Discurso da Coordenadora Residente da ONU durante o Lançamento da Iniciativa Aviso Prévio para Todos

MAPUTO, Moçambique

• Sua Excelência o Vice-Presidente do Instituto Nacional de Gestão de Calamidades e Redução de Riscos, Senhor Belém Monteiro;
• Sua Excelência o Secretário Permanente do Ministério dos Transportes e Telecomunicações, Senhor Ambrósio Sitoe;
• Ilustre Secretária Geral da Cruz Vermelha de Moçambique, Senhora Maria Cristina Uamusse;
• Distintos membros do Governo, da sociedade civil e da família das Nações Unidas;
• Senhoras e senhores;

Bom dia.

É uma honra estar aqui hoje e celebrar convosco o lançamento oficial da Iniciativa de Aviso Prévio para Todos, que visa proteger todas as pessoas na Terra até 2027.

Sua Excelência o Ministro Mateus Magala, a Presidente Luisa Meque, a Secretária Geral Maria Cristina Uamusse, a sua forte liderança ao longo deste processo tem sido fundamental. Meus mais sinceros parabéns a vocês dois!

Obrigada pelo seu engajamento e comprometimento exemplar; E obrigado pela excelente cooperação entre instituições nacionais, parceiros e as Nações Unidas.

É inegável que as mudanças climáticas estão aqui. O que também é inegável é que os sistemas de aviso prévio salvam vidas.

O ciclone Freddy atingiu o centro de Moçambique duas vezes este ano, arrancando telhados de edifícios e causando inundações generalizadas na província da Zambézia.

Contudo, os danos causados poderiam ter sido muito piores. Os avisos prévios permitiram que muitos que se encontravam na trajetória do ciclone tomassem medidas para se protegerem a si próprios e aos seus bens.

Ao mesmo tempo que nos solidarizamos com o povo moçambicano, celebramos o sucesso da preparação que levou a uma perda de vidas muito reduzida em comparação com o que aconteceu há quatro anos com o Ciclone Idai; uma conquista notável.

Senhoras e senhores,

Eventos climáticos extremos continuarão a ocorrer com frequência crescente se não fizermos nada. Precisamos agir agora e sabemos o que fazer.

A experiência de Moçambique mostrou-nos que os eventos climáticos extremos não precisam de se transformar em desastres.

O país tem demonstrado ser um líder global na defesa da coordenação de planos de acção conjunta de Gestão do Risco de Calamidades, estando na vanguarda dos sistemas de aviso prévio e de acção precoce na região da SADC, na União Africana e a nível mundial.

Estas são algumas das razões pelas quais o país foi escolhido para fazer parte do grupo de 30 países piloto da Iniciativa de Aviso Prévio para Todos.

Hoje, ao lançarmos a iniciativa, enquadraremos a discussão em torno dos seus quatro pilares:

• Conhecimento e gestão de risco de desastres
• Detecção, observação, monitoramento, análise e previsão
• Divulgação e comunicação de alerta
• Capacidades de preparação e resposta

Hoje, saudamos também o lançamento do programa WISER Early Warning for Southern Africa, para impulsionar a acção precoce entre a Zâmbia, a África do Sul e Moçambique, que também será lançado hoje.

A cooperação transfronteiriça é crucial para um aviso precoce eficaz, portanto, agradeço a todos os parceiros pelo seu apoio inabalável no combate às mudanças climáticas em Moçambique.

Construir resiliência ambiental, social e económica a um clima em rápida mudança é um imperativo absoluto; E para que se torne realidade, será necessário ainda mais apoio, liderança e recursos.

O sistema das Nações Unidas, os governos e os parceiros trabalharão em conjunto, através de planos de ação política, científica, técnica e financeira para proteger vidas e meios de subsistência.

Gostaria de salientar especialmente quão crucial é tornar os Sistemas de Aviso Prévio inclusivos para garantir que ninguém seja deixado para trás, especialmente grupos vulneráveis, como pessoas com deficiência, crianças e idosos, que são desproporcionalmente afectados por catástrofes.

A adaptação que não se centra na redução das causas profundas da vulnerabilidade conduz à má adaptação, que em vez de reduzir, agrava a vulnerabilidade aos desastres climáticos.

Por exemplo, é mais provável que as pessoas com deficiência sejam deixadas para trás durante as evacuações de emergência e a assistência humanitária, com estudos que apontam para uma taxa de mortalidade pelo menos duas vezes superior à da população geral afectada.

É da maior importância garantirmos que todos os quatro pilares da iniciativa Aviso Prévio para Todos integrem as necessidades dos mais vulneráveis.

Isto significa considerar os desafios pré-existentes que enfrentam, incluindo desafios de mobilidade, de acesso à informação e ao conhecimento, bem como ser capacitados para participar na conceptualização de medidas destinadas a protegê-los.

Só assim estaremos verdadeiramente honrando o compromisso de promover a igualdade de participação e de direitos iguais para todos.

Senhoras e senhores,

Ao derrubar barreiras, combater a desigualdade e enfrentar a crise climática, podemos construir resiliência e garantir que todos tenham a oportunidade de prosperar, mesmo face aos desafios mais poderosos da natureza.

Comprometamo-nos a não deixar ninguém para trás quando ocorrer um evento extremo e trabalhemos juntos para garantir um futuro seguro e próspero para todos.

Em nome das Nações Unidas, reitero o total compromisso da ONU em continuar a apoiar todos os moçambicanos para que realizem todo o seu potencial e isso depende da criação de avisos prévios para todos.

Conto com todos vocês e, por favor, contem com as Nações Unidas.

Obrigada!