NOVA IORQUE, EUA - Moçambique disse ao Conselho de Segurança que o país prioriza áreas como estabilização, ação pelo clima e segurança durante o debate “Inteligência Artificial: Oportunidades e Riscos para a Paz e Segurança Internacionais”, na semana passada.
O vice-ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Manuel Gonçalves, contou à ONU News que estas ferramentas podem ajudar a evitar mortes e recrutamento de jovens para o terrorismo.
Desinformação e discursos de ódio
“A população jovem é maioritária. É aquela camada que, facilmente, pode usar a tecnologia de informação, muito rapidamente, e adaptar-se à inteligência artificial. É muito importante trabalhar com essa camada para o bom uso do recurso e as oportunidades que aqui dissemos. O desafio que nós temos, no momento, é o de criar empregos. Como podemos tirar proveito para a juventude beneficiar desta inteligência artificial? Mas também podemos verificar a parte de risco com a utilização de forma maléfica da inteligência artificial, que pode promover a desinformação, discursos odiosos e, como dissemos na nossa intervenção, às vezes pode ser usada por grupos terroristas para mobilização dos jovens para integração”.
A comunidade internacional apoia o combate ao terrorismo, levado a cabo por grupos armados não estatais em Cabo Delgado, no norte do país. Em cinco anos, centenas de pessoas foram assassinadas em ataques de grupos armados.
Manuel Gonçalves destacou que a atuação para travar o recrutamento e a desinformação envolvem esforços civis e militares.
“Tem havido esse cuidado em termos de olharmos para os jovens. As Forças de Defesa e Segurança têm trabalhado com a juventude no sentido de mobilizar e falar com jovens para que tenham cuidado para a não utilização de forma maléfica deste avanço tecnológico. Portanto, tem havido esse cuidado, tanto pelas forças de segurança, mas também pelas outras instituições. Como sabe, nesta governação foi criada a Secretaria de Estado da Juventude e Desportos. O trabalho que tem havido é trabalhar diretamente com a juventude para vários aspectos”.
Uso de inteligência artificial em Moçambique
Na aérea de cooperação o ministro aponta a vertente humanitária como tendo grande potencial para aplicação de exemplos de uso de inteligência artificial em Moçambique. Segundo Manuel Gonçalves, o atual momento é crítico para promover segurança com o uso destas ferramentas.
“A localização e a ajuda à localização de pessoas deslocadas para a disponibilização de assistência humanitária. Mas também na área social podemos ver, na área de conflito, que pode ajudar a implementação de acordos assinados, sobretudo de algumas atividades, nomeadamente a desminagem. São vantagens e oportunidades que se oferecem. Mas também se olhou para os desafios. Alguns aspectos desses desafios já estão a ocorrer. A desinformação pode provocar conflitos, promover ou exacerbá-los. Por isso, é importante que os países coordenem, trabalhem juntos, não só os mais desenvolvidos”.
Outro objetivo da reunião foi servir de plataforma para os esforços de colaboração dos países no desenvolvimento em favor de uma abordagem compartilhada para aliviar esses riscos.
O Conselho de Segurança debateu ainda como melhor monitorar e prevenir o potencial risco de desenvolvimento e o uso da IA para agravar conflitos e instabilidade. O Reino Unido acolhe uma reunião global sobre a questão este ano.
Uma das posições da ONU sore o tema é que todos os 193 Estados-membros cheguem, urgentemente, a um consenso sobre as principais proteções para governar o desenvolvimento e a implantação das ferramentas de tecnologia para o bem de todos.
Os países-membros do Conselho trocaram pontos de vista sobre as possíveis implicações da inteligência artificial na paz e segurança internacionais, e destacaram como promover seu uso seguro e responsável e opções multilaterais para mitigá-los.