Clínicas móveis atendem mulheres em meio à crise em Cabo Delgado
26 janeiro 2024
Projeto apoiado pelo UNFPA viaja por terra e mar para fazer atendimentos em zonas rurais e ilhas remotas em região com serviços de saúde com capacidade reduzida
MAPUTO, Moçambique - Dra. Zuria Alberto lidera uma equipa móvel de saúde em Cabo Delgado, a província mais a norte de Moçambique, onde cerca de 850.000 pessoas vivem em estado de deslocamento numa área que também é afectada por crises climáticas e pobreza.
Os profissionais de saúde móveis viajam por terra ou por mar para chegar às mulheres e raparigas que vivem nas zonas rurais e insulares da província, que de outra forma poderiam não ter acesso aos cuidados de saúde. A equipa móvel, apoiada pelo Fundo das Nações Unidas para População (UNFPA) fornece uma gama abrangente de serviços de saúde sexual e reprodutiva e, ao fazê-lo, está a ajudar a reduzir o risco de gravidezes indesejadas, mortalidade materna e violência baseada no género.
As acções incluem exames pré-natais, suplementação nutricional, trabalho de parto, aconselhamento, implantes de anticoncepcionais, entre outros.
O projecto conta com um barco ambulância, usado para movimentar a equipe médica pelas ilhas do distrito de Ibo e para conduzir mulheres grávidas em segurança para o hospital da província.
As baixas marés criam enormes dificuldades de navegação e são um obstáculo adicional durante emergências.
Clínicas móveis fazem a diferença
Os serviços móveis são fundamentais, pois muitos centros de saúde foram danificados ou estão com capacidade reduzida por causa da insegurança no norte de Moçambique.
Quedas de eletricidade também são frequentes e afetam o funcionamento dos hospitais. Por isso, a clínica móvel apoiada pelo UNFPA é equipada e preparada para realizar partos de urgência e lidar com outras situações emergenciais.
Desde 2017, as províncias do norte de Moçambique enfrentam ataques crescentes de grupos armados não estatais, com milhões de pessoas fugindo de suas casas em busca de segurança.
Aumento de riscos
A região também passou por repetidos choques climáticos, como inundações, secas e ciclones, além de emergências de saúde pública subsequentes, como surtos de malária e cólera.
A instabilidade contínua e as instalações de saúde danificadas tornaram a gravidez e o parto cada vez mais arriscados para as mulheres, que também se encontram sob maior risco de violência devido ao deslocamento e aos conflitos.
Em Moçambique, apenas cerca de um quarto das mulheres está usando métodos contraceptivos modernos e nas áreas rurais o índice é ainda menor.
Isso se deve principalmente à falta de serviços e de acesso, o que levou a altas taxas de gravidez indesejada, bem como mortes maternas por complicações na gravidez e no parto e abortos inseguros.