Maputo recebe a primeira passadeira 3D do País
Peões podem cruzar a passadeira 3D junto à Praça dos Trabalhadores na área central de Maputo.
Peões podem cruzar a passadeira 3D junto à Praça dos Trabalhadores
No âmbito da Semana da Mobilidade Sustentável 2018, profissionais e activistas do UN-Habitat (Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos) e ASF (Arquitectos Sem Fronteiras) pintaram a primeira passadeira 3D de Moçambique na rua Guerra Popular junto à rotunda da Praça dos Trabalhadores, como parte da acção "Intervenção Urbana: Criação de um espaço público e actividades de sensibilização".
A passadeira 3D é uma forma de chamar a atenção dos autocarros, machibombos e chapas para os peões, que são os mais vulneráveis do trânsito e necessitam de um espaço seguro para atravessar as estradas. Em muitos países do mundo, as passadeiras 3D vem sendo utilizadas como forma de reduzir a velocidade dos autocarros. O efeito 3D faz com as passadeiras pareçam obstáculos reais na estrada, fazendo com que os autocarros reduzam a velocidade.
O efeito 3D é proporcionado por uma ilusão de sombras feitas na pintura com tons de banco e cinza. Este efeito faz com que as passadeiras 3D destaquem-se no asfalto. O efeito 3D da pintura fica mais evidente quando visto da altura dos autocarros e machibombos. Para fotografar a passadeira 3D o melhor ângulo é no meio da estrada com a câmera levemente levantada.
A pintura das passadeiras 3D ocorreu dia 9 de Junho como parte da programação da Intervenção Urbana, no âmbito da Semana da Mobilidade Sustentável 2018. A intervenção urbana visou a apropriação do espaço público da Praça dos Trabalhadores de forma a repensar o espaço com foco nos peões e utentes de transporte colectivo. A acção contou também com as actividades de: Plogging (recolha de lixo com exercícios dos activitas do grupo Let’s do it), montagem de mobiliário urbano, sensibilização sobre os Objectivos do Desenvolvimento Sustentável e segurança no trânsito (pelos activistas da Amviro), acções para a saúde e bem estar (diagnóstico dentário e alongamento), música, pintura de um espaço seguro para os peões, pista de skate para crianças e adolescentes, entre outros.
SAIBA MAIS SOBRE A SEMANA DA MOBILIDADE
No quadro da operacionalização da Agência Metropolitana dos Transportes, o Conselho Municipal de Maputo (CMM) em parceria com o UN-Habitat (Programa das Nações Unidas para Assentamentos Humanos), Arquitectos Sem Fronteiras e Área Metropolitana de Barcelona convoca para a “Semana de Mobilidade Sustentável” a decorrer de 9 a 16 de Junho de 2018. O objectivo da Semana é discutir questões relativas à mobilidade sustentável e inclusiva e à integração entre os diversos meios de transporte e o espaço público no Grande Maputo. O grupo alvo é formado por: utentes do transporte público, munícipes, as instituições e autoridades envolvidas na operacionalização da Agência Metropolitana dos Transportes, a sociedade civil, os parceiros de cooperação e a academia.
OBJECTIVOS DA SEMANA
O objectivo é criar sinergia entre as diferentes partes interessadas para o desenvolvimento de projectos e ações concretas para a melhoria da mobilidade no Grande Maputo, incluindo questões de planeamento urbano, acessibilidade do sistema de transportes e espaços públicos nos municípios e distritos metropolitanos.
A Semana da Mobilidade Sustentável do Grande Maputo quer mobilizar autoridades, organizações e os cidadãos para promover novas estratégias para mobilidade activa (caminhada e ciclismo), discutir melhorias viáveis para o transporte público e conscientizar sobre o potencial das iniciativas espontâneas, do aproveitamento do espaço público e ainda das vias reservadas.
CONTEXTO
Moçambique passa por um intenso crescimento demográfico. Este fenómeno acontece junto a um processo de urbanização rápido e desorganizado. Espera-se que em 2050 as zonas urbanas abriguem 50% da população do país (INE, Instituto Nacional de Estatísticas). O Grande Maputo tem hoje 3,15 milhões de habitantes – meio milhão de pessoas a mais do esperado antes do Censo 2017. Nesta zona urbana caracterizada pela baixa densidade de ocupação do solo, o crescimento demográfico representa grandes desafios em áreas como habitação, infraestruturas, provisão de serviços, protecção do meio ambiente, qualidade de vida, espaços públicos e mobilidade.
Um sistema de transporte adequado e acessível tem o potencial de conectar os principais pontos da cidade e zona metropolitana além de melhorar o acesso às infraestruturas e oportunidades económicas. O sistema de transporte coletivo existente hoje no Grande Maputo tem limitações que afetam diretamente o cotidiano e bem-estar dos moçambicanos e moçambicanas, o que incluí o acesso a serviços básicos, como saúde, educação, educação e trabalho.
Com a situação actual em vista, o Plano Diretor de Mobilidade e Transportes para o Grande Maputo introduz a necessidade de sistemas massivos (como BRT e comboio urbano). E a criação da Agência Metropolitana de Transportes de Maputo (AMT) em 2017 vem a consolidar uma preocupação crescente das instituições nacionais sobre o tema da mobilidade urbana, que tem como princípio a melhoria da capacidade e da qualidade da oferta actual de transportes coletivos. O CMM trabalha em parceria com UN-Habitat, a Área Metropolitana de Barcelona e Arquitectos Sem Fronteiras em temas de Mobilidade desde 2017.