Violência em Cabo Delgado já afetou 250 mil crianças
23 dezembro 2020
Crianças da área de Moçambique viveram atos de violência extrema, incluindo morte de parentes próximos e sequestros brutais; um quinto delas sofre desnutrição.
Maputo, Moçambique - Cerca de 250 mil crianças já foram desalojadas pela violência na província moçambicana de Cabo Delgado em mais de dois anos de insegurança.
Em nota, o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, informou que precisa de US$ 52,8 milhões para responder às necessidades mais urgentes do grupo. Mais de 60% desse valor fazem parte do Plano de Resposta Humanitária.
Doenças
Com o aproximar da estação das chuvas, o receio é que muitos destes menores fiquem expostos a doenças fatais. Faltam serviços de água potável, saneamento e higiene para atender necessidades crescentes de crianças e famílias nos centros de acomodação superlotados e comunidades anfitriãs.
A agência apela ao reforço e expansão urgente desses serviços para prevenir surtos de doenças transmitidas pela água como a cólera e a contaminação pela Covid-19.
A diretora executiva do Unicef, Henrietta Fore, explicou que em menos de dois anos, esses necessitados enfrentaram um ciclone, inundações, secas e agora as dificuldades socioeconômicas ligadas à pandemia e ao conflito.
Falta de acesso
O apelo feito a agências humanitárias é que mesmo diante da pressão cada vez maior possam apoiar esses serviços. Uma das maiores ameaças é de um surto da diarreia porque falta água potável, saneamento ou aumentam casos desnutrição.
Fatores como desastres naturais e conflitos já levaram 20% das crianças a sofrer de desnutrição crônica na província. Há novos relatos da variante mais aguda desta condição detectada entre a população deslocada.
O Unicef quer que aumente a intervenção em áreas como saúde, água e assistência nutricional das crianças. A agência já fornece tratamento essencial, alimentação terapêutica e encaminha casos médicos complicados aos centros de saúde.
Equipes móveis também prestam cuidados de saúde a mães e crianças para garantir serviços essenciais como cuidados pré-natais e a observação de ciclos de vacinação.
Famílias
As crianças deslocadas são especialmente vulneráveis. O Unicef destaca vários casos de perda de contato com famílias ou experiências de alto risco de violência física e psicológica.
Muitas delas viveram atos de violência extrema ou até perderam parentes próximos em assassinatos e sequestros brutais. Este grupo carece de proteção abrangente, incluindo apoio psicossocial após vivenciar eventos traumáticos.
A agência defende que mais assistentes sociais sejam treinados para visitar menores sobreviventes e famílias. A prioridade seria dar apoio psicossocial no domicílio ou fazer um encaminhamento para serviços sociais e de proteção.