Enquanto Moçambique olha para um futuro mais pacífico, o Processo de Paz apoia os esforços para reintegrar ex-combatentes e de volta às suas comunidades.
MAPUTO, Moçambique - Lúrdes Faustino* passou 16 anos como combatente da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO). Agora, como muitos outros ex-combatentes no centro de Moçambique, ela participou do processo de “desarmamento, desmobilização e reintegração” (DDR).
Durante o tempo de Lúrdes como combatente, ela lutou ao lado do marido. Ambos foram desmobilizados ao mesmo tempo. Eles escolheram reassentar-se no distrito de Maringue, na província de Sofala, com o filho de 10 anos, onde foram acolhidos pela sua família e pela comunidade, sem medo de represálias ou de mais violência.
O DDR é uma componente central do Acordo de Maputo, o acordo de paz entre o Governo de Moçambique e a RENAMO, que formalmente pôs fim a décadas de conflito e insegurança e uniu as comunidades quando foi assinado em 2019.
Reintegrando-se de volta às comunidades
Lúrdes tornou-se ativa em sua comunidade. No âmbito da sua participação no processo DDR, Lúrdes recebeu um kit de reinserção para a apoiar na transição inicial para a vida civil. Ela cria cabras e galinhas, negócio que conseguiu desenvolver com o apoio do subsídio de reinserção do DDR.
“Aos demais colegas que ainda não passaram por esse processo [DDR], devem vir. O DDR está à vossa espera de braços abertos, não podem ter medo do DDR”, afirma Lúrdes.
“É bom voltar para casa e viver novamente com nossa família, nossa comunidade, que nos esperam em casa; Até quando [podemos continuar] na mata?”, diz Lúrdes.
A reintegração é um componente chave do processo de paz, promovendo a reconciliação nacional e fortalecendo o tecido social das comunidades por meio da educação e oportunidades socioeconômicas para os beneficiários do DDR, familiares e comunidades.
Mais de 1.300 beneficiários do DDR e familiares foram conectados com oportunidades de reintegração em 50 dos 154 distritos do país até agora.
Hoje, Lúrdes é uma das principais criadoras de cabras e galinhas em sua comunidade, e também faz sua própria machamba.
Seu marido trabalha como agente comunitário de saúde no hospital, onde cuida diariamente dos membros da comunidade. Sua função também exige que ele passe grande parte de seu tempo nas comunidades, onde conscientiza e ministra palestras relacionadas à saúde.
Galício António*, chefe do Posto Avançado Administrativo de Nhamaze no Distrito da Gorongosa, confirma a importância da reconciliação dos ex-combatentes.
“Eles voltaram e estão produzindo de novo”, declara Galício. "Estão educando os filhos, estão se integrando na vida social, estão participando da comunidade”.
As esperanças de Lurdes são semelhantes às de outros ex-combatentes e comunidades afetadas pelo conflito em Moçambique: eles querem construir vidas novas e produtivas para si, suas famílias e suas comunidades. Ao apoiar ex-combatentes de forma prática, as Nações Unidas estão a ajudá-los a criar um futuro melhor para Moçambique.
MaputoAcordo para a Paz e Reconciliação Nacional
Testemunhado por vários ex e atuais presidentes do continente africano, o Acordo de Maputo, assinado em agosto de 2019, facilitou o fim de anos de conflito, buscando trazer a paz definitiva a Moçambique.
Para apoiar a implementação do Acordo de Paz e do programa de desarmamento, desmobilização e reintegração, o Secretário-Geral das Nações Unidas nomeou Mirko Manzoni como seu Enviado Pessoal para Moçambique.
*Nome foi alterado
** História escrita a partir de notas de entrevistas realizadas por Lúsia Rangeiro, PPS.