a esta iniciativa. Se és estudante universitário em Moçambique, inscreve-te na nossa base de dados e habilita-te a participar em eventos do UNODC.
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Comunicado de Imprensa
06 agosto 2025
Declaração atribuída ao Porta-voz Adjunto do Secretário-Geral sobre Moçambique
NOVA IORQUE, EUA - Temos uma atualização sobre Moçambique, onde nossos colegas do Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) estão alertando sobre uma nova onda de violência na província de Cabo Delgado. Segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mais de 57.000 pessoas foram deslocadas nos últimos dias, a maioria mulheres e crianças do distrito de Chiúre.Nossos parceiros estão intensificando os esforços para ajudar as pessoas, embora, devido aos recursos limitados, apenas metade das pessoas que precisam de ajuda a tenha recebido. Escolas estão sendo usadas como abrigos temporários, mas esforços estão em andamento para realocar as famílias deslocadas para outros locais, o que exige melhorias urgentes nos abrigos, bem como nos serviços de saúde, água, saneamento e higiene.O OCHA está preocupado com a segurança de mulheres, crianças e menores desacompanhados em risco de exploração. Nossos colegas humanitários observam que, embora Moçambique tenha enfrentado muitas crises desde 2017, este último aumento no deslocamento está se desenvolvendo à medida que o acesso humanitário e o financiamento diminuem.O Plano de Resposta e Necessidades Humanitárias para Moçambique, no valor de US$ 352 milhões, conta com apenas 19% de financiamento, com US$ 68 milhões recebidos até o momento. Mais de 1 milhão de pessoas correm o risco de perder o acesso a alimentos, água e abrigo, e atender às necessidades dos recém-deslocados será cada vez mais difícil.Ao mesmo tempo, gostaríamos de agradecer aos nossos amigos em Maputo pelo pagamento integral do Orçamento Ordinário. O pagamento de Moçambique eleva para 118 o número de Estados-Membros com o pagamento integral.
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Comunicado de Imprensa
30 julho 2025
Declaração do Secretário-Geral das Nações Unidas por ocasião do Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas
NOVA IORQUE, EUA - O tráfico de pessoas é um crime hediondo e uma grave violação dos direitos humanos. É uma das formas de crime organizado que mais cresce – comandada por redes implacáveis que se aproveitam da vulnerabilidade e lucram com a dor.Trata-se de uma atividade brutal e altamente organizada, baseada em engano, coerção e exploração. E está evoluindo rapidamente.Grupos criminosos operam além-fronteiras com velocidade e sofisticação alarmantes. Eles exploram brechas legais, infiltram-se em indústrias e cadeias de suprimentos legítimas, aproveitam-se dos fluxos migratórios e usam a tecnologia para recrutar, controlar e abusar – inclusive por meio da exploração sexual online ou forçando as vítimas a participar de golpes cibernéticos.Devemos responder com unidade e urgência.Podemos fazer isso rompendo o modelo de negócios que sustenta o tráfico de pessoas – acabando com a impunidade, cortando lucros ilícitos e fortalecendo os sistemas de aplicação da lei e de justiça. Os perpetradores devem ser responsabilizados.Devemos também forjar alianças fortes – com a sociedade civil e o setor privado, incluindo empresas de tecnologia – para conscientizar e promover canais de denúncia para prevenir a exploração e proteger os vulneráveis.E devemos nos esforçar para garantir justiça aos sobreviventes, apoiar os deslocados e combater as causas profundas – da pobreza e desigualdade aos conflitos e às mudanças climáticas.Neste Dia Mundial contra o Tráfico de Pessoas, vamos agir juntos para apoiar as vítimas, responsabilizar os perpetradores e construir um mundo onde ninguém seja comprado, vendido ou explorado.
