MAPUTO, Moçambique - A ONU Mulheres e seus parceiros estão criando condições essenciais para mais de 93 mil mulheres e meninas afetadas pelo conflito na província de Cabo Delgado.
O novo projeto vai oferecer moradia e capacitação, permitindo que essas mulheres se tornem autossuficientes.
Norte de Moçambique
A ONU Mulheres e a Agência de Cooperação Internacional da Coreia, Koica, estão comprometidas em garantir que as mulheres em Cabo Delgado liderem e se beneficiem dos esforços de ajuda humanitária e reconstrução.
Esse compromisso será realizado por meio do projeto chamado "Promovendo a recuperação socioeconômica e a resiliência de mulheres e meninas internamente deslocadas e repatriadas no Norte de Moçambique".
Por meio da contribuição financeira de US$6 milhões da Koica, a ONU Mulheres, em parceria com o governo e a sociedade civil, deve avançar nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.
De acordo com a representante da ONU Mulheres em Moçambique, Marie Laetitia Kayisire, o projeto contribuirá significativamente para a implementação do Plano de Reconstrução de Cabo Delgado.
“O projeto tem como principal objetivo contribuir para a criação dum ambiente propício onde as mulheres em Cabo delgado lideram e beneficiam em pé de igualdade dos esforços de ajuda humanitária e recuperação, mas também vai oferecer habitações resilientes que são atualmente um modelo de casas já construídas em Cabo Delgado”.
Beneficiários
As atividades de reconstrução e empoderamento vão beneficiar 93,4 mil mulheres e meninas que foram afetadas pelo conflito e enfrentam vulnerabilidade nas áreas de retorno como Palma, Mocímboa da Praia, Nangade, Muidumbe, Macomia e Quissanga na província de Cabo Delgado.
A prioridade é a promoção da competência técnica das mulheres e jovens na área da construção civil, bem como o acesso a meios de subsistência e mecanismos de proteção dos direitos das mulheres. As agências das Nações Unidas em Moçambique afirmam que o apoio deve ser contínuo.
Apoio contínuo
Maria Luisa Fornara, coordenadora residente interina das Nações Unidas em Moçambique, citou a necessidade urgente do apoio na zona norte.
“Estamos comprometidos em continuar a trabalhar com instituições nacionais, parceiros internacionais e a sociedade civil em prol da paz duradoura, do desenvolvimento sustentável e de um Moçambique melhor para todas e todos. Isto inclui os dois milhões de pessoas com necessidades críticas no norte de Moçambique, dentre elas pessoas deslocadas, comunidades acolhedoras e pessoas que regressaram as suas casas”.
Estatísticas
Dados da ONU Mulheres indicam que mais de 834 mil pessoas são deslocadas internos nas províncias de Cabo Delgado, Niassa e Nampula, desse número 79% são mulheres e crianças.
As crises e os conflitos são as algumas das causas do aumento da porcentagem de agregados familiares chefiados por mulheres.
Marta Licuque é membro da Associação para Desenvolvimento e Promoção dos Direitos das Mulher e Meninas em Cabo Delgado e veio a capital moçambicana, Maputo, para testemunhar o financiamento.
Ela contou os desafios de trabalhar com mulheres em situação vulnerável na província de Cabo Delgado.
“Nós sabemos que estão num ambiente que não é delas e neste momento que estão a regressar, algumas, nem todas, é necessário de fato que haja assistência psicossocial. Esta parte da assistência psicossocial ainda é um pouco baixa mas elas precisam porque passaram por vários traumas, perderam seus bens, suas famílias e hoje estão no vazio, precisam de apoio para pelo menos realizar pequenos negócios para elas poderem sustentar as suas famílias”.
O presente projeto “Promovendo a recuperação socioeconômicas e a resiliência de mulheres e meninas internamente deslocadas e repatriadas no Norte de Moçambique”, será implementando no período de Outubro do corrente ano à Dezembro de 2025.