UNODC e Govereno de Moçambique capacitam Procuradores Provinciais sobre Procedimento Penal de Crimes contra a Fauna Bravia.
Maputo, Moçambique - O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) em Moçambique está a trabalhar junto com a Procuradoria-Geral da República de Moçambique (PRG) e outros parceiros internacionais e nacionais para combater os crimes contra a vida selvagem e florestas.
Anualmente, o comércio internacional de espécies de fauna bravia e florestas é estimado em bilhões de dólares e envolve milhões de espécimes de plantas e animais. O comércio é diverso, variando de animais vivos e plantas aos produtos deles derivados, incluindo alimentos, couro, madeira e medicamentos. Moçambique é um país particularmente afetado pelo fenómeno, sendo origem e de trânsito desse tráfico.
Para apoiar esse esforço global, realizou-se em Maputo, entre os dias 12 e 16 de Outubro, uma importante ação de formação, voltada à capacitação de magistrados do Ministério Público das Províncias de Sofala, Manica, Tete e Zambézia. Ao todo, doze Procuradores Provinciais da República das secções criminais da região centro do país participaram da actividade, que foi muito bem-sucedida em seu propósito e bem recebida pelas autoridades moçambicanas.
A formação em questão cumpriu uma série de objectivos, destacam-se:
A aplicação do Manual Jurídico para Investigação e Procedimento Penal de Crimes contra a Fauna Bravia, instrumento essencial para a correta instauração de processos contra criminosos ou redes criminosas organizadas envolvidas em crimes contra a vida selvagem;
A melhoria da compreensão do crime relacionado à fauna bravia e o seu impacto; e
A uniformização dos procedimentos de actuação da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), do Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) e do Ministério Público na investigação dos crimes dessa natureza.
Os impactos positivos gerados pelas actividades de capacitação se revelam no curto, médio e longo prazos, e auxiliam a criar maior interlocução entre os atores responsáveis por avançar as inadiáveis proposições da agenda ambiental e de desenvolvimento sustentável, no âmbito local. Em Moçambique, muitos parceiros de cooperação estão envolvidos no objectivo mais amplo de combater os crimes praticados contra a vida selvagem e florestas, e o UNODC agradece a participação de cada um.
O programa de capacitação a magistrados, especificamente, foi fruto de uma parceria entre a Procuradoria-Geral da República (PGR), a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), por meio do programa SPEED+, a World Wild Fund for Nature (WWF), além do UNODC, cuja participação foi possível graças financiamento concedido pela União Europeia e o Reino Unido, por meio do Consórcio Internacional de Combate a Crimes Contra a Vida Selvagem e Florestas (ICCWC) e do “Cross-Regional Wildlife Conservation Programme na África Oriental e Austral e no Oceano Índico”.
A abertura do evento contou com a participação da S. Excia. Procuradora-Geral Adjunta, a Dra. Amabélia Chuquela, responsável pelo Departamento Especializado para Área Criminal da PGR. Na ocasião, a Dra. Chuquela afirmou que a preservação do meio ambiente é uma prioridade.
“O Ministério Público tem vindo a conduzir esforços no sentido de intensificar a prevenção e o combate às infracções contra a biodiversidade, designadamente, o abate de espécies protegidas ou proibidas”, S. Excia. Procuradora-Geral Adjunta, a Dra. Amabélia Chuquela.
Os participantes saldaram unanimemente a iniciativa do Ministério Público e a relevância da formação para a sensibilização e capacitação das autoridades nacionais no combate aos crimes contra a fauna e a flora. Segundo o Coordenador-Regional do Programa de Combate a Crimes contra a Vida Selvagem e Florestas para a África do Sul do UNODC, Eng. Javier Montano, “Moçambique tem sido particularmente afectado por esse fenómeno, por ser local tanto de origem quanto de trânsito desses produtos traficados”.
Legenda: Magistrados visitam a Reserva de Maputo como parte da capacitação.
Os Procuradores Provinciais que participaram da actividade tiveram uma semana intensa de formação, que incluiu também visita à Reserva Especial de Maputo. O conhecimento empírico e a difusão de boas práticas no combate a esses crimes fazem parte do processo de formação e de aprimoramento das capacidades técnicas dos agentes públicos responsáveis pela temática ambiental.
Nesse contexto, UNODC e os parceiros de cooperação continuarão a apoiar esse importante processo, que complementa outros treinamentos realizados desde 2018 e que visa ao aumento da capacidade das instituições moçambicanas para responder de maneira eficaz aos desafios que o crime organizado transnacional impõe.