ONU apoia Resposta ao Ciclone Freddy
Freddy é um dos ciclones mais fortes já registradas e pode ser o ciclone tropical mais duradouro, segundo a Organização Meteorológica Mundial.
MAPUTO, Moçambique - Moçambique e Malawi contabilizam os custos do ciclone tropical Freddy, que matou mais de 200 pessoas no Malawi e 20 em Moçambique, deixou dezenas de feridos e deixou um rastro de destruição ao atravessar a África Austral pela segunda vez num mês durante o fim-de-semana.
Freddy é um dos ciclones mais fortes já registrados no hemisfério sul e pode ser o ciclone tropical mais duradouro, de acordo com a Organização Meteorológica Mundial.
O ciclone se desenvolveu na costa norte da Austrália no início de fevereiro e depois viajou milhares de quilômetros pelo sul do Oceano Índico, afetando Maurício e La Réunion, antes de chegar a Madagascar duas semanas depois e em seguida a Moçambique, em 24 de fevereiro,
Ele atingiu o centro de Moçambique pela segunda vez no domingo, 12 de março, arrancando telhados de edifícios e causando inundações generalizadas ao redor do porto de Quelimane, antes de se mover para o interior em direção ao Malawi com chuvas torrenciais que causaram deslizamentos de terra.
Instituições moçambicanas, sociedade civil, setor privado estão trabalhando dia e noite para acessar as áreas e trazer assistência humanitária.
"A situação é crítica na província da Zambézia; Não podemos avançar com uma imagem precisa da dimensão dos estragos porque não há comunicações com todas as regiões", afirmou o Ministro da Saúde, Armindo Tiago, em entrevista na Rádio Moçambique.
Apenas em Moçambique, 300.000 pessoas já foram afetadas e espera-se que o número aumente muito com a continuação das chuvas e inundações. Um surto de cólera agrava a situação com cerca de 9.000 casos. Mais de meio milhão correm o risco de serem afectados desta vez em Moçambique, segundo o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) das Nações Unidas.
Apoio à resposta liderada pelo governo
Parceiros humanitários estão apoiando as respostas lideradas pelo governo ao ciclone tropical Freddy em Madagascar, Malawi e Moçambique.
Sob a liderança da Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, a ONU e os parceiros humanitários deslocaram-se a todas as províncias afectadas e estão a fornecer meios logísticos, alimentos, pastilhas de purificação de água e abrigo.
"Os estoques estão extremamente baixos e há uma necessidade urgente de mais recursos", afirmou Myrta Kaulard.
Para a Coordenadora Residente da ONU e Coordenadora Humanitária para Moçambique, "a recuperação imediata das infraestruturas e da agricultura é igualmente urgente".
"Enquanto nos solidarizamos com o povo moçambicano, celebramos a preparação bem-sucedida que levou a uma perda de vidas muito baixa em comparação com o que aconteceu há quatro anos com o ciclone Idai; Uma conquista notável", continuou.
Contudo, Myrta Kaulard também enfatiza que a limitação na perda de vidas não significa que não há danos substanciais em infraestruturas, comunidades e nos meios de subsistência de milhares de moçambicanos.
"Com as colheitas destruídas e a época de plantação atrasada no celeiro de Moçambique, mais pessoas correm o risco de insegurança alimentar. E casas, escolas, hospitais e estradas estão em ruínas", enfatizou Myrta Kaulard.
Para reponder às necessidades das comunidades atingidas pelo primeiro impacto da tempestade tropical Freddy, o Programa Mundial para a Alimentação (PMA) está a fornecer alimentos a 22,630 pessoas em centros de acomodação provincias de Sofala e Inhambane. Dois veiculos ambibios ('sherps') estao em pre-posicionados em campo para operacoes de emergencia.
Liderado pelo UNICEF e pela OMS, cerca de 15.000 unidades de Certeza foram entregues pelos parceiros do cluster de Água, Saneamento e Saúde (WASH em sua sigla em inglês), juntamente com 1.000kg de HTH (cloro) para o tratamento de água em todos os centros de tratamento de cólera nas comunidades, incluindo a cidade da Beira. No distrito de Caia foi apoiada a reabilitação de fontes de água. E está em curso a entrega de mais 10.000 unidades de Certeza e sulfato de alumínio para reforço do tratamento de água.
