QUELIMANE, Moçambique - A 24 de Fevereiro de 2023, Moçambique foi atingido pelo ciclone Freddy, que causou chuvas fortes e inundações nas regiões do sul do país. A 11 de Março de 2023, Freddy fez a sua segunda aterragem em Moçambique, atingindo a sua região central com ventos superiores a 210km/h e chuva intensa, com forte impacto sobre a província da Zambézia e a sua capital, Quelimane. Freddy causou enormes danos, trazendo uma enorme destruição de infraestruturas e perda de meios de subsistência a muitas famílias.
Contudo, as infraestruturas resilientes às mudanças climáticas resistiram e serviram as suas comunidades. Na Zambézia, durante a devastadora tempestade, dezenas de Escolas que tornaram-se resilientes às mudanças climáticas com a assistência técnica do UN-Habitat, resistiram, e abrigaram milhares de pessoas.
Abel Vieira Aide, Director da Escola Primária de Lugela, na Aldeia de Namacura, Província da Zambézia, recorda que a sua "escola serviu de abrigo seguro para a nossa aldeia. Quando recebemos a informação sobre o ciclone através dos comités locais de gestão do risco de desastres, deixamos a porta da Escola aberta para que todos pudessem entrar".
"Hoje apreciamos o resultado deste trabalho que fizemos em conjunto com o UN-Habitat para garantir que as nossas escolas pudessem resistir a desastres desta magnitude", continuou Abel Vieira Aide, Director da Escola Primária de Lugela.
O que aconteceu na Escola de Lugela, e em muitas outras escolas nas áreas afectadas por Freddy, demonstra o significado de infraestruturas resilientes em países expostos a desastres, tais como Moçambique.
Nos últimos 12 anos, o UN-Habitat tem vindo a trabalhar com o Governo de Moçambique na iniciativa Escolas Seguras para aumentar a resiliência climática das instalações de educação.
A iniciativa incluiu o desenvolvimento de instrumentos políticos chave tais como o "Decreto para Normas de Escolas Resilientes" que assegura que todas as Escolas do país sejam construídas de acordo com as normas de resiliência climática.
O UN-Habitat está actualmente a trabalhar com o Instituto Nacional de Gestão de Riscos de Catástrofes (INGD) e o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano (MINEDH) na prestação de assistência técnica para tornar 3000 salas de aula resistentes às mudanças climáticas, num esforço apoiado pelo Banco Mundial.
O desempenho das infraestruturas resilientes ao clima também foi demonstrado por casas resilientes construídas nas províncias de Inhambane e Zambézia.
Em Inhambane, atingida pelo ciclone na sua primeira ronda, 13 casas à prova de ciclones construídas em 2011 com a assistência técnica do UN-Habitat e o apoio financeiro da Comissão Europeia para Ajuda Humanitária (ECHO), serviram de abrigo de emergência para 300 pessoas.
O modelo de habitação à prova de ciclones teve tanto sucesso que foi reproduzido localmente, como explicou Zefanias Vilanculo, do Município de Vilankulo, "seguimos o mesmo modelo para construir um jardim-de-infância, um edifício da administração estatal, duas escolas e um centro de saúde, que durante o desastre, abrigou cerca de 1440 pessoas".
No bairro de Icidua, em Quelimane, Zambézia, 12 casas resilientes às mudanças climáticas, construídas em 2018 com o apoio da USAID, resistiram e serviram de abrigo de emergência para centenas de pessoas.
"A minha casa foi destruída pelo ciclone, por isso vim para esta casa. Sinto-me seguro nesta casa, pois parece ser forte. Espero que o governo ajude outras pessoas que estão a sofrer e lhes proporcione uma casa segura como esta" - disse Anabela Carlo, uma das residentes de Icidua.
Manuel Araujo, Presidente da Câmara de Quelimane, conversando com o UN-Habitat, alguns dias depois do ciclone Freddy's referiu-se explicitamente às casas do Icidua.
"O ciclone deixou o bairro Icidua totalmente destruído. Apenas as casas resilientes ficaram ali, como monumentos, sobre um cenário de devastação", Manuel Araujo, Presidente da Câmara de Quelimane.
Para ele, essas casas são o caminho a seguir, "Este tipo de iniciativa deveria ser replicada em todo o país para garantir a construção de cidades mais resilientes; Porque temos de aprender a viver com os impactos das mudanças climáticas".
Nas últimas duas décadas, o UN-Habitat tem vindo a trabalhar com o Governo de Moçambique na promoção de infraestruturas resilientes que sejam inclusivas e sensíveis ao género, para enfrentar os desafios que as mudanças climáticas representam para o desenvolvimento do país.
A construção de infraestruturas resilientes é uma prioridade e o Governo pretende expandir as normas de construção resilientes, agora adoptadas para as escolas, a outros sectores, tais como a habitação e a saúde.