Lançada Linha de Crédito de US$1 milhão de dólares para energias renováveis em Moçambique
Com apoio Organização da ONU para o Desenvolvimento Industrial, a Linha de crédito apoiará o sector agrícola por meio de soluções de energias renováveis.
Maputo, Moçambique - A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (UNIDO), O Banco Comercial e de Investimentos (BCI) e o Fundo de Energia (FUNAE) lançaram, na segunda-feira, dia 12 de abril, em Maputo, a Linha de Crédito BCI Super, de apoio ao sector agrícola com soluções de energias renováveis.
Orçado em um milhão de Dólares, esta Linha de Crédito será, conforme referiu o administrador do BCI, Miguel Alves, na sua intervenção, “em forma de um fundo de garantia para a mitigação de risco, com a expectativa de um aligeiramento das garantias exigidas pelo Banco aos operadores do sector agrícola”.
"A Linha linha de crédito se traduz num valioso e oportuno instrumento e numa aposta acertada de uma estratégia à qual o BCI está incondicionalmente alinhado, sendo de destacar neste fundo as condições atractivas que oferece para a aquisição de equipamentos de energias renováveis para uso produtivo no ramo dos agronegócios em Moçambique, seja na agricultura, seja no agro-processamento”, afirmou Miguel Alves.
Em Moçambique, até 2018 a taxa de electrificação rural tinha alcançado apenas 28%, sendo que a extensão da rede eléctrica tem-se mostrado tecnicamente difícil, onerosa e por vezes ineficiente devido ao distanciamento e a fraca densidade populacional.
O sector agrícola - um dos sectores mais importantes da economia - enfrenta sérios desafios no acesso à eletricidade e outras formas de energia moderna, forçando-o a socorrer-se de combustíveis mais caros tais como o diesel, lenha e/ou carvão nas suas actividades.
O Representante da UNIDO em Moçambique, Jaime Comiche, considerou que nos últimos dois anos, “a UNIDO trabalhou incansavelmente com o BCI e com o FUNAE, para trazer ao mercado um mecanismo financeiro impulsionador da adopção de sistemas integrados de energias renováveis, promovendo em particular: sistemas solares para a cadeia de valor da agricultura; sistemas solares para uso produtivo do sector comercial; e sistemas de transformação de resíduos orgânicos e em biogás”.
Fez ainda referência às adversidades que abateram-se sobre o país, nomeadamente os ciclones, a pandemia da COVID-19 e os focos de insegurança, no Centro e Norte do país.
“Perante tais adversidades, a pertinência deste mecanismo financeiro, tornou-se ainda mais reforçada. Tornou-se mais urgente, suplementar a resiliência e capacidade de adaptação, das comunidades locais e das Pequenas e Médias Empresas, a adversidades conjunturais, para protegeremmeios de subsistência, segurança alimentar e empregos", disse Jaime Comiche.
"A Linha de Crédito BCI SUPER torna-se, assim, parte da resposta ao impacto socioeconómico da COVID-19, e da estratégia de ‘building back better’ preconizada pelo Secretário-Geral da ONU”, continuou o Representante da UNIDO.
O projecto apoiará a adopção de sistemas integrados de energias renováveis (ER) (energia solar e transformação de resíduos em energia) em pequenas e médias empresas (PMEs) assim como em indústrias rurais de processamento de alimentos em Moçambique através de três componentes: Estabelecimento de um ambiente político e regulatório favorável; Capacitação e gestão do conhecimento; e Demonstração da viabilidade técnica e financeira & Desenvolvimento de mecanismos financeiros atractivos.
O PCA do FUNAE, António Saíde, assegurou que o FUNAE está engajado na implementação da visão do governo que visa o acesso universal em 2030, um objectivo que se consubstancia “através de soluções dentro e fora da rede, no quadro do Programa Energia para todos” – afirmou, reconhecendo que “a intervenção fora da rede é bastante de cariz social”.
"Urge a necessidade de transformar o meio da inclusão social em meio de inclusão económica, isto é buscar o uso produtivo”, frisou o PCA do FUNAE.
Em representação do governo, o Director Nacional de Energia, Pascoal Bacela, afirmou, no mesmo encontro, que o acto, ora testemunhado, “representa uma grande contribuição na construção da base de sustentabilidade para o serviço de fornecimento de energia a todos os consumidores à escala nacional”.
Pascoal Bacela sublinhou que a promoção do uso produtivo de energia constitui um imperativo no processo de electrificação, salientando que o mesmo acontece a diferentes escalas.
“Assistimos todos à produção do uso produtivo ao nível da indústria de larga escala, o que permite ao país cumprir com os índices macro-económicos de desenvolvimento. Porém, é ao nível das pequenas e médias empresas que o uso produtivo representa um factor multiplicador, realizando dois objectivos fundamentais: a criação de emprego e a provisão de bens de consumo, especialmente nas zonas rurais” – afiançou.
Por fim, Director Nacional de Energia, Pascoal Bacela, afirmou que “através desta iniciativa, será possível alargar o conjunto de actores com intervenção directa e activa na provisão de serviços de fornecimento de energia virados para o uso produtivo".
"O progresso só pode ser feito, se estiverem disponíveis serviços energéticos fiáveis, acessíveis e sustentáveis para todos” - Director Nacional de Energia, Pascoal Bacela.
A Iniciativa também contribuirá para o aumento da disponibilidade de serviços energéticos modernos, que é essencial para satisfazer as necessidades humanas básicas nas áreas da saúde, educação, abastecimento de água, comunicação e desenvolvimento da capacidade e de género, pois a energia é a base de toda a actividade económica.
O lançamento da linha de crédito BCI-SUPER é de marcar o inicio das actividades relacionadas com a concessão de empréstimos as Micro, Pequenas, Médias Empresas, Empresários em Nome Individual, Associações, Cooperativas, ONGs para a implementação de projectos de ER nas zonas rurais.
Potenciais beneficiários são convidadas a manifestar interesse para beneficiar do empréstimo pelo que na realização do evento serão disseminados os canais apropriados para que o grupo alvo seja alcançado de forma efectiva.