Maputo, Moçambique - A Quinzena da Criança, os 15 dias entre o Dia Internacional da Criança (1 de Junho) e o Dia da Criança Africana (16 de Junho), foi sempre um período de reflexão sobre o estado dos direitos da criança no país e sobre como podemos melhorar as suas vidas. Normalmente é também um momento muito alegre onde nos reunimos com crianças e jovens e celebramos, juntos, as maravilhas da infância com danças, cantos e brincadeiras. Este ano, celebramos de forma diferente, devido a pandemia da COVID-19 que agravou a situação das crianças em Moçambique: não só existem ameaças directas à saúde devido ao vírus, como também existe um grave impacto secundário nas crianças no que diz respeito à educação; à protecção; à água, saneamento e higiene; e aos cuidados de saúde regulares, bem como à nutrição.
De acordo com os dados do último censo, existem mais de 14 milhões de crianças Moçambicanas dos 0 aos 17 anos, o que representa mais de metade da população total. As crianças foram o grupo menos afectado directamente pela infecção da COVID-19 ao nível mundial, quando comparado com as populações mais idosas. No entanto, como os efeitos indirectos das medidas de combate à pandemia se reflectem nas realidades sociais e económicas das cidades e comunidades, os impactos a curto, médio e longo prazo nas crianças e adolescentes não podem continuar a ser ignorados.
"A pandemia afectará também as mesmas crianças e famílias que mal recuperaram e que continuam a sofrer de grandes choques recentes, como ciclones, secas, inundações e conflitos, que afectam gravemente as suas vidas," disse Katarina Johansson, Representante interina do UNICEF Moçambique.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançou uma série de notas de políticas para destacar o impacto da COVID-19 sobre as crianças em Moçambique. A primeira nota, acompanhada por uma ficha de dados, discute as principais áreas de preocupação com o bem-estar das crianças a curto, médio e longo prazo, caso não sejam tomadas as medidas certas. Isto inclui os riscos de cair na pobreza ou de agravamento da pobreza, bem como sérios retrocessos nos resultados do desenvolvimento das crianças, especialmente as mais vulneráveis.
"Espero que esta informação faça começar uma reflexão e um diálogo construtivos a todos os níveis políticos e entre um vasto leque de actores para responder a esta emergência, recuperar o futuro das crianças e "reimaginar" um Moçambique adequado a cada criança depois de esta crise se atenuar," concluiu a sra. Johansson.
Veja aqui a nota política sobre os impactos da COVID-19 nas crianças em Moçambique.