Maputo, Moçambique - Este ano, o Dia Internacional da Redução do Risco de Desastres, marcado este 13 de outubro, destaca a importância da boa governaça para construir um mundo mais seguro e resiliente.
Em mensagem sobre o dia, o secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que “uma boa gestão do risco de desastres significa agir com base na ciência e em provas”.
Responsabilidade
Para o chefe da ONU, “o risco de desastres não é responsabilidade exclusiva das autoridades locais e nacionais”.
António Guterres diz que isso requer compromisso político ao mais alto nível para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODSs, e a Convenção-Quadro de Sendai para a Redução do Risco de Desastres.
Para erradicar a pobreza e reduzir os impactos das mudanças climáticas, o chefe da ONU diz que a comunidade internacional deve “colocar o bem público acima de todas as outras considerações”.
Segundo o secretário-geral, as situações mais graves "só pioram sem uma boa gestão do risco de desastres”.
Pandemia
O secretário-geral afirmou que a pandemia de Covid-19 trouxe renovada atenção para a importância de fortalecer a redução do risco de desastres. Segundo ele, a crise de saúde “mostrou que o risco sistêmico requer cooperação internacional”.
Guterres disse que “muitos países enfrentam várias crises simultaneamente” e que, se nada foi feito, mais casos semelhantes acontecerão.
Apesar de um grande aumento dos desastres nas últimas duas décadas, Guterres diz que houve “pouco progresso na redução da perturbação climática e da degradação ambiental”.
Relatório
Segundo um novo relatório do Escritório da ONU sobre Redução de Risco de Desastres, publicado na segunda-feira, os primeiros 20 anos do século 21 foram marcados por um aumento "impressionante" dos desastres climáticos,
Nesse período, houve 7.348 desastres em todo o mundo. Aproximadamente 1,23 milhão de pessoas morreram, cerca de 60 mil por ano. Além disso, mais de 4 bilhões de pessoas foram afetadas.
Essas duas décadas causaram US$ 2,97 trilhões em perdas para a economia global. Os dados mostram que as nações mais pobres tiveram taxas de mortalidade mais de quatro vezes superiores às economias mais ricas.
Em comparação, o período anterior de 20 anos, de 1980 a 1999, teve 4.212 desastres relacionados com desastres naturais. Estes eventos causaram 1,19 milhão de mortes e perdas econômicas de US$ 1,63 trilhão. Mais de 3 bilhões de pessoas foram afetadas por catástrofes naturais.
Aumento
Um melhor registro explica a diferença nas últimas duas décadas, mas o aumento das emergências relacionadas ao clima foi a principal razão para o crescimento.
Para os autores do relatório, “esta é uma prova clara de que em um mundo onde a temperatura média global em 2019 era 1,1ºC acima do período pré-industrial, os impactos estão sendo sentidos”.
Segundo o estudo, isso é evidente na maior frequência de ondas de calor, secas, inundações, tempestades de inverno, furacões e incêndios florestais.
As inundações foram responsáveis por mais de 40% dos desastres, afetando 1,65 bilhão de pessoas, seguidas por tempestades, terremotos, e temperaturas extremas.
Moçambique
Para a Coordenadora Residente das Nações Unidas em Moçambique, Myrta Kaulard, o Dia Internacional da Redução do Risco de Desastres lembra a todos que "após um ano dos ciclones Idai e Kenneth terem atingido Moçambique, ainda devemos manter o foco em reduzir fragilidades e investir em preparação e resiliência para uma verdadeira ação aclimática".
Precisamos de instituições fortes e empoderadas que continuem a trabalhar para eliminar as causas de desastres. Continuaremos a apoiar Moçambique para um futuro melhor e seguro para todas e todos - Myrta Kaulard.
Os ciclones Idai e Kenneth marcaram pela primeira vez, desde que há registo, que dois ciclones tropicais fortes atingem Moçambique durante a mesma estação provocando mais de 600 mortos e um número estimado de 2,5 milhão de pessoas necessitadas.
Milhões de pessoas ainda precisam de assistência humanitária e apoio para reconstruir seus meios de subsistência um ano depois que o ciclone Idai atingiu três nações do sudeste da África.