NOVA IORQUE, EUA - Medidas de restrição nas fronteiras durante a pandemia levaram a uma queda de cerca de 35% do total de refugiados acolhidos no mundo. A quantidade baixou de 64 mil em 2019 para 22,8 mil no ano passado.
A situação continua marcada por dificuldades no reassentamento de pessoas vulneráveis, segundo um novo relatório da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, e do Banco Mundial.
O documento do Comitê Executivo do Programa do Alto Comissário examina as tendências observadas na proteção internacional entre julho de 2020 ao mesmo período deste ano.
Em 2021, a queda permanece. Um total de 4,5 mil pessoas foi reassentado no primeiro trimestre.
O relatório ressalta haver 57 países que ainda negam acesso a estrangeiros, e outros 73 com acolhimento restrito.
Brasil e México contaram com relocação interna voluntária de quase 70 mil refugiados e candidatos a asilo.
O tipo de iniciativas facilitou o acesso dos beneficiários a empregos estáveis, alojamento e serviços de saúde com sua contratação por entidades do setor privado. O estudo ressalta estas situações como exemplos para conectar os refugiados a oportunidades de emprego além-fronteiras e para criar trabalho.
As autoridades de Moçambique, do Brasil, de Portugal e de Estados-membros da União Europeia foram elogiadas por ampliar a validade de documentos de identidade para requerentes de asilo ou concessão de residência.
Ainda em 2020, Moçambique e Brasil foram as únicas nações de língua portuguesa participantes na iniciativa “Safe from the Start”, patrocinada pelos Estados Unidos, de apoio a operações em favor da segurança de pessoas em busca de abrigo.
Essas ações também ocorreram em áreas de países como Burquina Fasso, Burundi, Camarões, Djibouti, Mali, Sudão e Iêmen e em diversas regiões africanas.
O impacto socioeconômico da Covid-19 afetou quase todos os aspectos da vida dos refugiados e pessoas forçadas a se deslocar, especialmente as que estejam vivendo fora dos acampamentos.
Dados de oito países de acolhimento de refugiados antes da Covid-19 destacam que o grupo teve até 60% de probabilidade de trabalhar em setores altamente suscetíveis a pandemia do que os nascidos naqueles países.
As áreas em destaque foram as de alojamento, serviços alimentares, fábricas e varejo.
Um dos maiores exemplos dessa situação é o do acampamento de Kalobeyei, no Quênia.
Pesquisadores também observaram que o desemprego entre os refugiados caiu cerca de 75% em comparação aos níveis pré-pandêmicos. Um prejuízo três vezes mais alto que dos empregos nacionais.
Tanto para refugiados como para comunidades anfitriãs, as perdas foram de igual intensidade em lugares como Iêmen, onde o acesso a cuidados de saúde para todos não evoluiu dos níveis anteriores à pandemia devido ao conflito.