PMA responde com assistência humanitária aos ataques em Palma
31 março 2021
Programa Mundial para a Alimentação das Nações Unidas prepara assistência emergencial para mais de 50.000 pessoas afetadas pelos ataques
Pemba, Moçambique - O Programa Mundial para a Alimentação (PMA) está trabalhando para ajudar mais de 50.000 pessoas afetadas pela violência mortal em Palma, uma cidade na região de Cabo Delgado, em Moçambique.
“É uma verdadeira catástrofe humanitária”, disse Lola Castro, Diretora Regional do PMA para a África Austral “as pessoas estão indo para todos os lados - de barco, a pé, por estrada”.
O PMA está distribuindo pacotes de alimentos de emergência para “apoiar as pessoas onde quer que estejam” e trabalhando com a UNICEF para fornecer água potável a uma “população desesperada”, disse Castro.
A Província de Cabo Delgado já tem as taxas mais altas de desnutrição crônica em Moçambique, com mais da metade das crianças desnutridas - agora milhares estão entrando em uma situação de insegurança alimentar ainda mais profunda.
“A situação é muito má”, diz Castro, “e está a afetar as províncias vizinhas de Cabo Delgado”. Ela acrescenta: “Não temos recursos suficientes para apoiar o aumento de escala necessário”.
O conflito assola o norte de Moçambique desde 2017, quando grupos armados não estatais atacaram delegacias de polícia na cidade de Mocímboa da Praia. Ao longo de 2019, enquanto o país cambaleava com o impacto devastador de dois ciclones, isso continuou - ao longo de 2020, a violência aumentou enquanto o número de pessoas deslocadas se multiplicava.
“No início de 2020, havia 18.000 pessoas deslocadas - em dezembro eram 500.000 pessoas”, diz Castro.
Em fevereiro, esse número chegou a quase 670.000 pessoas, cerca de 80.000 das quais estão atualmente inacessíveis por causa da violência. “É uma situação muito séria”, diz Castro.
“Estamos falando de pessoas já desesperadas que não conseguiram se planejar por três anos consecutivos, outras que foram recentemente deslocadas, que não têm nem comida, água, abrigo ou qualquer coisa. Uma enorme tragédia humanitária está se desenrolando diante de nós” - afirma Castro.
Pessoas deslocadas se esforçam para alcançar seus “familiares em outros lugares, estas são as comunidades anfitriãs que conhecem, alguns encontram abrigo em centros de reassentamento do governo - em qualquer lugar onde possam encontrar um abrigo seguro”, acrescenta ela.
É uma narrativa tristemente familiar no norte de Moçambique.
Como relatou o PMA em outubro, após um êxodo anterior: “Alguns fogem para o mato, sobrevivendo bebendo água do rio e comendo o que encontram ao longo do caminho, apenas para voltar e encontrar suas casas totalmente queimadas, forçando-os a se mover para o sul em direção a capital da província de Pemba e além. Outros, temendo ataques a vilas costeiras, entram em barcos para navegar para o sul, passando dias sem comida ou água”.
De acordo com os últimos números, 950.000 pessoas em Cabo Delado e nas províncias vizinhas de Niassa e Nampula sofrem de insegurança alimentar.
À medida que o PMA responde, o desafio atual não é de forma alguma surpreendente - a organização há muito se esforça para apontar a ligação entre a insegurança alimentar, a violência e os movimentos em massa de pessoas em busca de segurança e segurança alimentar. No entanto, chamadas anteriores de fundos não foram atendidas.
A organização requer US$ 10,5 milhões por mês para fornecer assistência e US$ 98 milhões são necessários para fornecer suporte pelos próximos 12 meses.
O PMA e a comunidade humanitária renovaram seu apelo para o acesso irrestrito a todas as áreas para prestar assistência que salva vidas.