Fátima aderiu o uso de contraceptivo pela primeira vez com a chegada de uma brigada móvel no centro de reassentamento de Corane com o apoio do UNFPA.
NAMPULA, Moçambique - "Apreensiva e hesitante", são os sentimentos que Fátima António, de 18 anos, usa para descrever a sua escolha de métodos contraceptivos, um dia antes da chegada de uma brigada móvel que partilharia informações e ofereceria vários serviços de planeamento familiar para pessoas baseadas num campo de deslocados na província de Nampula, Moçambique.
Enquanto uma equipa de enfermeiras e activistas se prepara para atender à comunidade, Fátima e um pequeno grupo de mulheres e raparigas esperam numa pequena fila que estava a ser formada nas primeiras horas do dia.
"Estou bastante ansiosa, até porque é a primeira vez que decidi começar a fazer o planeamento familiar", diz a jovem.
Mãe de um rapaz de 5 meses, Fátima vive no campo de deslocados há cerca de três anos, tendo fugido de ataques em Cabo Delgado à medida que a violência aumenta no norte de Moçambique. Só recentemente ela começou a receber informações sobre métodos contraceptivos, admitindo nunca ter utilizado um antes.
"Os activistas sensibilizaram-me para os benefícios dos contraceptivos. Inicialmente tive algumas dúvidas sobre qual o método que me traria vantagens", explica.
No entanto, as dúvidas de Fátima começaram a dissipar-se quando ela se sentou em frente da enfermeira Luísa, que estava a liderar a brigada móvel naquele local. Da lista de métodos que lhe foi disponibilizada, ela optou pelo implante contraceptivo, afirmando: "Este método oferece-me mais confiança de que não voltarei a engravidar durante os próximos dois anos".
"Posso agora voltar à escola, porque já não corro o risco de interromper os meus estudos devido a uma gravidez não planeada", acrescenta Fátima.
Esta preocupação é uma que pinta um quadro preocupante na província de Nampula, onde quase metade das raparigas com idades compreendidas entre os 15-19 (44%) são mães adolescentes (IMASIDA 2015).
Notavelmente satisfeita com a sua decisão, Fátima não escondeu que no início estava com medo e recebia informações contraditórias de outras raparigas. Com o apoio da enfermeira Luísa, ela está mais confiante, bem informada, e diz que irá sensibilizar os seus pares.
De acordo com Luísa, os activistas têm vindo a sensibilizar as comunidades sobre os diferentes métodos de planeamento familiar, como parte dos projectos do UNFPA financiados por doadores, nomeadamente o Governo do Japão, a União Europeia através da Iniciativa Spotlight, e através do Fundo Central de Resposta de Emergência da ONU (UN CERF).
Considerando que o acesso, em tempo útil, às instalações e unidades de saúde continuam a ser um desafio, particularmente em áreas afectadas pelo conflito, as brigadas móveis percorrem longas distâncias e atravessam terrenos difíceis para proporcionar saúde sexual e reproductiva e assistência na prevenção e resposta à violência baseada no género, informação e aconselhamento a mulheres e raparigas. Em 2022, as brigadas móveis em Nampula realizaram mais de 80 clínicas móveis, apoiando mais de 6.600 mulheres e raparigas na adopção de um método moderno de contracepção.