ONU e parceiros humanitários lançam Plano de Resposta Humanitária para 2021 com um apelo de US$254 milhões
18 dezembro 2020
Em meio às necessidades crescentes, a ONU e os parceiros humanitários em Moçambique lançam apelo de US$254 milhões para fornecer assistência vital e proteção.
Maputo, Moçambique - Em meio às necessidades crescentes, a ONU e os parceiros humanitários em Moçambique lançaram, nesta sexta-feira, dia 18 de dezembro, um apelo de US$254 milhões para fornecer assistência vital e proteção a 1,1 milhão nas regiões afetadas pela violência no Norte de Moçambique em 2021.
A cerimônia contou com a presença da S.Exa. Verónica Dhlovo, Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, S.Exa. Luísa Meque, Directora-Geral do Instituto Nacional de Gestão de Desastres (INGC), e a Sra. Myrta Kaulard, Coordenadora Residente das Nações Unidas e Coordenadora Humanitária para Moçambique, assim como, membros da comunidade internacional.
Myrta Kaulard, disse que com o rápido aumento das necessidades, os actores humanitários necessitam urgentemente de mais financiamento para aumentar a sua resposta nas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa.
“2020 tem sido um ano extremamente desafiador. Em primeiro lugar, para as pessoas em Cabo Delgado. No início do ano, cerca de 90.000 pessoas tinham fugido das aldeias no nordeste da Província. Esse número aumentou em mais de cinco vezes no curso do ano".
A S.Exa. Ministra dos Negócios Estrangeiros afirmou que "o governo tem feito tudo ao seu alcance para proteger os compatriotas vítimas do terrorismo e tem igualmente se empenhado em explorar todos os meios e formas possíveis para apoiar os nossos irmãos de Cabo Delgado que são obrigados a deslocarem-se de um ponto para o outro a busca de abrigo em lugares seguros, onde recebem apoio humanitário como deslocados".
Resposta Humanitária
A coordenadora humanitária da ONU para Moçambique disse que as pessoas deixaram suas casas com nada mais do que as roupas do corpo. Myrta Kaulard realçou a perda de seus pertences, meios de subsistência e oportunidades de futuro.
A representante considera a ajuda humanitária essencial para aliviar o sofrimento de pessoas expostas a graves violações e abusos. A maior preocupação é com as dificuldades de crianças e mulheres.
Kaulard sublinhou o risco de sequestro, violência de gênero e exploração que meninas e mulheres enfrentam. Já a ameaça aos meninos é de serem assassinados ou recrutados por grupos armados.
"A propagação da violência e brutalidade, nos últimos meses, ultrapassou de longe os nossos esforços. Dezenas de milhares de pessoas continuam a fugir em quanto falamos, para buscar refúgio na parte sul de Cabo Delgado e nas Províncias de Nampula, Niassa, Zambézia e Manica" continuou Myrta Kaulard.
"Este plano de resposta humanitária que lançamos hoje é sobre as coisas simples que mais de um milhão de pessoas deslocadas e famílias acolhedoras precisam para sobreviver", afirmou a Coordenadora Humanitária para Moçambique.
"É a partir de coisas simples que podemos providenciar juntos e de uma maneira bem coordenada assistência para ajudar essas pessoas a começar uma nova vida com as suas próprias mãos para que tenham a possibilidade de construir um novo futuro com dignidade, a pedra angular para o retorno à paz e à estabilidade" - Myrta Kaulard.
Serviços
Outro fator de apreensão é o destino dos civis isolados em áreas onde ocorrem atos de violência. O conflito e o deslocamento afetam gravemente a oferta de serviços essenciais, que já estavam sobrecarregados.
As comunidades anfitriãs precisam de apoio porque mais de 90% dos deslocados vivem com familiares ou amigos que já enfrentavam escassez.
Com previsões de inundações na próxima estação chuvosa, as autoridades e a comunidade humanitária atuam para criar novas áreas de assentamento com melhores condições para instalar os deslocados.
"Acreditamos que com a iniciativa de adopção do Plano de Resposta Humanitária para 2021, estaremos a lançar os fundamentos que vão assegurar uma vida minimamente condigna para os nossos concidadãos, já a partir do próximo ano" - S.Exa. Verónica Dhlovo, Ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação.
A coordenadora agradeceu a generosidade da comunidade internacional pelo aumento de doações para apoiar as vítimas da crise durante o ano. Mas com o rápido aumento das necessidades alertou para a urgência de mais fundos para a resposta.
Kaulard pediu à comunidade internacional que também ajude a garantir que os fogem da violência possam ter acesso à ajuda que precisam.