Em Maratane, Nampula, Kissembe e Erick, refugiados congoleses, dão aulas de segundo grau lado a lado com professores moçambicanos na Escola Secundária local.
Maputo, Moçambique - Durante o Fórum Global de Refugiados (GRF) em 2019, o Governo de Moçambique comprometeu-se a continuar a integração local dos refugiados, reforçando as sinergias entre refugiados e comunidades anfitriãs e aumentando o acesso à educação, saúde e serviços básicos para refugiados e comunidades acolhedoras até 2023.
Moçambique tem uma longa história de acolhimento de refugiados e manteve as suas portas abertas aos requerentes de asilo ao longo dos anos, permitindo assim o acesso humanitário e protecção para aqueles que foram forçados a abandonar as suas casas devido à insegurança e conflitos armados.
No assentamento de Refugiados de Maratane, Província de Nampula, Kissembe e Erick, dois refugiados congoleses, dão aulas de segundo grau lado a lado com professores moçambicanos na Escola Secundária local.
Kissembe chegou a Moçambique há 11 anos, enquanto Erick está no país há 20 anos. Ambos fugiram da República Democrática do Congo (RDC) devido à insegurança e ao conflito armado em suas aldeias.
A jornada de Kissembe começou em 2010, quando sua família fugiu da RDC e buscou refúgio na Tanzânia antes de finalmente chegar a Moçambique. Erick foi para Moçambique em busca de um lugar mais seguro para reconstruir sua vida depois de perder toda sua família.
Kissembe e Erick fazem parte dos 10.079 refugiados congoleses que encontraram segurança em Moçambique. Ambos vivem no assentamento de refugiados de Maratane, lar de um terço do número total de refugiados em Moçambique.
Com o passar dos anos, e depois de enfrentar muitos desafios, eles foram gradativamente integrados à comunidade e puderam acessar novas oportunidades. Eles agora ensinam francês e inglês na Escola Secundária de Maratane.
“Agradeço ao Governo de Moçambique e ao ACNUR por me darem a oportunidade de estudar e adquirir as qualificações que me prepararam para competir em igualdade de condições com os professores moçambicanos”, Kissembe diz.
A comunidade de refugiados em Moçambique está aqui há muitos anos e pede acesso adequado à educação, oportunidades de emprego e cuidados de saúde.
O ACNUR, inspirado na promessa feita pelo governo no Fórum Global de Refugiados e em parceria com as Autoridades de Educação na Província de Nampula, coordenou a construção e estabelecimento das Escolas Primárias e Secundárias de Maratane.
Anteriormente, o ensino no Campo de Maratane era feito por refugiados voluntários e não atendia aos critérios básicos do sistema de ensino do país. Com a criação da escola, a necessidade de professores qualificados foi essencial, o que criou oportunidades para moçambicanos e refugiados com as qualificações necessárias para se candidatarem.
Erick e Kissembe compartilham há muito tempo o sonho de se tornarem professores. Ambos são licenciados em Ensino da Língua Francesa pela Universidade Pedagógica de Moçambique. Eles se sentem sortudos pelo sistema educacional em Moçambique estar aberto aos refugiados. Eles tiveram a oportunidade de estudar, o que abriu portas para oportunidades de emprego e maior autossuficiência.
“Fui aceito para lecionar no 9º e 10º anos como auxiliar de ensino. Agora, estou ansioso para fazer parte da equipe principal e espero que isso aconteça em um futuro próximo”, disse Kissembe.
“Agradeço ao ACNUR e ao governo de Moçambique por me darem a oportunidade de frequentar a Universidade Pedagógica, para que possa ir atrás dos meus sonhos”, disse Erick.
Erik e Kissembe fazem parte de um grupo de nove refugiados que moram em Marantane e cursaram a Universidade Pedagógica. Todos eles estão em busca de melhores oportunidades que lhes permitam prosperar no país que escolheram chamar de lar.
Por meio de uma cooperação reforçada e da solidariedade entre os refugiados e as comunidades de acolhimento, um dos princípios fundamentais do Pacto Global para os Refugiados, o Governo de Moçambique, o ACNUR e os seus parceiros estão a demonstrar que juntos podemos alcançar tudo.