NEW YORK, EUA - O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, fez um apelo na abertura da Cúpula do Clima, COP28, afirmando que ainda é possível evitar o “colapso e incêndio do planeta” se os líderes mundiais agirem com urgência e vontade política.
Ao discursar no evento desta sexta-feira, ele adicionou que a questão climática “é uma doença que somente os líderes globais podem curar”. O líder das Nações Unidas reiterou o pedido de eliminação da dependência de combustíveis fósseis, redução de emissões e para que a promessa de justiça climática seja cumprida.
"Façam esta COP valer a pena"
O secretário-geral elogiou o avanço alcançado na quinta-feira, no primeiro dia da conferência, após o acordo sobre a operacionalização de um fundo para perdas e danos. O propósito é ajudar os países mais vulneráveis do mundo a pagar pelos impactos de desastres climáticos.
Destacando um “quadro preocupante do caos climático”, o chefe da ONU disse que o aquecimento global está estourando orçamentos, aumentando os preços dos alimentos, perturbando os mercados de energia e alimentando uma crise de custo de vida.
Ele alertou que o mundo está distante dos objetivos do Acordo de Paris e “a minutos da meia-noite para o limite de 1,5ºC.”
Guterres enfatizou que o sucesso da conferência de Dubai dependerá do resultado da iniciativa “Global Stocktake”, na qual os países vão avaliar pela primeira vez o progresso na redução do aquecimento global. O avanço pode colocar o mundo no caminho para alcançar as metas de temperatura, financiamento e adaptação.
Sem mais tempo a perder
Ele ressaltou as três frentes de trabalho para mitigar a crise climática. Primeiro, Guterres destacou que é necessário um corte drástico nas emissões de gases de efeito estufa, já que as políticas atuais apontam para o aumento de temperatura de 3ºC.
O chefe da ONU também recomendou a aceleração da transição “justa e equitativa” para energias renováveis, afirmando que “um planeta em chamas não pode ser salvo com um jorro de combustíveis fósseis”.
Por fim, ele apontou que será necessário cumprir com as metas de justiça climática em um mundo “desigual e dividido”, pedindo o aumento no financiamento, incluindo para adaptação e perdas e danos.
Ele reforçou que os países desenvolvidos devem dobrar o financiamento para adaptação para US$ 40 bilhões por ano até 2025 e fornecer detalhes sobre como planejam cumprir.
Ebulição global
Na COP28, o presidente da Assembleia Geral, Dennis Francis, disse que tem uma alta expectativa em relação aos encontros dos líderes em abril e setembro de 2024 e, Nova Iorque. Ele fez um apelo pela unidade e pela solidariedade diante da crise climática.
Para ele, os esforços globais devem ser estimulados para triplicar a capacidade de energia renovável e limitar o aumento da temperatura a 1,5º C, tendo o Acordo de Paris “como melhor resposta aos efeitos da crise do clima”.
Francis declarou que a situação de “ebulição global” em andamento exige “uma nova revolução industrial, mais sustentável, mais resiliente e mais equitativa”.
Ele pediu uma “transição justa para sistemas energéticos sustentáveis e uma adaptação para resiliência e sustentabilidade”. Para Dennis Francis, as capacidades e as ferramentas para o fazer estão ao alcance sem deixar ninguém para trás.
Francis também elogiou o Fundo para Perdas e Danos e destacou os esforços internacionais para tornar as subvenções e o financiamento comunitários mais disponíveis e rapidamente acessíveis.
Líderes globais
Também nesta sexta-feira, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva discursou na abertura da COP28. Ele ressaltou como o país tem sofrido com eventos climáticos e apontou que enquanto há pouco financiamento para a agenda do clima, muito é investido em armamento.
Segundo Lula, no ano passado, “o mundo gastou mais de US$ 2,2 trilhões em armas”. Em sua opinião, a quantia poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática.
Ele fez um apelo para que os países retomem a “crença no multilateralismo”, adicionando que é “inexplicável” que a ONU não seja capaz de manter a paz porque “alguns de seus membros lucram com a guerra”.
Nos próximos dois dias, líderes de mais de 160 países devem fazer discursos com sua visão para enfrentar a crise climática.