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Comunicado de Imprensa
28 julho 2025
Campanha digital-piloto sobre violência baseada no género chega a milhares em Moçambique
MAPUTO, Moçambique - Uma nova campanha digital liderada pela Procuradoria-Geral da República, a Polícia da República de Moçambique e o Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC) põe a tecnologia ao serviço da prevenção e combate à violência baseada no género. Lançada oficialmente em junho de 2025, a iniciativa consiste em mensagens áudio gravadas, acessíveis gratuitamente a partir de qualquer telemóvel através da linha 94321 (Movitel e TMCell). A linha está disponível 24 horas por dia, 7 dias por semana.Num país onde, só em 2024, foram instaurados mais de 8 mil processos por crimes relacionados com violência de género, o desafio é enorme. As Províncias de Gaza, Inhambane e Zambézia lideram o número de casos, segundo dados partilhados por Amabélia Chuquela, Procuradora-Geral Adjunta de Moçambique e Chefe do Departamento Especializado para a Área Criminal da Procuradoria-Geral da República, no evento de lançamento.“O índice é deveras preocupante, demonstrando a necessidade de mudança de atitudes e paradigmas por forma a tornar a prevenção e combate contra a violência baseada no género mais efectiva”, explicou a Procuradora-Geral Adjunta. “Não podemos normalizar a violência e o medo e nem podemos continuar a perder vidas que podiam ser salvas”.“A campanha que hoje se lança foi concebida para quebrar o silêncio, a partir de mensagens fortes gravadas e de acesso gratuito, com conteúdos educativos sobre diferentes tipos de violência baseada no género, como identificá-los e como e onde apresentar denúncia”, continuou. Mais do que informar, o objectivo é empoderar: “empoderar as vítimas e as testemunhas, mostrando que elas não estão sozinhas”.Nesta fase piloto, as mensagens estão disponíveis em português, changana, maconde, macua e ndao.O evento de lançamento contou com a participação de líderes religiosos e comunitários, representantes da juventude, academia, sociedade civil, comunidade internacional e sectores governamentais ligados à área da violência baseada no género. Falando no evento de abertura, o chefe do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime – UNODC em Moçambique, Antonio De Vivo, apelou à participação activa de todos os sectores representados, “para que estas mensagens atravessem bairros, distritos, províncias; ressoem nas rádios, nas salas de aula, nas conversas entre famílias e amigos, nas redes sociais”.Madalena Cidália, Directora da Associação das Vítimas de Violência Doméstica, descreve o serviço como “mais uma ferramenta para o nosso trabalho”. Já Hilário Alfredo, da Associação Amigos da Comunidade, com sede em Zambézia, afirmou que a campanha tem “grande potencial de impacto e réplica”. “Eu em particular saio mais consciente e motivado para continuar nesta luta”.A iniciativa conta com o apoio do Governo da Noruega e é implementada em colaboração da ONU Mulheres e o Fundo de População das Nações Unidas e os seus parceiros internacionais (Agência Coreana de Cooperação Internacional e Finlândia). Com duração de 1 ano (junho de 2025 a junho de 2026), contou o seu primeiro mês de funcionamento com mais de 10.000 ouvintes, oriundos maioritariamente das províncias de Nampula, Cabo Delgado e Sofala. Mas para quem a lidera, o seu sucesso será medido de forma simples: pelo número de vidas que consiga salvar.A assistência técnica da UNODC em Moçambique no combate ao crime, terrorismo e justiça criminal é possível graças ao apoio financeiro da Noruega, Estados Unidos da América, Alemanha, União Europeia, Japão, Suíça, Finlândia, Portugal e Itália.
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Comunicado de Imprensa
09 julho 2025
Noruega e UNFPA assinam acordo de 2,8 milhões de dólares para alargar serviços de saúde e protecção para mulheres e raparigas no norte de Moçambique
MAPUTO, Moçambique - O Governo da Noruega e o Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) assinaram hoje um novo acordo que dá início a uma nova fase de uma iniciativa essencial destinada a proteger e capacitar mulheres e raparigas afectadas pelo conflito no norte de Moçambique.Esta parceria renovada, apoiada por um financiamento de 2,8 milhões de dólares americanos (aproximadamente 180 milhões de Meticais) concedido pela Embaixada da Noruega em Maputo, terá a duração de três anos e visa reforçar os direitos e os serviços de saúde sexual e reprodutiva, bem como prevenir e responder à violência baseada no género, em alguns dos distritos mais vulneráveis do país. Dar continuidade ao impacto alcançadoO programa assenta em resultados sólidos alcançados na fase anterior, que permitiu prestar serviços essenciais de saúde sexual e reprodutiva a mais de 100.000 mulheres e raparigas nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa. Com o agravamento dos efeitos do conflito e do deslocamento forçado, que continuam a