Comunicado de Imprensa

Novo Relatório sobre HIV/SIDA no Mundo Alerta sobre o Aumento de Infecções e Redução de Recursos para o Combate da Epidemia

29 julho 2022

  • Os progressos na prevenção e tratamento estão a sofrer quedas em todo o mundo, colocando milhões de pessoas em risco.
  • A Europa Oriental e Ásia Central, Médio Oriente e Norte de África, assim como a América Latina, registaram aumentos anuais de infecções pelo HIV ao longo de vários anos.
  • Na Ásia e no Pacífico, os dados da ONUSIDA mostram que as novas infecções pelo HIV estão a aumentar onde registravam redução.
  • Urge uma acção para combater as desigualdades que conduzem ao SIDA, a fim de prevenir milhões de novas infecções pelo HIV nesta década, e acabar com a pandemia de SIDA.

MAPUTO, Moçambique – Novos dados da ONUSIDA sobre a resposta global ao HIV revelam que, durante os últimos dois anos da COVID-19 e outras crises globais, o progresso na luta contra a pandemia de HIV registou uma queda, os recursos diminuíram e, como resultado, milhões de vidas estão em risco. O novo relatório, “In Danger”, foi lançado antes da Conferência Internacional sobre o SIDA em Montreal, Canadá.

Em todo o mundo, o número de novas infecções diminuiu apenas 3,6% entre 2020 e 2021, representando o menor declínio anual de novas infecções pelo HIV desde 2016. A Europa Oriental e Ásia Central, Médio Oriente e Norte de África, assim como a América Latina, registaram aumentos anuais de infecções pelo HIV ao longo de vários anos. Na Ásia e no Pacífico – a região mais populosa do mundo – os dados da ONUSIDA mostram que as novas infecções pelo HIV estão a aumentar onde vinham registando redução. Nestas regiões, as infecções, cada vez maiores, são assustadoras. Na África Oriental e Austral, o ritmo acelerado do progresso em relação aos anos anteriores abrandou significativamente em 2021.

“Estes dados mostram que a resposta global ao SIDA está em grande risco. Se não estamos a registar progressos rápidos, então estamos a perder terreno, uma vez que a pandemia cresce devido à COVID-19, aos deslocamentos em massa e a outras crises. Devemos nos lembrar das milhões de mortes que queremos impedir”, disse a Directora Executiva da ONUSIDA, Winnie Byanyima.

A queda no progresso significa aproximadamente 1,5 milhão de novas infecções ocorridas no ano passado, o que equivalente a mais de 1 milhão relativamente aos objectivos globais.

As novas infecções ocorreram de forma desproporcional entre raparigas adolescentes e mulheres jovens, com uma nova infecção a cada dois minutos nesta população em 2021. O impacto do HIV associado ao género, particularmente para raparigas e mulheres jovens africanas, ocorreu no meio de disrupções dos principais serviços de tratamento e prevenção do HIV, quando milhões de raparigas fora da escola devido a pandemias e picos de gravidezes na adolescência e violência baseada no género. Na África Subsaariana, as raparigas adolescentes e mulheres jovens têm 3 vezes mais probabilidades de contrair o HIV do que os rapazes adolescentes e homens jovens.

Durante as perturbações dos últimos anos, as populações-chave foram particularmente afectadas em muitas comunidades - com uma prevalência cada vez maior em muitos locais.

Os dados da ONUSIDA revelaram progressos insuficientes na eliminação de leis punitivas que aumentam o risco de infecção e morte de pessoas marginalizadas, incluindo pessoas LGBTI, pessoas que injectam drogas e trabalhadores do sexo.

O relatório também mostra que os esforços para assegurar que todas as pessoas vivendo com HIV estejam a aceder ao tratamento anti-retroviral que salva vidas estão a fracassar. O número de pessoas em tratamento do HIV desacelerou em 2021 do que em mais de uma década. E enquanto três quartos de todas as pessoas vivendo com HIV têm acesso ao tratamento anti-retroviral, aproximadamente 10 milhões de pessoas não têm e apenas metade (52%) das crianças vivendo com HIV têm acesso a medicamentos que salvam vidas. A diferença na cobertura do tratamento do HIV entre crianças e adultos está a aumentar em vez de diminuir.

