Enquanto fugia dos ataques dos grupos armados com seus quatro filhos, Maria Antônio encontrou Zinha, de 10 anos, sozinha e a acolheu levando-a consigo.
MUIDUMBE, Cabo Delgado - A aldeia de Xitase, no distrito de Miudumbe, na Província de Cabo Delgado, foi atacada por grupos armados, e a casa de Maria Antônio (36 anos) foi completamente destruída. Ela conseguiu fugir com seus quatro filhos, Wilson Estevão (8 meses), Quareta Estevão (6 anos), Lúcia Antónia (10 anos) e Costa Estevão (13 anos).
Durante o trajeto, a família aumentou. Maria encontrou Zinha Manoela (10 anos) no mato, sozinha e chorando, segurando uma pequena sacola com uma peça de roupa.
“Perguntei onde estavam os seus pais e ela disse que não sabia. Falei para ela vir comigo que eu ia cuidar dela”, lembra Maria.
O trajeto foi de quase 20km até chegarem ao centro de acolhimento em Nangua-B, no distrito de Metúge. “Não é como a minha casa, mas agradeço porque tenho um abrigo para mim e para os meus filhos,” disse Maria.
Apesar das marcas de medo e tristeza que ficaram no rosto da pequena Zinha depois de ter se perdido da sua família durante a fuga dos ataques armados, aos poucos ela foi se adaptando ao convívio com a família de acolhimento.
“Zinha estava sempre muito calada e tinha medo de barulhos. Hoje ela está melhor, já sorri e brinca com os meus filhos. Ela tem muitos amigos aqui no centro e adora pular corda e brincar com pedrinhas”, afirma Maria.
O UNICEF e parceiros, com o apoio financeiro do Governo do Japão, estão a trabalhar para assegurar o bem-estar da Zinha e de tantas outras crianças desacompanhadas e separadas, fornecendo serviços que visam reuni-las com os seus pais, família ou cuidadores legais o mais rápido possível.
"Eu cuido da Zinha como cuido dos meus filhos, mas desejo que ela seja feliz com a família dela e que tenha muita saúde!" diz Maria Antônio.
Legenda: Maria e Zinha sorriem para foto dentro de seu pequeno abrigo construído no centro de reassentamento em Muidumbe, Cabo Delgado.
A mãe e a tia da Zinha foram encontradas e agora ela está em fase de reintegração familiar. “A tia dela já veio aqui visitar e me agradeceu muito por ter cuidado dela. Ela falou que a família achava que Zinha ainda estava perdida,” conta Maria.
Zinha já sabe que em breve vai voltar para a família e o sorriso em seu rosto mostra que ela está ansiosa por esse reencontro.