sobrecarregar os serviços públicos e a expor mulheres e raparigas a riscos acrescidos, esta nova fase surge num momento crucial.A fase anterior contemplou cuidados pré-natais e pós-natais, planeamento familiar, encaminhamentos de urgência obstétrica, apoio psicossocial a sobreviventes de violência baseada no género e brigadas móveis de saúde que chegaram a comunidades sem acesso a infra-estruturas fixas. Centenas de profissionais de saúde foram formados e equipados, espaços seguros foram estabelecidos para mulheres e raparigas, e milhares de rapazes e jovens participaram em acções de promoção da igualdade de género e do respeito mútuo. Uma visão de recuperação inclusiva e resilienteDurante a cerimónia de assinatura, a Chefe da Cooperação da Embaixada da Noruega, Sra. Sissel Idland, reiterou o compromisso da Noruega com os direitos e a dignidade das mulheres e raparigas em contextos de crise.“Este trabalho vai muito além da prestação de serviços”, declarou. “É um investimento na esperança, na autonomia e na segurança das pessoas que já perderam tanto. Trata-se de garantir que cada mulher e cada rapariga possa decidir livremente sobre o seu corpo e o seu futuro, livre de violência e coerção”.O novo programa reforçará os sistemas de saúde, melhorará os mecanismos de encaminhamento de emergências, expandirá os serviços de saúde adaptados aos jovens e aumentará a resiliência das comunidades deslocadas e de acolhimento. Prevê-se também um apoio mais profundo a sobreviventes de violência baseada no género, através de gestão de casos, apoio psicossocial, assistência jurídica e formação profissional, com ênfase na inclusão de pessoas com deficiência. O nexus humanitário-desenvolvimento-paz em práticaA iniciativa reflecte o compromisso com o chamado nexus humanitário-desenvolvimento-paz — uma abordagem coordenada que liga a assistência de emergência imediata a investimentos sustentáveis nos serviços públicos e a esforços de construção da paz e resiliência.No norte de Moçambique, onde o conflito e o deslocamento continuam a perturbar a vida quotidiana, isto significa salvar vidas hoje, ao mesmo tempo que se constroem sistemas e comunidades capazes de sustentar o futuro.“Muitas mulheres e raparigas no norte de Moçambique continuam a enfrentar os impactos combinados do conflito, deslocamento e desigualdade”, afirmou Sra. Nélida Rodrigues, Representante do UNFPA em Moçambique. “Esta renovada parceria com o Governo da Noruega não se trata apenas de prestar serviços — trata-se de restaurar a dignidade, reforçar a resiliência e garantir que nenhuma mulher ou rapariga fique para trás. Juntos, estamos a construir um futuro onde os direitos, a saúde e a segurança sejam uma realidade para todos”, ela concluiu.O programa está plenamente alinhado com as estratégias nacionais de recuperação e resiliência do Governo de Moçambique e reflecte a convicção partilhada de que a resposta à crise deve não apenas satisfazer as necessidades imediatas, mas também criar as bases para um desenvolvimento duradouro e inclusivo.Com este acordo, a Noruega e o UNFPA reafirmam a sua visão comum: um Moçambique onde cada gravidez seja desejada, cada parto seja seguro, e cada mulher e rapariga possa viver livre de violência.Juntos, trabalham para garantir que nenhuma mulher ou rapariga fique para trás — nem na saúde, nem na protecção, nem na dignidade. Sobre o compromisso da Noruega com mulheres e raparigas em MoçambiqueO Governo do Reino da Noruega é um parceiro de longa data na promoção da igualdade de género, da paz e do desenvolvimento inclusivo em Moçambique, com especial enfoque nos direitos e no bem-estar de mulheres e raparigas.Através do apoio à educação, à saúde, à protecção e ao empoderamento económico, a Noruega contribui para a construção de um futuro mais seguro e mais justo para os mais vulneráveis.Enquanto defensora destacada da agenda “Mulheres, Paz e Segurança”, a Noruega colabora com agências das Nações Unidas, a sociedade civil e autoridades locais, assegurando que as mulheres não sejam apenas protegidas em tempos de crise, mas também capacitadas para liderar os processos de recuperação e de consolidação da paz.Nas regiões afectadas pelo conflito, como Cabo Delgado, o apoio da Noruega tem sido fundamental para garantir o acesso a serviços vitais, fomentar a liderança feminina e reforçar a resiliência comunitária. Sobre o UNFPA em MoçambiqueO UNFPA, a agência das Nações Unidas para a saúde sexual e reprodutiva, trata de questões populacionais e é responsável por alargar as possibilidades de as mulheres e os jovens terem uma vida sexual e reprodutiva saudável. O UNFPA trabalha para acelerar o acesso universal à saúde sexual e reprodutiva, incluindo o planeamento familiar voluntário e a maternidade segura, e procura concretizar os direitos e as oportunidades dos jovens. O UNFPA também apoia os países que utilizam dados populacionais para antecipar desafios futuros, oferecendo assistência técnica que fortalece e capacita os seus parceiros.
