No Dia Mundial da Saúde, a Organização Mundial da Saúde faz 75 anos

MAPUTO, Moçambique -  Hoje, no Dia Mundial da Saúde, a Organização Mundial da Saúde (OMS) celebra o seu 75º aniversário. Em 1948, países do mundo juntaram-se e fundaram a OMS para promover a saúde, manter o mundo seguro e servir os vulneráveis - para que todos, em qualquer lugar, possam atingir o mais alto nível de saúde e bem-estar.  

Trabalhando com 194 Estados Membros em seis regiões e territórios em mais de 150 escritórios, a OMS prevê um mundo onde a Saúde para Todos seja uma realizada. O direito à saúde é um direito humano básico que promove a saúde e o bem-estar, a dignidade, e uma boa qualidade de vida para todos, apesar de quem são, onde vivem ou o que fazem.

Em Moçambique a representação da Organização Mundial da Saúde foi estabelecida a 25 de Abril de 1976 , com o objetivo de prestar apoio técnico, logístico e financeiro ao nível nacional e subnacional em vários programas de saúde pública.

"O 75º aniversário da OMS é uma oportunidade para pararmos e refletirmos sobre as realizações notáveis no avanço da saúde e bem-estar das pessoas que procuraram os serviços ", diz Dr. Severin von Xylander, Representante da OMS em Moçambique. "É também a oportunidade para nos reunirmos em torno dos nossos objetivos comuns e renovarmos o nosso compromisso de enfrentar os desafios com os quais nos deparamos ".

No centro do lema “Saúde para Todos” - #healthforall está a consecução da Cobertura Universal da Saúde, onde as pessoas podem ter acesso a cuidados de saúde acessíveis, equitativos, de boa qualidade e sustentáveis.

A comemoração deste ano coincide com um momento crítico em que países de todo o mundo se estão a reconstruir depois dos impactos causados pela pandemia da COVID-19, ao mesmo tempo que enfrentam outras crises, tais como catástrofes naturais e conflitos.

Na Região Africana da OMS, cerca de 25% das despesas de saúde saem dos bolsos das pessoas e, como resultado, centenas de milhões de pessoas na região africana foram empurradas mais abaixo do nível de pobreza devido às despesas com a saúde. As estratégias nacionais de saúde devem, portanto, posicionar os cuidados primários de saúde como o ponto de entrada num sistema de saúde que não só trata da saúde do doente, mas também previne a doença e promove a boa saúde.

A região enfrenta também emergências sanitárias sem precedentes, impulsionadas por conflitos, instabilidade política, e os efeitos das mudanças climáticas. O Grande Corno de África está a sofrer a pior seca dos últimos 40 anos e as inundações causadas por ciclones e tempestades tropicais estão a atingir os países da África Austral. Estes acontecimentos climáticos estão a provocar surtos de cólera, sarampo, poliomielite, varíola e febre amarela. Atualmente 31 países africanos está a responder mais de um surto simultâneo.

A pandemia da COVID-19 fez recuar os ganhos duramente conquistados na imunização de rotina contra doenças infantis evitáveis através de vacinas. Nos últimos três anos, estima-se que 21 milhões de crianças não tenham recebido uma única dose de vacina. Em 2021, o mundo assistiu ao pior declínio contínuo na imunização de rotina em 30 anos, e a OMS estima que a cobertura da imunização não voltará aos níveis de 2019 até 2027 sem ação imediata para recuperar o atraso e voltar ao normal.

Infelizmente, Mozambique se enquadra, perfeitamente nestes países, na medida em que atualmente responde a cinco emergências, causadas pelo surto de cólera e pólio, as cheias, e o ciclone Freddy e o conflito armado na província de Cabo Delgado. Por essa razão, a comemoração desta data, muito significativa para todos nos, será realizada, depois da declaração oficial do fim do surto de cólera no país.

Este apoio refletiu positivamente no progresso do país rumo ao alcance da Cobertura Universal da Saúde e ao objetivo de desenvolvimento sustentável N˚ 3 - Permitir que todas as pessoas vivam com boa saúde e promover o bem-estar para todos em todas as idades. Dos 15 indicadores, 5 tiveram progressos nítidos (1 – Capacidades básicas requeridas pelo Regulamento Sanitário Internacional, 2 – Uso de mostiqueiros impregnados com insecticidas, 3 – Tratamento ARV para o HIV, 4 - Necessidades em Planeamento Familiar satisfeitas, e 5 – Saneamento básico). Salvo a desidade de camas por população, os demais indicadores ou estagnaram (DTP3, Glicémia em jejum, Consultas Pré-natais superiores a 4 visitas) ou timidamente progrediram (Tratamento da Pneumonia, tratamento da Tuberculose e abstenção ao uso do Tabaco)

Em Moçambique, a atividade de vacinação é considerada uma das intervenções de saúde pública mais rentáveis, com resultados visíveis na redução da mortalidade infantil. Contudo, a pandemia da Covid-19 e à instabilidade na província de Cabo Delgado, destabilizam a agenda normal do programa alargado de vacinação do ministério de saúde. Por conseguinte, o indicador da vacinação com DTP3 estagnou.

Perante todas as adversidades, país com o apoio técnico e financeiro da OMS e de outros parceiros minimizar os efeitos da pandemia COVID-19 no seio da população e por outro lado ampliou a cobertura da população protegida pela vacinação e completar com sucesso seis rondas de campanhas de vacinação contra a poliomielite dirigidas às crianças com menos de cinco anos.

À medida que avançamos para a meta da cobertura universal de saúde 2030, devemos ser inovadores e enfrentar desafios persistentes. Por isso a OMS Moçambique encoraja ao Governo e todas as partes interessadas a desempenhar o papel que lhes cabe no sentido de garantir que o compromisso político se traduz em políticas, estratégias e planos baseados em dados factuais. Estes, por sua vez, têm de ser objeto do investimento necessário para uma implementação efetiva.

Renovemos todos a nossa determinação, reforcemos as nossas parcerias e sejamos inovadores nos nossos esforços para progredir em direção à “Saúde para Todos” em África, através de serviços de saúde mais sólidos, que proporcionem a comunidades capacitadas e participantes cuidados holísticos centrados nas pessoas.

Feliz 75.º aniversário para todos!