Atores Humanitários Respondem ao Ciclone Eloise enquanto a extensão dos danos é revelada
27 janeiro 2021
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) está a trabalhar com o Governo de Moçambique e parceiros na resposta humanitária ao ciclone Eloíse.
Beira, Moçambique - Os residentes da Cidade da Beira e das áreas vizinhas sentem o impacto do ciclone Eloise, navegando pelas ruas com águas até a cintura em algumas áreas e repletas de detritos, à medida que a extensão dos danos se torna mais aparente.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) está a trabalhar em colaboração com o Governo de Moçambique, outras Entidades das Nações Unidas, equipes de coordenação e parceiros humanitários para assegurar a coordenação na resposta humanitária. As avaliações começaram imediatamente após a chegada do ciclone Eloise para determinar as necessidades mais urgentes das comunidades.
Segundo o Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastre (INGD), mais de 175.000 pessoas em Moçambique foram afectadas pelo ciclone, mais de 8.000 casas foram destruídas, danificadas, ou submersas. Até agora, seis óbitos foram confirmados desde que Eloise fez-se sentir no sábado.
Três dias depois, um total de 32 centros de acolhimento foram activados na Província de Sofala para proporcionar abrigo temporário a mais de 15.000 pessoas.
De acordo com uma avaliação da Matriz de Rastreio de Deslocações da OIM e do INGD de Moçambique, as necessidades nesses centros de acolhimento incluem alimentação, tendas, água potável, kits de higiene, materiais de prevenção contr a COVID-19, redes mosquiteiras, cobertores, lanternas, lonas, kits de primeiros soccoros e sabão.
De acordo com os trabalhadores provendo assistência no local, os indivíduos receberam alimentos e água das autoridades provinciais e do INGD.
"A OIM está a levar a cabo a monitoria dos centros de acolhimento a fim de encaminhar os casos para os serviços de saúde, mas infelizmente muitas infraestruturas de saúde estão danificadas devido ao ciclone", explicou Angelica Sitoe, líder da equipa de saúde da OIM na Beira.
"Estamos muito preocupados com os pacientes portadores de doenças crónicas que perderam a sua medicação no ciclone", acrescentou Angelica Sitoe.
As famílias estão a viver em bairros próximos em centros de acolhimento. "Muitos relatam ter perdido máscaras faciais". Muitos não têm instalações adequadas de higiene pessoal, o que gera preocupação com a transmissão da COVID-19. Há também muitos casos de malária devido à época chuvosa", acrescentou Angelica Sitoe.
Escolas, infraestruturas governamentais e edifícios religiosos abrigam centenas de famílias deslocadas, muitas das quais fugiram da tempestade com pouco mais do que trouxas de roupas nas costas. Muitos relatam ter perdido o seu abastecimento alimentar, ferramentas agrícolas e sementes e que a terra de cultivo foi também afetada, o que levanta questões sobre segurança alimentar.
Os cortes de corrente elétrica continuam em vastas extensões da Cidade da Beira e o vizinho Distrito de Buzi.
Os 160 funcionários da OIM na área estão a trabalhar em colaboração com o Governo de Moçambique, outras Entidades das Nações Unidas e outros parceiros humanitários para assegurar uma resposta coordenada. As avaliações começaram na manhã seguinte após à tempestade, a fim de determinar a extensão da deslocação, dos danos e das necessidades das comunidades locais.
As avaliações da DTM indicam que dos 70 centros de reassentamento onde residem pessoas deslocadas pelo ciclone Idai em 2019, que se encontram em áreas afectadas pelo ciclone Chalane, mais de metade têm acesso restrito devido às cheias.
Os funcionários da OIM estão a distribuir sabão e um número limitado de máscaras faciais de pano aos mais vulneráveis nos centros de acomodação e a fornecer mais informações sobre a necessidade de manter o distanciamento físico. Conudo, dizem que isto é muito difícil dadas as circunstâncias. Equipas móveis estão a prestar primeiros socorros psicológicos à população afectada em centros de acomodação e campos de reassentamento.
"Águas cheias de lixo, entraram na nossa casa por volta da 1h da manhã; as chapas do telhado sairam voando com o vento forte. Peguei no meu filho e, segurando na mão da minha mulher, fomos para a casa de um vizinho em busca de refúgio", explicou Domingos Veloso, pedreiro e agricultor local de arroz em Mungassa Inharimue, um bairro da Cidade da Beira.
"Só queríamos o amanhecer, ao nascer do sol nos abrigamos na escola. Estamos gratos por estarmos vivo. A minha mulher e o meu filho estão hospedados num centro de acolhimento; eu fico aqui para proteger a nossa propriedade" - Domingos Veloso, pedreiro e agricultor local de arroz na Cidade da Beira
Ele acrescentou: "Tentei, mas não consegui recuperar nada; os nossos pertences foram todos embora com a água enquanto ela passava pela casa. As minhas ferramentas agrícolas e sementes desapareceram".
Muitos locais de reassentamento relatam destruição e danos em casas, infraestruturas incluindo clínicas de saúde e instalações escolares. Outros citam a insuficiência de latrinas.
A monitoria e avaliação conjunta da OIM e a resposta inicial nos centros de acomodação em cooperação com as autoridades locais, prossegue.