MAPUTO, Moçambique - Mais de 2.150 famílias que estiveram isoladas durante seis meses receberam assistência humanitária das Nações Unidas, após ataques armados ao distrito de Palma, na província moçambicana de Cabo Delgado.
São quase 10 mil pessoas beneficiárias do apoio de entidades como parte do Plano de Resposta Humanitária Conjunta envolvendo a Organização Internacional para as Migrações, OIM, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, e o Programa Mundial para a alimentação, PMA.
Oportunidade
Para o carregamento feito pelo serviço de logística humanitária do PMA, foram mobilizados barcos, caminhões e a aeronave do Serviço Aéreo Humanitário da ONU, Unhas.
Em conversa com a ONU News, em Maputo, o grupo de agências considerou o acesso ao distrito de Palma “uma janela de oportunidade.” O diretor nacional adjunto do PMA em Moçambique, Pierre Lucas, citou a importância do acesso ao distrito.
“Conseguimos ter acesso e alcançamos uma intensa operação logística para transportar kits com assistência alimentar de emergência, materiais de higiene e de abrigo a mais de 10 mil pessoas. Foi um sucesso, agora temos uma janela de oportunidade para fazer mais ações no distrito de Palma no norte de Cabo Delgado”.
Ajuda
Já a representante do Unicef em Moçambique, Maria-Luísa Fornara, explicou a necessidade do trabalho conjunto para concretização da operação. A região sofreu ataques terroristas.
“A distribuição de Kits de ajuda pelas agências da ONU foi uma operação extraordinária, que se baseou em longas negociações para acesso humanitário e apoio do Governo de Moçambique e de outras ONG’s e organizações da sociedade civil já atuantes no terreno”.
Para chefe da missão da OIM, Laura Tomm-Bonde, o acesso e a segurança em áreas mais remotas continuam sendo um desafio para os atores humanitários em Cabo Delgado.
“Com esta ajuda esperamos minimizar o impacto sofrido por civis em Palma. Com o acesso temporário a nossa equipe conseguiu levar a cabo algumas necessidades para os deslocados internos em locais de difícil acesso, o que é um desafio constante. Os deslocados internos continuam a chegar a Cabo Delgado e são cerca de 700 mil. Portanto, nós continuaremos a apelar a comunidade de doadores pelo apoio”.
Vulneráveis
Apesar do sucesso da missão conjunta após seis meses sem acesso direto ao distrito de Palma, a representante do Unicef chama a atenção para que seja dada maior atenção aos grupos vulneráveis.
“Nesta situação de conflito com mais de 730 mil pessoas deslocadas em Cabo Delgado, os mais vulneráveis precisam do nosso apoio e são as mulheres e as crianças".
"Os kits de emergência irão prevenir doenças potencialmente fatais, melhorar o estado nutricional das crianças e, em geral permitir uma vida mais digna e segura”, continuou.
As agências continuam comprometidas em fornecer uma resposta rápida para apoiar as pessoas mais vulneráveis em colaboração com os parceiros e apelam à comunidade doadora por um apoio contínuo.
De acordo com a OIM, mais de 730 mil pessoas foram deslocadas devido ao conflito em Cabo Delgado desde 2017.