UNFPA atua para que ninguém seja esquecido entre afetados pelo ciclone Eloíse
03 fevereiro 2021
Há mais de 78 mil mulheres e raparigas afetadas pelo recente temporal; 63 mil são mulheres em idade reprodutiva e 15 mil adolescentes entre 10 e 14 anos.
Maputo, Moçambique - O Fundo das Nações Unidas para a População, UNFPA, uniu-se aos esforços liderados pelo Governo de Moçambique para avaliar os danos causados pelo ciclone Eloise na área central do país.
A Representante da agência em Moçambique, Andrea Wojnar, afirmou que as mulheres não param de dar à luz e os riscos de violência baseada no gênero aumentam durante situações de emergência como conflitos e desastres.
Necessidades
A chefe do UNFPA em Moçambique citou a importância da coleta de dados para análise do impacto do ciclone, além das necessidades de saúde e proteção de mulheres e meninas.
“Cerca de 79 mil raparigas e mulheres com idades entre 10 e 49 anos foram afetadas pelo ciclone Eloise. Isso representa um risco por causa de gravidez não desejada e do crescimento da violência baseada no gênero. Já disponibilizamos 22 tendas que poderão servir como centro médico temporário” - Andrea Wojnar, Representante Residente do UNFPA em Moçambique.
Em situação que agrava a vulnerabilidade das mulheres e meninas em situações de desastres naturais, os centros de saúde foram totalmente destruídos. Elas vivem em centros de acomodação onde a proteção e as necessidades de saúde são difíceis.
Para dar resposta às necessidades urgentes de mulheres, meninas e das pessoas mais vulneráveis, o Unfpa disponibilizou suprimentos antes do ciclone Eloise.
Suprimentos
Para além de 22 tendas, foram entregues 2,5 mil “Kits Dignidade” com itens essenciais para mulheres e raparigas vulneráveis como produtos de higiene. Os artigos incluem sabonetes, roupa íntima, máscaras faciais, absorventes higiênicos reutilizáveis e suprimentos de prevenção e infeção da Covid-19.
Entre os vários desafios, o Unfpa aponta a necessidade de olhar para a questão das mudanças climática. A representante citou a recente Cimeira de Adaptação Climática cujo tema chave foi “Uma crise climática é uma crise humanitária”.
“Nós sabemos que cada ano mais de 25 milhões de pessoas são afetadas pelas situações humanitárias. Se a mudança climática continua, este número poderá aumentar. Em 2050, 200 milhões de pessoas poderão precisar de ajuda humanitária anualmente devido a desastres relacionados ao clima” - Andrea Wojnar, Representante Residente do UNFPA em Moçambique.
Investimento
O centro de Moçambique foi atingido por uma onda de ciclones e tempestades tropicais nos últimos dois anos. Dos ciclones Idai ao Eloise, as ameaças climáticas são reais.
O Unfpa adotou o lema “Não podemos deixar ninguém para trás” na resposta ao desafio no qual considera pertinente investir na resiliência de comunidades vulneráveis.
Mulheres, meninas e jovens estão entre as prioridades da agência que envolvem estabelecer espaços seguros temporários para os afetados pelo ciclone, prevenir a transmissão da Covid-19 entre trabalhadores de saúde e deslocados.
Moçambique é o terceiro país no continente com alta vulnerabilidade aos riscos de desastres e o sexto no mundo com uma das maiores taxas de casamento prematuro.