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Comunicado de Imprensa
07 julho 2025
A Arábia Saudita envia tâmaras que salvam vidas para alimentar 100 mil moçambicanos afectados pelo conflito
MAPUTO, Moçambique - O Centro de Ajuda Humanitária e Assistência Rei Salman (KSrelief), em parceria com o Programa Mundial para a Alimentação (PMA) das Nações Unidas, entregou 23 toneladas métricas de tâmaras sauditas de alta qualidade para apoiar mais de 100 mil mulheres, crianças e famílias vulneráveis no norte de Moçambique que estão a sofrer com os impactos do conflito e do deslocamento.As tâmaras, um alimento básico da generosidade e nutrição saudita há séculos, são ricas em fibras, antioxidantes e minerais essenciais como potássio, magnésio e ferro. Esta doação irá melhorar directamente as dietas de famílias que enfrentam insegurança alimentar, proporcionando tanto nutrição imediata quanto um símbolo de solidariedade do povo da Arábia Saudita.As tâmaras chegaram ao Porto de Nacala e foram rapidamente transportadas para a província de Cabo Delgado, onde a distribuição para as famílias afectadas pelo conflito já está em andamento.“Estas tâmaras irão fortalecer a dieta de 100 mil pessoas, especialmente mulheres e crianças, e representam um gesto significativo de solidariedade do povo do Reino da Arábia Saudita para com o povo de Moçambique”, disse Antonella D’Aprile, Directora Nacional e Representante do PMA em Moçambique.O Sr. Mishaal Bin Shail, Cônsul Interino do Reino da Arábia Saudita em Moçambique, acrescentou: “O presente de tâmaras é um símbolo silencioso, mas poderoso, de boa vontade que reflecte valores partilhados, fortalecendo os laços de amizade entre as nossas nações e ecoando um espírito de cuidado e solidariedade que define o envolvimento do Reino da Arábia Saudita com comunidades vulneráveis”.Moçambique está actualmente a enfrentar uma das crises de segurança alimentar mais severas dos últimos anos. Estima-se que 5 milhões de pessoas necessitem de assistência humanitária urgente, e quase 40% das crianças com menos de cinco anos estão a sofrer de desnutrição crónica. No norte, o conflito em curso e os choques climáticos continuam a deslocar famílias e a perturbar os seus meios de subsistência, tornando o apoio que salva vidas mais crítico do que nunca.A assistência humanitária da Arábia Saudita, coordenada pela KSrelief, é um pilar da sua ajuda externa. Desde 2015, a KSrelief tem entregue ajuda a comunidades vulneráveis em todo o mundo. Entre 2022 e 2024, a Arábia Saudita forneceu 160 toneladas métricas de tâmaras a Moçambique, reafirmando o seu compromisso a longo prazo com a recuperação e resiliência do país. Sobre o PMAO Programa Mundial para a Alimentação (PMA) das Nações Unidas é a maior organização humanitária do mundo, salvando vidas em emergências e usando a assistência alimentar para construir um caminho para a paz, estabilidade e prosperidade para as pessoas que se recuperam de conflitos, desastres e do impacto das mudanças climáticas.Siga-nos no X, anteriormente Twitter, via @wfp_mozambique, @WFP_Safrica e @wfp_ @wfp_mediaSobre KSreliefO Centro de Ajuda Humanitária e Assistência do Rei Salman (KSrelief), estabelecido sob a orientação do Guardião das Duas Mesquitas Sagradas, o Rei Salman bin Abdulaziz Al Saud, representa o compromisso da Arábia Saudita com os esforços humanitários globais. Inaugurado em Maio de 2015, o KSrelief tem fornecido ajuda humanitária imparcial e auxílio a mais de 100 países em cooperação com organizações locais, regionais e internacionais.Sobre a Embaixada da Arábia Saudita em Moçambique A Embaixada do Reino da Arábia Saudita em Maputo representa a presença diplomática oficial do Reino na República de Moçambique. A Embaixada está dedicada a promover relações bilaterais fortes e cooperativas entre a Arábia Saudita e Moçambique, com um foco no diálogo político, na colaboração económica e na troca cultural.
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