"Reitero a solidariedade das Nações Unidas para com o povo e o governo moçambicanos", afirma Guterres
Secretário-Geral apela a comunidade internacional para continuar a apoiar Moçambique contra a tripla ameaça resultante da violência, crise climática e COVID-19.
Maputo, Moçambique - Para marcar o segundo aniversário da passagem do ciclone Idai por Moçambique, o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, envia mensagem de vídeo em português para reiterar a solidariedade das Nações Unidas para com o povo e o governo moçambicanos.
Visita
Em 2019, os ciclones Idai e Kenneth atingiram Moçambique em março e abril, a primeira vez que o país sofreu dois ciclones devastadores na mesma temporada, num período de apenas seis semanas. O ciclone Idai deixou mais de 600 mortos e juntos os ciclones afetaram cerca de 1,8 milhão de pessoas.
Na mensagem de vídeo, o Secretário-Geral das Nações Unidas lembrou da devastação que testemunhou durante a visita que fez a Moçambique entre de 11 a 13 de julho de 2019 após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth. Ele e a sua delegação chegaram a Maputo e depois viajaram para a Beira para uma missão de campo para ouvir em primeira mão as comunidades afetadas.
“Jamais esquecerei o que vi. Fiquei profundamente comovido com a força e a resiliência de todos aqueles que foram afetados e também inspirado pelo heroísmo das equipas de ajuda de emergência”.
Segundo o chefe da ONU, a força dos ciclones alerta “para o facto de que o tempo está a esgotar-se no combate às alterações climáticas”.
Ele diz que “as tempestades tropicais são cada vez mais intensas e frequentes” e destaca a gravidade da situação em África. Há regiões do continente que estão aquecendo a um ritmo duas vezes superior à média global do planeta.
O continente é dos que tem menores responsabilidades na crise climática, mas segundo Guterres, “é dos que mais sofre as consequências”.
“É urgente adotar medidas imediatas destinadas a mitigar o aquecimento global e, ao mesmo tempo, apoiar as nações que estão na linha da frente das alterações climáticas para que vejam reforçada a sua resiliência e capacidade de adaptação”.
Resiliência
Dois anos depois, muitas famílias ainda lutam para reconstruir as suas vidas, mas o país tornou sendo atingido por uma tempestade tropical, Chalane, em dezembro passado, e semanas depois pelo ciclone Eloíse, em janeiro.
“São catástrofes atrás de catástrofes. O povo de Moçambique precisa da nossa ajuda urgente para enfrentar a tripla ameaça resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia Covid-19”.
O chefe da ONU apela à comunidade internacional para que intensifique os seus esforços e apoie o plano de resposta humanitária. O país precisa de US$ 254 milhões para responder às crescentes necessidades humanitárias.
Para terminar, o Secretário-Geral pede que a data sirva para unir esforços na ajuda ao povo moçambicano.
Para a Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique, Myrta Kaulard, “é comovente testemunhar a resiliência de mulheres, crianças, homens, que perderam entes queridos e tudo o que tinham no ciclone Idai e conseguiram recuperar gradualmente os seus meios de vida. A sua batalha contra os eventos climáticos extremos é titânica. A ONU em Moçambique está empenhada em fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ajudar Moçambique na sua corrida pela resiliência climática e desenvolvimento sustentável”.
Leia a mensagem do Secretário-Geral na íntegra:
“Nesta ocasião em que se assinalam dois anos desde que o ciclone tropical Idai se abateu sobre Moçambique, reitero a solidariedade das Nações Unidas para com o povo e o governo moçambicanos.
Visitei Moçambique logo após a passagem dos ciclones Idai e Kenneth e testemunhei, em primeira mão, a devastação provocada e os esforços de recuperação.
Jamais esquecerei o que vi.
Fiquei profundamente comovido com a força e a resiliência de todos aqueles que foram afetados - e também inspirado pelo heroísmo das equipas de ajuda de emergência.
A força dos ciclones alerta-nos para o facto de que o tempo está a esgotar-se no combate às alterações climáticas. As tempestades tropicais são cada vez mais intensas e frequentes. Há regiões em África que estão a aquecer a um ritmo duas vezes superior face à média global do planeta. Na verdade, o continente africano sendo dos que tem menores responsabilidades na crise climática, é dos que mais sofre as suas consequências.
É urgente adotar medidas imediatas destinadas a mitigar o aquecimento global e, ao mesmo tempo, apoiar as nações que estão na linha da frente das alterações climáticas para que vejam reforçada a sua resiliência e capacidade de adaptação.
Dois anos após o Ciclone Idai, muitas famílias ainda lutam para reconstruir as suas vidas. A tempestade tropical Chalane atingiu Moçambique em dezembro de 2020, seguida pelo ciclone Eloise em janeiro de 2021.
São catástrofes atrás de catástrofes!
O povo de Moçambique precisa da nossa ajuda urgente para enfrentar a tripla ameaça resultante da violência, das crises climáticas e da pandemia da Covid-19.
Apelo à comunidade internacional para que intensifique os seus esforços e apoie o plano de resposta humanitária para Moçambique. O país necessita de 254 milhões de dólares para responder às crescentes necessidades humanitárias provocadas por esta tripla crise.
Nesta data, que nos faz a todos refletir, vamos unir esforços na ajuda ao povo moçambicano”.