MAPUTO, Moçambique
- Sua Excelência o Presidente da República de Moçambique, Sr. Filipe Jacinto Nyusi;
- Sua Excelência o Presidente do Zimbabue, Sr. Emmerson Mnangagwa;
- Sua Excelência o Secretário Executivo da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), Sr. Elias Magosi;
- Sua Excelência a Ministra da Terra e Ambiente, Sra. Ivete Maibaze;
- Sua Excelência o Presidente do Conselho Municipal de Maputo, Sr. Eneas Comiche;
- Distintos Delegados da SADC;
- Ilustres Membros do Governo, da família das Nações Unidas e dos parceiros de cooperação;
- Minhas Senhoras e Meus Senhores,
Bom dia a todas e a todos,
É uma honra e um prazer juntar-me a vós nesta sessão de alto nível.
Em nome do Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, gostaria de parabenizar a Vossa Excelência o Presidente de Moçambique, Sr. Filipe Nyusi, pela organização desta Conferência tão importante assim como pela liderança e vanguarda na ação climática.
Enfrentamos juntos as ameaças urgentes e interligadas das mudanças climáticas, da perda de biodiversidade e da poluição que comprometem o bem-estar das pessoas e do planeta.
É inegável, estamos na linha de frente de uma crise planetária.
No entanto, a crise atual também oferece uma oportunidade para nos recuperarmos melhor, construir um mundo mais inclusivo e sustentável e fazer as pazes com a natureza, usando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, especialmente o ODS 15 (quinze), proteger a vida terrestre, e o Acordo de Paris como nossa bússola.
As florestas estão no centro das soluções. Elas são essenciais para acabar com a ameaça existencial das mudanças climáticas, deter a degradação da terra, construir a segurança alimentar, apoiar os avanços na saúde humana e evitar os desastres naturais que afetam os países da região, Moçambique em particular.
Acima de tudo, investir em florestas e biodiversidade representa um investimento excepcional nas pessoas e seus meios socioeconômicos. O Miombo é determinante para o balanço energético, de carbono e de água e está entre as áreas selvagens de alta biodiversidade do mundo.
Contudo, a pressão do crescimento populacional, agricultura, queima e produção de carvão e indústrias extrativas são as principais causas da degradação na Ecorregião.
A reunião sobre o clima em Glasgow reconheceu a importância da natureza saudável para um clima saudável e para ajudar as comunidades e os países a se adaptarem às mudanças climáticas e para um desenvolvimento estratégico, inteligente e resiliente.
Na quinta Assembleia da ONU para o Meio Ambiente, em março, um pacote de resoluções deu impulso ao movimento pela natureza. Uma definição multilateral acordada de soluções baseadas na natureza nos forneceu uma base real para começar a construir tais soluções.
Agora é o momento da ação conjunta para a natureza. É somente envolvendo todos os setores, investidores, empresas e pessoas que impactam ou dependem da natureza que abordaremos os principais fatores da degradação de ecossistemas.
Gostaria aqui de fazer especial menção às mulheres e raparigas que enfrentam as maiores ameaças e os danos mais profundos das mudanças climáticas. Para forjar o futuro sustentável de que precisamos, mulheres e raparigas devem estar na frente e no centro, liderando o caminho e a ação climática.
Excelências,
O grande potencial de sequestro de carbono da floresta do Miombo continua inexplorado. O futuro sustentável dos países abrangidos por ela depende de sua conservação, prevenção do desmatamento e aumento dos esforços para restaurar aqueles que já foram danificados.
Acordos de pagamentos do fundo para reduzir as emissões de desmatamento e degradação florestal, conhecido como REDD+, podem mudar o jogo, pois fornecem as finanças necessárias para melhorar o maneio florestal, resiliência e desenvolvimento sustentável.
Parabenizo Moçambique por tornar-se o primeiro país a receber pagamentos deste tipo por reduzir as emissões de desmatamento e degradação florestal.
Graças aos processos REDD+, países desenvolvem estratégias específicas para reduzir o desmatamento, vinculadas a compromissos nacionais de clima e desenvolvimento, fortalecem capacidades e arranjos institucionais e melhoraram visões inclusivas e participativas para garantir benefícios de carbono, socioambientais e financeiros.
O exemplo de Moçambique nos mostra que o multilateralismo funciona e pode oferecer soluções para as pessoas e para o planeta.
Isto se torna ainda mais importante com a realização da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP27) no Egito este ano, pois representa oportunidade para garantir que as vozes africanas sejam ouvidas na primeira COP a ser realizada no continente.
Isso significa construir sob a agenda da natureza de Glasgow olhando para como colocar soluções baseadas na natureza nas contribuições nacionalmente determinadas.
Aproveitemos as oportunidades e a vossa liderança da África para trabalharmos juntos por meio de um multilateralismo ativo, aberto e em rede.
Todos os países têm um papel crucial a desempenhar na proteção das pessoas, do planeta e na prosperidade e as Nações Unidas estão aqui para apoiá-los.
A ONU saúda a Declaração de Maputo sobre a Floresta do Miombo como exemplo de como instituições podem implementar uma visão estratégica e sustentável, ouvir as vozes das comunidades, promover a adaptação às mudanças climáticas, a conservação da biodiversidade e uso e maneio sustentável de recursos naturais.
Em nome do Secretário-Geral da ONU, gostaria de parabenizar, mais uma vez, a ação climática ambiciosa de Moçambique e dos países da SADC para a preservação da Floresta do Miombo e da Bacia do Grande Zambeze.
Reitero a prontidão da ONU em aumentar o nosso engajamento para um futuro sustentável, inclusivo e resiliente.
Juntos, podemos construir um futuro onde vivamos em harmonia com a natureza.
Vamos todos fazer parte da solução.
Muito obrigada!