MAPUTO, Moçambique
- Sua Excelência a Presidente do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres;
- Distintos doadores;
- Estimados colegas e parceiros na acção humanitária;
- Senhoras e senhores;
Muito bom dia a todas e a todos,
Hoje, reunimo-nos em resposta a uma crise mundial que atingiu também as regiões centro e sul de Moçambique — uma crise provocada pelo impacto devastador do El Niño.
A grave seca que afecta agora estas regiões deixou cerca de um milhão e oitocentos mil pessoas com dificuldades em satisfazer as suas necessidades básicas.
Nas zonas mais atingidas, onde a terra se tornou estéril e as colheitas definharam, uma em cada três pessoas encontra-se agora vulnerável.
Ouvimos relatos de famílias que tomaram a dolorosa decisão de sair de casa em busca de água.
Imagine ser obrigado a abandonar a sua casa, a sua terra, a sua vida, movido pela necessidade desesperada de algo tão fundamental como a água.
Esta migração ilustra bem a gravidade da situação que enfrentamos.
No meio deste sofrimento, são as mulheres e as raparigas que carregam o fardo mais pesado.
Durante uma visita recente às comunidades afectadas pela seca na província de Gaza, conheci uma mulher cuja história não consigo esquecer.
Ela falou calmamente sobre as duras escolhas que ela e a sua comunidade foram forçadas a fazer.
Ela disse-me que quando os meios de subsistência se transformam em pó, as pessoas são forçadas a tomar decisões difíceis para sobreviver.
Retiram as crianças da escola para as apoiar nas tarefas diárias, como a procura de comida e trabalhos manuais e, ao fazê-lo, roubam-lhes o futuro, desperdiçando o seu potencial.
As suas palavras não são apenas suas – elas ecoam a luta de muitos em Moçambique de hoje.
No entanto, apesar da gravidade da situação, ainda há esperança. Temos um breve período para agir – uma oportunidade para aliviar os efeitos do El Niño e prevenir mais sofrimento.
Este Apelo à Seca é a personificação dos nossos esforços colectivos enquanto parceiros humanitários, unidos em apoio ao Governo de Moçambique na resposta às necessidades urgentes dos mais vulneráveis.
O plano de resposta que hoje apresentamos demonstra o nosso compromisso inabalável em trabalhar de mãos dadas com o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD) para prestar ajuda onde ela é mais necessária.
O objectivo é prestar assistência através das estruturas existentes, reforçando simultaneamente as capacidades locais e promovendo a igualdade e a inclusão de género.
O nosso trabalho hoje não consiste apenas em enfrentar a crise imediata; trata-se de lançar as bases para um amanhã mais resiliente.
Em nome da comunidade humanitária em Moçambique, apelo-vos que estejam connosco. O seu apoio é o que fará a diferença entre a sobrevivência e mais sofrimento.
Juntos, podemos aproveitar os nossos investimentos e garantir que Moçambique não só se recupere desta seca, mas também que Moçambique continue num caminho resiliente.
O momento de agir é agora e, com a sua ajuda, podemos fazer uma profunda diferença na vida das pessoas afetadas por esta seca.
Kaninambo. Obrigada!