ACNUR Preocupado com Deslocados Internos na Província de Cabo Delgado
22 março 2021
Cerca de 670 mil pessoas já fugiram da violência; números continuam aumentando como resultado da crescente insegurança.
Maputo, Moçambique - Mais de 670 mil pessoas já fugiram da violência em Cabo Delgado, no norte de Moçambique, mas a crise ainda não conseguiu atrair a atenção do mundo.
Para destacar a situação, a Alta Comissária Assistente para Proteção da Agência da ONU para Refugiados, Acnur, Gillian Triggs, e o Alto Comissário Assistente para Operações, Raouf Mazou, visitaram a região na semana passada.
Necessidades
Em nota, a agência afirma que a maioria das pessoas busca abrigo na comunidade local e centros urbanos, enquanto outros foram realocados em assentamentos improvisados, onde estão privados de serviços básicos.
Gillian Triggs e Raouf Mazou estiveram em Ancuabe, que hospeda 951 famílias. No assentamento, as famílias enfrentam dificuldades para retomar a sua vida normal.
Para os assistentes do Acnur, a crise humanitária e de proteção é grave. A necessidade de abrigo adequado e resistente é uma prioridade, uma vez que às chuvas fortes se fazem sentir na província.
Gillian Triggs disse que a situação de Cabo Delgado é uma verdadeira tragédia humanitária, o que obriga o reforço das necessidades de proteção para mulheres, crianças e homens.
Já Raouf Mazou afirmou que o deslocamento de pessoas “pode não parar tão cedo”. Ele elogiou as comunidades anfitriãs pelo gesto de acolhimento a milhares de famílias deslocadas.
O Acnur trabalha em coordenação com o governo e outras organizações internacionais e parceiros para prestar ajuda aos deslocados internos.
Dados da agência indicam que mais de 2 mil pessoas foram mortas desde o início dos ataques, em 2017. Existem relatos generalizados de abusos de direitos humanos e desrespeito ao Direito Internacional Humanitário.
Vítimas
Herculano de 64 anos, é uma das vítimas desta crise. Ele deixou tudo para trás, fugindo da sua aldeia no distrito de Quissanga com sua família, incluindo dez filhos e oito netos.
Ele contou ao Acnur que trabalhava na roça e não tinha problemas em alimentar sua família. Ele tinha uma oficina de carpintaria e também criava gado, como cabras, galinhas e patos.
Agora, ele diz que a situação é difícil, porque não consegue “ganhar nem um centavo.”
Além dos ataques, a região está a recuperar-se dos recentes choques climáticos, incluindo ciclones, inundações e surtos recorrentes de doenças transmitidas pela água.
O Acnur tem prestado assistência humanitária de emergência, distribuindo materiais para abrigos, itens básicos de socorro, como lonas, colchões, cobertores, conjuntos de cozinha, baldes e lâmpadas solares.
Até ao momento, apenas 39% do apelo do Acnur para Cabo Delgado foi financiado.
Escrito por
Ouri Pota
ONU
Oficial de Comunicação da ONU News
Entidades da ONU envolvidas nesta atividade
ACNUR
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados