Deslocados por ciclone em Savane retomam meios de vida com apoio do PNUD e da União Europeia
No dia 13 de outubro, foi inaugurado um mercado com técnicas de construção resilientes, agregando apoio a 5 mil famílias já atendidas em Savane.
Beira, Moçambique - "Aqui é onde vou morar, fazer uma vida, para produzir, vender, comer. [...] Com o mercado vai melhorar ainda mais para fazer nossa vida aqui", relata Eugenia Oraibo, líder comunitária e umas das milhares de pessoas deslocadas após o Ciclone Idai em 2019, na Província de Sofala, Moçambique.
Eugenia comemora a recente inauguração do Mercado do Bairro de Reassentamento de Savane, inaugurado no último dia 13 de outubro, data que também marca o Dia Internacional da Redução do Risco de Desastres. O evento emblemático para a comunidade local contou com a presença do Governador de Sofala, Sr. Lourenço Ferreira Bulha, e o Embaixador da União Europeia (UE), Sr. Antonio Sánchez-Benedito Gaspar. A obra é fruto dos esforços conjuntos do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Gabinete de Reconstrução Pós-Ciclones (GREPOC), com apoio financeiro da UE, no âmbito do Mecanismo de Recuperação do PNUD.
Intervindo na inauguração, o Embaixador da UE disse que “queria ouvir e ver tudo o que esta a ser empreendido como esforços de reconstrução e consolidação da paz, e também para prestar contas daquilo que foram os nossos compromissos, como União Europeia, para com a província de Sofala depois dos ciclones e no que se refere a consolidação da paz. Pelo que vi, posso afirmar que temos resultados e vamos continuar a avançar pois há ainda muito que fazer”.
Estima-se que o mercado beneficiará diretamente 1.191 moradores da região, muitos deles ainda esforçando-se para retomar seus negócios em locais mais seguros. Notar ainda que para a recuperação dos meios de vida na zona do reassentamento de Savane, mais de 5 mil famílias em situação de vulnerabilidade receberam assistência em atividades de geração de renda e desenvolvimento de pequenos negócios do MRF do PNUD, a incluir a construção de um viveiro de peixes, limpeza de campos agrícolas, abertura de vias de acesso e valas, construção de fogões de energia eficiente, dos quais foram criados 92 grupos de poupança e crédito, num total de 2.694 membros, dos quais 1.894 mulheres. Além de uma iniciativa de empréstimos comunitários, foram entregues na comunidade 1.500 kits para actividades de geração de renda e pequenos negócios, atingindo 1.600 famílias beneficiárias.
“A construção deste mercado iniciou em abril do corrente ano, com financiamento do maior doador do Mecanismo de Recuperação do PNUD, a União Europeia. Este é um dos três mercados concluídos. Estes mercados foram concebidos e construídos de acordo com os padrões de construção resiliente e melhorada ‘Build Back Better’ e tendo em vista a utilização sustentável deste espaço, o que inclui o abastecimento de água por meio da coleta de água da chuva, bem como eletricidade por meio de energia renovável”, explicou Ghulam Sherani, chefe do escritório de campo do PNUD na Beira e coordenador do programa MRF, em nome da Representante Residente do PNUD.
“Além disso, o trabalho contou com a contribuição dos pedreiros e artesãos do reassentamento de Savane e das comunidades hospedeiras, que foram treinados em técnicas de construção resiliente em 2019 pelo PNUD, com 30% de treinamento teórico e 70% prático. Os participantes da comunidade se organizaram em turnos e grupos menores para maximizar a oportunidade de trabalho de forma segura e saudável e apoiar a construção do Mercado para sua comunidade. Seu trabalho tornou o Mercado uma realidade em meio aos desafios do COVID-19”, concluiu.
"Estamos a fazer o mercado para servir a nós todos. Estávamos na falta de mercado, então estamos com muita vontade. Mercado era longe daqui. Agora vamos conseguir retomar melhor até mesmo o que nos vendíamos na praia, antes do Ciclone. [ ... ] Já me sinto confiante em aprender e assim ja contruí minha casa. A chuva está a cair e nada de ruim acontece", relata Gino Francisco Alban, residente do reassentamento, pedreiro participante das construções e capacitado pelo Mecanismo de Reconstrução do PNUD.
“Nos sentimos orgulhosos por estarmos presentes a proceder com a inauguração desta infraestrutura. Esta construção é resiliente e deve ser bem cuidada”, afirmou o Governador da Província de Sofala. “A União Europeia procoporcionou nos os fundos por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), com vista a concretizar este sonho que temos todos a oportunidade de testemunhar. Ao Governo do Distrito de Dondo vão as nossas saudações pela cedência do espaço e acompanhamento das obras até o seu término.”
O coordenador sénior do GREPOC, Sr. Zefanias Chitsungo, ressaltou: “hoje, testemunhamos a entrega de mais uma obra resultante do programa de reconstrução pós-ciclones por meio do programa Mecanismo de Recuperação de Moçambique, um projecto de implementação directa do PNUD em observância às normas e padrões de qualidade e resiliência. Este empreendimento foi construído respeitando as normas de combate ao COVID 19: está provido de sanitários, ponto de lavagem das mãos para assegurar a higiene dos utentes e vendedores. […] Está de parabéns a populacao de Savane, está de parabéns a provincia de Sofala; apelamos ao bom uso e conservação da infraestrutura e votos de sucessos nas actividades de recuperação e de meios de susbsistência daqui resultantes, nomeadamente, o comércio.”
Gostei muito de nós termos mercado. Vou fazer meu negócio de pão aqui”, afirma Angélica Rafael, 43 anos, ao lado da filha e da neta. Ela é a chefe da casa onde mora com outras 6 pessoas.
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Em 2020, o Mecanismo de Recuperação está apoiando mais de 53.143 famílias (mais de 265.000 pessoas) com atividades de recuperação de meios de subsistência sustentáveis, que incluem empregos temporários, reabilitação de infraestrutura produtiva da comunidade, treinamento de habilidades, iniciação de pequenos negócios, criação de grupos de poupança e a entrega de kits para trabalho autônomo. Além disso, o MRF está reconstruindo e reabilitando 10 escolas (8 primárias e duas secundárias), 1.000 casas, quatro repartições governamentais e um hospital. Além da União Europeia, o Mecanismo de Recuperação conta com apoio financeiro do Canadá, China, Finlândia, Holanda, Índia e Noruega.