Um ano após o ciclone Idai, milhões de pessoas ainda necessitam de assistência
Milhões de pessoas ainda precisam de assistência humanitária e apoio para a reconstrução de suas vidas, um ano depois do ciclone Idai ter devastado três nações.
Maputo, Moçambique - Milhões de pessoas ainda precisam de assistência humanitária e apoio para a reconstrução de suas vidas, um ano depois do ciclone Idai ter devastado três nações da África Austral.
O Ciclone devastador da Categoria 4 ocorreu em Moçambique no dia 14 de Março de 2019, tendo inundado partes do vizinho Zimbábue e Malawi. Seis semanas depois, este foi seguido pelo ciclone Kenneth que expandiu os danos para o norte do país que havia escapado do Idai.
As Nações Unidas estimam que em Moçambique, pelo menos 2.5 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária devido a ciclones, seca e cheias. Mais de 100,000 pessoas vivem em 76 locais de reassentamento, segundo a Matriz de Monitorização de Pessoas Deslocadas da OIM (DTM).
A seca na parte sul do país e três meses de chuvas severas que começaram em Dezembro de 2019, criaram ainda mais dificuldades, tendo afectado aproximadamente 150,000 pessoas incluindo 71,000 na Província de Sofala, uma das áreas mais devastadas pelo ciclone Idai. As chuvas danificaram mais de 4,000 abrigos nos locais de reassentamento.
A OIM Moçambique está a prestar assistência dentro dos locais de reassentamento e nas comunidades acolhedoras. Desde Março de 2019, a assistência directa da Organização alcançou mais de 500,000 pessoas através de doações e itens providenciados para abrigo, e apoio nas áreas de acolhimento, Coordenação de Acampamento e Gestão e Acampamento (CCCM), Protecção, Saúde, e Saúde Mental e Apoio Psicológico (MHPSS).
Enquanto algumas áreas afectadas saem da fase de resposta de emergência para a fase de recuperação e reconstrução, a OIM Moçambique distribuiu 2,500 kits de recuperação de abrigo com materiais resistentes para que as famílias reconstruam ou consertem as suas casas. Há necessidade de distribuição de abrigos de emergência para ajudar milhares de famílias afectadas pelas cheias no centro de Moçambique. Entretanto, o financiamento é limitado e são urgentemente necessários recursos adicionais para dar continuidade à provisão da tão necessária assistência humanitária e de recuperação.
“O ciclone Idai devastou casas e vidas de dezenas de milhares de famílias em Moçambique, Zimbábue e Malawi. Eu vi os desafios que essas pessoas enfrentam no seu esforço para reconstruir as suas vidas, tanto nos locais de reassentamento, de trânsito bem como nas suas próprias comunidades“, disse o Director Regional da África Austral da OIM, Charles Kwenin.
“Em cooperação com os governos destes países, a OIM prestou grande assistência humanitária de emergência e apoio para a recuperação das comunidades afectadas. Entretanto, são necessários recursos adicionais uma vez que as vulnerabilidades constituem desafios para a recuperação” - Charles Kwenin, Director Regional da África Austral da OIM.
No Zimbábue, onde se estima que o ciclone Idai afectou cerca de 270,000 pessoas, a OIM distribuiu nos dez meses após o ciclone 43 toneladas de Bens Não-Alimentícios (NFIs), tendas e redes mosquiteiras nas Províncias de Manicaland e Masvingo. A Organização, em colaboração directa com a CARE e o Governo de Zimbábue, instalou quatro acampamentos para pessoas deslocadas em Chimanimani na Província de Manicaland para providenciar acolhimento de emergência à população deslocada. Actualmente, há 224 famílias (830 pessoas) que ainda vivem nos acampamentos; A época chuvosa contínua contribuiu para o aumento das dificuldades.
As famílias deslocadas a partir das comunidades afectadas pelo ciclone Idai no Zimbábue, continuam em necessidade crítica de mais assistência de emergência e apoio para a recuperação inicial para se restabelecerem depois dos danos ocorridos nas suas casas e vidas. Ainda há necessidade de assistência de acolhimento para 43,325 pessoas que ainda estão deslocadas, das quais a maioria está nas comunidades acolhedoras criando mais dificuldades para as famílias que já eram vulneráveis e que enfrentam desafios devido à árdua situação económica e crise de segurança alimentar no país.
Em Malawi, onde Segundo o DTM mais de 50,000 pessoas foram deslocadas pelo ciclone Idai, a OIM respondeu com apoio nas áreas de CCCM, DTM e Acolhimento e Bens Não-Alimentícios. O Apoio em CCCM foi dado a mais de 53,000 pessoas que haviam sido deslocadas pelas cheias em 81 acampamentos localizados nos distritos de Chikwawa, Nsanje, Zomba e Phalombe no sul de Malawi.
Há uma necessidade evidente e urgente de apoio de acolhimento para as famílias afectadas pelo Ciclone Idai às quais a situação foi agravada pelas chuvas torrenciais que ocorreram em Malawi desde Novembro até ao final de Fevereiro. Há necessidade adicional de preparação apropriada dos locais de reconstrução com a possibilidade de construção de diques para gestão do fluxo de água, fortalecimento da sensibilização comunitária e actividades de capacitação sobre o princípio de Build Back Better (BBB) se as comunidades tiverem que ser resilientes a choques tais como as cheias.
Em Moçambique, Zimbábue e Malawi, a OIM continua a monitorar a situação humanitária através da DTM para apoiar a comunidade humanitária e prestar informação precisa e atempada aos respectivos governos sobre o rastreio da mobilidade, vulnerabilidade e necessidades das pessoas deslocadas e comunidades afectadas de modo a informar e facilitar a resposta assim como monitorar a prestação de assistência humanitária.