A pandemia de SIDA ceifou uma vida, em média, a cada minuto, em 2021, com 650 000 mortes por SIDA, apesar do tratamento eficaz do HIV e dos instrumentos para prevenir, detectar e tratar infecções oportunistas.

“Estes números são sobre vontade política. Será que nos preocupamos com o empoderamento e protecção das nossas raparigas? Será que queremos acabar com as mortes por SIDA entre as crianças? Colocamos salvar vidas à frente da criminalização?” perguntou Byanyima. “Se assim for, então temos de voltar a colocar a resposta ao SIDA no bom caminho”.

O relatório expõe as consequências devastadoras se não forem tomadas medidas urgentes para combater as desigualdades que conduzem à pandemia. Mostra que no percurso actual o número de novas infecções por ano seria superior a 1,2 milhão em 2025 – o ano em que os Estados membros das Nações Unidas estabeleceram o objectivo de menos de 370 000 novas infecções pelo HIV. Mais do que falta do cumprimento do compromisso relativo a novas infecções, isto representaria o triplo dessa falta de cumprimento. Milhões de infecções evitáveis pelo HIV todos os anos estão a tornar cada vez mais difícil e mais caro assegurar que as pessoas vivendo com HIV tenham acesso a tratamentos que salvam vidas e que os objectivos de acabar com a pandemia do SIDA até 2030 sejam alcançados.

Num momento em que a solidariedade internacional e o aumento do financiamento são mais necessários, muitos países de alto rendimento estão a reduzir a ajuda, estando os recursos para a saúde global sob forte ameaça. Em 2021, os recursos internacionais disponíveis para o HIV eram 6% inferiores aos de 2010. A ajuda externa ao desenvolvimento para o HIV proveniente de doadores bilaterais, sem contar os Estados Unidos da América, caiu 57% durante a última década. A resposta ao HIV em países de baixo e médio rendimento é de 8 mil milhões de dólares a menos do que o montante necessário até 2025.

“Numa altura em que urge o apoio internacional, a solidariedade global parou. Os líderes não devem confundir a grande luz vermelha de alerta com um sinal de paragem. Este deve tornar-se um momento para uma onda de apoio internacional”, disse Byanyima.

Ainda é possível que os líderes consigam colocar a resposta de volta no bom curso. Isto requer tanto acção nacional como solidariedade internacional. No ano passado, os líderes acordaram um roteiro, estabelecido na Declaração Política sobre HIV e SIDA, que pode acabar com o SIDA até 2030.

Importa destacar que as acções necessárias para acabar com o SIDA também prepararão melhor o mundo para se proteger contra as ameaças de pandemias futuras.

O pacote comprovado para o sucesso inclui: serviços liderados pela comunidade e centrados nas pessoas; a defesa dos direitos humanos de todos, a eliminação de leis punitivas e discriminatórias e o combate ao estigma; o empoderamento de raparigas e mulheres; a igualdade de acesso ao tratamento, incluindo novas tecnologias de saúde; e serviços de saúde, educação e protecção social para todos.

 

SOBRE O ONUSIDA

O Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA (ONUSIDA) lidera e inspira o mundo a alcançar a sua visão comum de zero novas infecções pelo HIV, zero discriminação e zero mortes relacionadas com o SIDA. O ONUSIDA une os esforços de 11 organizações das Nações Unidas - ACNUR, UNICEF, PMA, PNUD, UNFPA, UNODC, ONU Mulheres, OIT, UNESCO, OMS e o Banco Mundial - e trabalha em estreita colaboração com parceiros mundiais e nacionais para acabar com a epidemia do SIDA até 2030 como parte dos Objectivos de Desenvolvimento Sustentável. Saiba mais em unaids.org e junte-se a nós no Facebook, Twitter, Instagram e Youtube.

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Gloria Byaruhanga

ONUSIDA
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Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/SIDA

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