Mais de 103.000 famílias afetadas pelos ciclones Idai e Kenneth foram apoiadas com atividades de recuperação econômica.
Antes dos ciclones de 2019 em Moçambique, Hélder Felizardo Moisés, 26 anos, havia construído sua casa na encosta da praia, na cidade da Beira. Após o desastre afetar ele e sua família, tiveram de abandonar a casa e passaram a morar em abrigos temporários da cidade, em escolas e mercados, nos meses seguintes.
Já com a decisão de ser abrigado em um dos assentamentos oficiais do governo, Hélder mudou-se para Dondo com sua família. “Decidi me mudar para cá, porque não consegui um emprego na cidade depois do Ciclone Idai. Aqui sinto que minha família está mais segura”, relata ele que é pai de duas filhas.
A busca de Hélder por melhores oportunidades de trabalho na área comercial continuou. Em paralelo, ele passou a integrar o grupo de trabalho em construção resiliente e comunitária no assentamento, estabelecido pelo PNUD no âmbito do Mecanismo de Recuperação – programa de cinco anos em parceria com o Governo de Moçambique, com apoio de multi-doadores como a União Europeia, Canadá, China, Índia, Finlândia, Holanda e Noruega.
Por meio de aulas 30% teóricas e 70% práticas, ele aprendeu sobre fundamentos básicos da construção civil e, junto a outros colegas carpinteiros, marceneiros e pedreiros, construiu casas modelos no assentamento. Junto a mentoria da ONG Young Africa, parceira de implementação local do PNUD, os beneficiários do projeto levantaram um modelo de casa resiliente, com instalação de janelas fortificadas e um sistema de energia solar.
A partir dessa primeira experiência de construir uma casa resiliente, Hélder ganhou confiança e passou a investir na área para que recuperasse seus meios de subsistência. “Eu me sinto como todo mundo. Estamos praticando a mesma atividade e estou muito feliz por isso”, conta Hélder, que apesar da deficiência física nas pernas adaptou-se à rotina de trabalho e fora bem recebido pelos colegas da comunidade.
Legenda: Hélder em frente à casa que construiu no âmbito do projeto do PNUD para recuperação dos meios de vida e de construções comunitárias.
Juntamente com outros companheiros, ele também construiu o Centro de Prevenção da Comunidade contra a Violência de Gênero e rehabilitou casas particulares em distritos vizinhos. “Estou sendo pago e sou capaz de fazer esse trabalho. Me sinto bem em construir casos para as pessoas e sei que assim, vamos ser ajudados de volta também”. Atualmente, Hélder participa da construção de 40 casas no distrito de Chibabava, como parte da segunda fase do projeto do PNUD para construções comunitárias e resilientes junto ao componente de inclusão das pessoas com maior vulnerbailidade social como mulheres e pessoas com deficiência.
A grande inspiração de Hélder: Construir novos lares para que as pessoas, assim como ele, tornem-se mais resilientes contra futuros desastres.