Discurso do Presidente de Moçambique durante Reunião sobre o Processo de Paz em Moçambique
Discurso do Presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, durante Reunião sobre o Processo de Paz em Moçambique.
- Sua Excelência Presidente Alain;
- Caros presentes.
Primeiro, volto a repetir que agradeço a visita que o nosso irmão e amigo faz a este país e sobretudo a intensidade do programa que foi muito rico.
No dia de hoje, nós conseguimos, para além do programa que foi sugerido pela parte do Governo moçambicano, conseguimos também visitar o centro onde estão os deslocados de Mueda, e ficamos a ver a atividade social que ocorre na aquela zona.
Quem não está no terreno pode não ter dimensão daquilo que nós vimos. Aquelas mulheres estão a ser integradas, os serviços sociais estão sendo prestados.
Gostaria de saudar as apresentações feitas aqui, a partir da apresentação do Major General David Gomes que fez uma boa apresentação, sinal de que domina o trabalho, aliás ele que faz com os colegas, portanto, não era uma questão de ler notas.
Além das apresentações, quero saudar todo o processo em curso em Moçambique. Para nós podermos ter a paz que temos hoje, as discussões se iniciaram ao longo dos anos, sobretudo nos últimos.
Nós escolhemos as duas áreas essenciais para podermos assentar a paz. A descentralização que ocorre com as eleições que tem estado a ocorrer. O outro componente essencial era este do DDR. Para que não exista guerra em Moçambique, não exista partido com armas, então devia-se desarmar, desmobilizar e reintegrar os antigos guerrilheiros da Renamo.
Este processo ocorreu, e está a ocorrer. As armas têm sido entregues. Nós inauguramos este processo em Nhamatanda, quando fizemos o lançamento do DDR e havia outros componentes que foram aqui feitos, faço referência da integração de alguns membros da RENAMO na polícia e também a nível das forças armadas.
Havia a questão de equilíbrio, tentar encontrar algum equilíbrio no preenchimento dos departamentos e esse trabalho ocorreu. Paralelamente um outro processo também tem ocorrido que é o processo de reconciliação real entre os moçambicanos e isto teve lugar e está a ter lugar.
Quando o processo do DDR começou, nós apelamos a todos os intervenientes, os governadores, os secretários do estado, os administradores, para recebera o processo e os ex-combatentes de braços abertos.
Eu pessoalmente fiz o trabalho de sensibilizar as comunidades para receber os nossos compatriotas sem rancor porque era um processo de paz e exigia que eles voltassem as casas e isso aconteceu.
É verdade que não foi fácil, mas foi possível. O que significa que os moçambicanos têm essa capacidade de resolver os problemas de maneira tranquila, com tolerância.
Eu quero aqui reconhecer, que este processo tem estado a obedecer parâmetros internacionais. Quero também reconhecer o modelo deste processo, que é feito liderado pelos moçambicanos, essa equipa que foi formada, a comissão técnica extremamente competente, envolve jovens que são moçambicanos. Não foi preciso trazer jovens de outra equipa ou de longe para vir fazer isto, não. São pessoas que estão aqui que o fazem.
E quero também aqui, também reconhecer que este processo ocorreu em todo o país; tanto que ninguém pode dizer que o distrito tal ou aquele, onde não foi abrangido alguém porque não havia lá o processo de DDR para ampará-lo. Todos foram amparados.
E houve desafios, de aceitar, as pessoas quando regressassem, de enquadrar, mas esses desafios estão e vão ser ultrapassados.
Quero eu apenas aqui, recomendar para os diferentes tipos de formações que estão a ocorrer que façam formações úteis, portanto cursos que podem ser úteis. Nós conhecemos por exemplo o que a província de Cabo Delgado precisa, sabemos em Niassa o que pode fazer o jovem. Então, temos de orientar os cursos para o emprego, as necessidades do país para facilitar a vida e o enquadramento desses jovens.
Termino aqui fazendo algumas saudações e reconhecimentos. Em primeiro lugar, reconhecer a colaboração da RENAMO e neste caso concreto do seu Presidente, do seu líder a partir do Afonso Dhlakama, mas a parte do DDR, em que a execução foi mesmo com o Presidente Ossufo Momade, da entrega, da abertura para podermos discutir e de toda a sua equipa.
Quero também reconhecer e saudar o Grupo Técnico, este do qual eu me referi que fez o trabalho com perfeição. Quero saudar o Grupo de Contacto numa fase que trabalhou para poder coordenar com muitos parceiros internacionais, onde o embaixador Mirko liderou, ainda mesmo quando era Embaixador, mas também quando ficou Enviado Pessoal do Secretário Geral das Nações Unidas, oportunidade em que teve mais propriedade de coordenar o processo com toda a equipa dele. Precisamos de reconhecer esse trabalho que não é fácil, porque também inclui a componente de mobilização de apoios de recursos para que esse processo seja exequível.
Quero do mesmo modo que reconheci e agradeci os parceiros de cooperação internacional, reconhecer em especial, o Senhor Presidente aqui presente pelo empenho pessoal, troca de impressões, o envolvimento e a vontade de ver os moçambicanos em paz.
Esta sua visita é o testemunho disso, das conversas que tivemos e de sua preocupação. Poderia não estar preocupado porque está lá na europa, o seu país está tranquilo, mas não consegue dormir enquanto houver os outros irmãos, outros seres humanos a viver em conflitos.
Reconhecimento também faço neste ambiente e em frente de si, Senhor Presidente, das Nações Unidas que estão a apoiar este processo, elas precisam de assumir mais porque se calhar este é um dos processos que serve de modelo. É um processo de sucesso, que deve ser tomado como um caso notável que precisa ser capitalizado. É um produto que precisa ser vendido para servir a humanidade, a paz e a tranquilidade.
Temos desafios, mas acredito que não são desafios para nos termos medo. Sobre a questão das pensões, quero apelar aos moçambicanos, e hoje sobre tudo, que essa é uma questão que nós queremos resolver. Nós queremos resolvê-la para tornar o processo sustentável. Então, que nos deixem também continuar a pensar como nós queremos resolver q questão nós mesmos. Como eu ontem disse, para que o processo tenha recursos precisamos de um pacote anual. Com este pacote, multiplicado ao longo dos anos, vamos ter uma solução. Estamos à procura de uma solução e os nossos amigos, irmãos, estão com muita sensibilidade e apoio. A solução acontecerá porque nós estamos interessados para que isso aconteça.
Mais uma vez obrigado, reafirmo a vontade do meu Governo de continuar a fazer tudo por tudo para que este processo termine com êxito e que os moçambicanos se reencontrem e possam produzir e lutar pelos problemas actuais, e mais tarde desenvolver o país para o futuro destes jovens que aqui agora se apresentaram e todos os outros. Obrigado.