O Programa de Lanche Escolar de Emergência do PMA está a manter crianças na escola em áreas afectadas por desastre e conflito em Moçambique.
MAPUTO, Moçambique - Moçambique é um dos países mais propensos a desastres do mundo. Em um país onde mais de 65% da população reside em áreas rurais e a maioria deles depende da agricultura como seu principal meio de subsistência, a destruição causada por ciclones, secas, inundações e pragas tem afectado milhões de pessoas.
Para complicar ainda mais a situação, a insegurança na província de Cabo Delgado obrigou mais de 700.000 pessoas - das quais quase 50% são crianças - a fugir de suas aldeias, deixando para trás sua fonte de rendimento.
As crianças que vivem nesse contexto acabam sendo afectadas de forma desproporcional por crises naturais e por aquelas provocadas pelo homem. A violência e/ou eventos climáticos extremos forçam as crianças - especialmente as raparigas - a abandonar a escola porque suas famílias precisam delas para ajudar no campo ou para realizar tarefas domésticas. Os que ainda conseguem frequentar as aulas começam os seus dias lectivo de estômago vazio, o que prejudica a sua aprendizagem e participação.
Legenda: Cerca de 400,000 crianças foram deslocadas pelo conflito no Norte de Moçambique.
Como resposta a estes desafios, em Maio de 2021 o Programa Mundial para Alimentação das Nações Unidas (PMA) em cooperação com o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique (MINEDH) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) lançaram o Programa de Emergência de Lanche Alimentar financiado pela Parceria Global de Educação.
O programa tem o objectivo promover a adesão e participação escolar para aquelas crianças vivendo em áreas afectadas por crises, melhorando o seu acesso a alimentos saudáveis. Através deste programa, o PMA forneceu lanche escolar a mais de 92.000 alunos de 168 escolas em áreas afectadas pelos Ciclones Idai e Kenneth (em Março e Abril de 2019) e pela insegurança na província de Cabo Delgado.
Dependendo da infraestrutura da escola, os alunos recebem refeições quentes nutritivas no local ou rações mensais para levar para casa compostas de arroz, feijão, óleo e sal. Ademais, para estimular os mercados locais, a maior parte dos alimentos é adquirida em fornecedores locais.
Legenda: Lanches escolares permitem que as crianças desempenham melhor ampliando as suas oportunidades educacionais.
Para Rosa, de 52 anos e mãe de seis filhos, o é programa é essencial para o futuro de seus cinco netos. Quando o Ciclone Eloise atingiu o distrito de Búzi na Sofala província, a área onde ela vive em Janeiro 2021, as casas foram fortemente danificadas - incluindo sua própria - e os campos foram destruídos afectando profundamente as suas vidas e meios de subsistência.
“Tinha crianças que não iam à aula porque não tinham o que comer. Então, esse projecto é importante para manter as crianças na escola”, disse.
Questionada sobre a importância da educação, ela respondeu: "nunca fui à escola, mas quero ter certeza de que meus netos tenham essa oportunidade. A educação é a chave para encontrar um emprego melhor, é a chave para um futuro melhor”.
Legenda: O programa de lanche escolar de emergência esta a ajudar a garantir o futuro da comunidade da Rosa ao manter as crianças na escola.
Maria Willian, Directora da escola primária Gurunguire, fala sobre o impacto positivo deste programa de lanche escolar de emergência na realização escolar e no desenvolvimento das crianças.
"Porque fome é fome. Quando você está com fome não tem energia. Sem energia para o trabalho, sem energia para a escola. Antes, a maioria das crianças ia à escola apenas uma vez por semana ou até desistia e abandonava os estudos. Agora, a situação melhorou", afirmou.
Segundo a Directora, o número de alunos matriculados e atendimento diário aumentou notavelmente após que o Programa de Lanche Escolar foi lançado.
Legenda: Maria Willian, Directora da escola primaria de Gurunguire, uma das escolas abrangidas pelo Programa de Lanche Escolar de Emergência.
Antonella D'Aprile, Representante e Directora Nacional do PMA em Moçambique, destaca a importância de garantir os direitos das crianças à saúde, alimentação e educação, especialmente durante emergências.
“O PMA acredita que investir em uma abordagem de longo prazo durante nossas operações do salvamento é uma das bases para a futura estabilidade, paz e independência”, comentou a Representante do PMA em Moçambique.
"O Programa de Lanche Escolar de Emergência, parte da Parceria Global de Educação é um grande exemplo, dado que está a investir na educação e saúde das crianças, daí a investir no futuro de Moçambique”, continuou.
O Programa de Lanche Escolar de Emergência continuará até o final do ano lectivo com o objectivo de beneficiar um maior número de crianças.
Além deste programa de emergência, o PMA tem apoiado ao MINEDH com a implementação da Programa Nacional Alimentação Escolar caseiro (PRONAE), que visa a apoiar cerca de 195.000 alunos em 340 escolas em todo o país até o final do ano. O PMA também apoia mais 68.000 alunos de escolas que não fazem parte do PRONAE nas províncias de Tete e Nampula, graças ao apoio do governo do Canadá e do sector privado.