Na província de Sofala, a intervenção dirigida à área de casos da colera é apoiada na Beira e no Buzi. A água está a ser canalizada para três centros de acomodação na cidade da Beira e 1.000 kits de higiene foram distribuídos em centros de acomodação na província. Apoio ao reparo de furos de água e sistema de abastecimento de água movidos à energia solar estão em andamento.
Na província de Inhambane atingida por Freddy em sua primeira ronda, as atividades de resposta setorial continuam a ser implementadas, ajudando as pessoas afetadas com base nas necessidades do governo. Foi fornecida ração alimentar para sete dias a aproximadamente 1.500 pessoasno distrito de Mabote. Além disso, os parceiros de WASH distribuíram kits de higiene no distrito de de Inhasoro, Govuro e Vilanculos.
O Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) estima que cerca de 60.000 mulheres em idade reprodutiva e 7.000 mulheres grávidas foram impactadas pela primeira passagem do ciclone Freddy pelo país e as inundações que afetaram a região sul. Em parceria com o governo, o UNFPA pré-posicionou aproximadamente 8.000 "kits de dignidade" para mulheres e raparigas para apoiar suas necessidades de higiene menstrual, sanitária e dignidade feminina - com itens incluindo pensos menstruais reutilizáveis e roupas íntimas - bem como sua proteção e segurança com apitos e lanternas para ajudá-las à noite.
A agência também apoia a continuação de serviços essenciais com 64 tendas e espaços seguros para mulheres, assim como, kits de saúde reprodutiva, cobrindo uma população potencial de 800.000 pessoas, com foco particular na saúde materna e garantir parto seguro em ambientes humanitários para mulheres e recém-nascidos.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) apoia a resposta liderada pelo Governo tanto por meio do WASH cluster como a continuação de serviços essencias através de brigadas móveis e equipas de saúde em zonas fronteiriças para o apoio à resposta à cólera. OIM planeja liberar o "pipeline" de Abrigo de Emergência e itens não alimentares para todas as áreas afetadas e parceiros que necessitem após avaliações para indicar o nível de pedidos e distribuição geográfica, especialmente para itens como kits de cobertura e ferramentas.
A OIM também está fornecendo todo o suporte técnico relacionado aos centros de acomodação, avaliações e locais eventuais assim como continua avaliações regulares dos centros de acomodações por meio da Matriz de Localização de Deslocamento (DTM).
No final desta semana, a agência deverá enviar um planejador local para a Zambézia, uma vez que algumas áreas afetadas são locais de reassentamento com pouca infraestrutura. A IOM também realiza mobilização comunitária em áreas afetadas por Freddy e treinamento em vigilância baseada em eventos comunitários (CEBS) em comunidades fronteiriças entre a Província de Tete e Malawi.
O ACNUR enviou colaboradores para Mocuba e Quelimane, na província da Zambézia, para fazer a ligação com as autoridades, auxiliar na resposta e coordenar com os parceiros. Grupos de trabalho de proteção estão sendo planejados e a agência iniciou a identificação e registo das pessoas deslocadas nos distritos de Mocuba, Namacurra e Nicoadala, província da Zambézia. Além disso, um Centro de Proteção está sendo criado no Centro de Acomodação de Mucavine, um dos maiores da província.
A Agência da ONU para Refugiados também a apoia a resposta lidadera do governo com a distribuição de 5.500 kits básicos de emergência, incluindo colchonetes, baldes, cobertores, lençóis de plástico, utensílios de cozinha e lâmpadas solares, como estoque de contingência e para distribuir em caso de emergência e dependendo das necessidades.
Em coordenação com o Governo de Moçambique e com a Equipa Humanitária do País, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) está planejando as intervenções de recuperação antecipada (early recovery) por meio do financiamento existente, bem como a implementação de equipa nos distritos afetados pelo desastre para o planejamento de ações de recuperação antecipada. Também com base no pedido preliminar do Governo, o PNUD avalia a possibilidade de auxiliar o governo na realização de uma avaliação de necessidades pós-desastre.