Declaração atribuída ao Porta-voz do Secretário-Geral sobre Moçambique
21 junho 2021
- Destaques do Briefing Diário ao Meio-Dia do Porta-voz do Secretário-Geral das Nações Unidas, Stéphane Dujarric.
Nova Iorque, EUA - O Escritório das Nações Unidas para Assuntos Humanitários (OCHA em sua sigla em inglês) relata que o conflito armado no norte de Moçambique está causando uma das crises de deslocamento de mais rápido crescimento do mundo e gerando terríveis necessidades humanitárias em toda a região.
O número de pessoas tiradas de suas casas devido a ataques e violência em Cabo Delgado aumentou quase 650 por cento só em 2020. Atualmente, mais de 732.000 pessoas foram deslocadas pelo conflito armado. Dessas pessoas, pelo menos 30% foram forçados a fugir mais de uma vez, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações.
O ataque a Palma em 24 de março e os confrontos subsequentes em todo o distrito expulsaram quase 70.000 pessoas de suas casas. Muitos tiveram que caminhar por dias, com nada mais do que as roupas do corpo, chegando ao destino com fome, exaustos, traumatizados e feridos.
Muitas pessoas afectadas também procuram asilo na Tanzânia, mas são sistematicamente devolvidas à força para Moçambique. De acordo com o ACNUR, quase 10.000 pessoas foram repatriadas depois de entrar na Tanzânia este ano, metade delas somente desde maio.
O OCHA adverte que o deslocamento repetido e a destruição dos meios de subsistência estão exaurindo os recursos escassos das famílias, levando a uma grave crise de fome além de múltiplas emergências de saúde e proteção.
As organizações humanitárias estão ampliando a resposta e ajudaram mais de 700.000 pessoas nos primeiros cinco meses de 2021. Mas a resposta humanitária está aquém das necessidades devido à insegurança, desafios de acesso e subfinanciamento.
As agências humanitárias em Moçambique receberam apenas cerca de 11% dos US$ 254 milhões necessários para ajudar e proteger 1,1 milhões de pessoas nas áreas de Cabo Delgado, Niassa e Nampula. Mais financiamento é urgentemente necessário.

Helvisney Dos Reis Cardoso
