Moçambique se prepara para chegada de ciclone Eloíse com ventos de 150 km/h
22 janeiro 2021
Tempestade tropical deve atravessar a região da Beira, a mesma já castigada pelos ciclones em 2019.
Maputo, Moçambique - O ciclone tropical Eloíse está a mover-se em direção à costa central de Moçambique e deve atingir a cidade da Beira na noite desta sexta-feira, horário local, com chuvas fortes e ventos máximos de 150 km/h.
A cidade, na província de Sofala, já foi afetada pelo ciclone Idai em 2019, causando mais de 140 mil deslocados. Por prevenção, as autoridades começaram a evacuar os moradores.
Previsões
O ciclone deve ter maior intensidade na Beira e arredores, uma área já atingida pela tempestade tropical Chalane há menos de um mês.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial, OMM, as chuvas devem chegar a 200 milímetros em 24 horas em todos os distritos da província de Sofala e várias localidades das províncias de Manica e Inhambane, acompanhadas de trovoadas e ventos fortes.
O Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, informou que o ciclone já passou no norte de Madagáscar, onde causou pelo menos uma morte, afetou mil pessoas e danificou ou destruiu cerca de 190 casas.
No Zimbabué, alguns dos principais rios deverão chegar ao ponto máximo, na próxima semana. A previsão é para cheias na fronteira com Moçambique.
Cheias
A ONU está preocupada com cheias generalizadas em todas as bacias hidrográficas em Sofala e Inhambane já acima dos níveis de alerta, devido às chuvas intensas dos últimos dias.
Nesse momento, as equipes realizam de retirada de cerca de 400 famílias ao longo do rio Buzi e em algumas aldeias do interior.
No Distrito do Buzi, as pessoas foram levadas para abrigos temporários em escolas e edifícios privados.
Após atingir Moçambique, Eloíse deve perder força, mas prevê-se que traga fortes chuvas para o leste da África do Sul, sul do Zimbabué e extremo leste do Botsuana.
Resposta humanitária
Em Moçambique, o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres, Ingd, está a liderar a preparação com o Centro Nacional de Operações de Emergência, Cenoe, e parceiros humanitários.
Agências humanitárias, incluindo o Programa Mundial de Alimentos, PMA, e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, já mobilizaram estoques de contingência.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, disse que muitas pessoas já estão deslocadas na cidade da Beira devido às recentes chuvas e ao impacto da tempestade tropical Chalane. Além disso, cerca de 100 mil moçambicanos afetados pelo ciclone Idai permanecem reassentamentos.
Desastres
Segundo a agência, as famílias são enviadas a dois centros de alojamento e tendas fornecidos pelas autoridades moçambicanas de gestão de desastres.
O Ministério da Educação e parceiros do setor, incluindo o Unicef, estão avaliando os danos às escolas e planejam distribuir materiais, incluindo lonas e tendas escolares, para permitir que cerca de 5 mil alunos voltem a estudar.
O Ocha alerta, no entanto, para a falta de financiamento e estoques disponíveis, uma vez que a capacidade dos parceiros já está estirada pelas operações em curso.