Dia Mundial do Solo ressalta papel da biodiversidade para produção alimentar
Relatório aponta que degradação do solo afeta pelo menos 3,2 bilhões de pessoas ou 40% da população mundial.
Nova Iorque, EUA - Este 5 de dezembro é o Dia Mundial do Solo. Sob o tema: "Mantenha o solo vivo, proteja a biodiversidade do solo", a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, destaca a importância deste recurso para sustentar ecossistemas saudáveis e o bem-estar humano
Importância
Um novo relatório da agência mostra que os organismos do solo desempenham um papel crucial na produção de alimentos, preservação da saúde humana, recuperação de locais poluídos e combate à mudança climática. Mas a contribuição do solo continua subestimada,
Em comunicado, a vice-diretora-geral da FAO, Maria Helena Semedo, disse que “a biodiversidade do solo e o manejo sustentável são pré-requisitos para o cumprimento de muitos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.”
Os solos são um dos principais reservatórios globais de biodiversidade.
Eles hospedam mais de 25% da diversidade biológica mundial. Além disso, mais de 40% dos organismos vivos em ecossistemas terrestres estão associados aos solos durante seu ciclo de vida.
Segurança alimentar
O papel dessa biodiversidade é fundamental para a agricultura e a segurança alimentar.
Os microrganismos que vivem nos solos, por exemplo, transformam compostos liberando nutrientes para alimentar as plantas. Essas transformações também são vitais para a filtração, degradação e imobilização de contaminantes.
A diversidade contribui também para melhorar o controle, prevenção ou supressão de pragas e patógenos.
Ameaças
Todas essas funções podem ser ameaçadas por atividades humanas, mudanças climáticas e desastres naturais.
O uso excessivo e impróprio de agroquímicos é um dos principais fatores. Outros exemplos incluem desmatamento, urbanização, intensificação agrícola, perda de matéria orgânica, impermeabilidade da superfície, acidificação do solo, poluição, salinização, incêndios florestais, erosão e deslizamentos de terra.
Soluções baseadas na natureza podem ter um papel significativo para mitigar a mudança climática.
Os microrganismos que vivem no solo desempenham um papel fundamental no sequestro de carbono e na redução das emissões de gases de efeito estufa. Parte das emissões podem ser absorvidas pelas plantas e armazenada no solo através de decomposição microbiana, o que permite a retenção do carbono por longos períodos de tempo.
Esta biodiversidade também apoia a saúde humana, direta e indiretamente, através da regulação de doenças e da produção de alimentos.
Pragas
Diversas bactérias e fungos são usados na produção de molho de soja, queijo, vinho e outros alimentos e bebidas fermentados. A relação entre as raízes das plantas e a biodiversidade do solo permite que as plantas gerem produtos químicos, como antioxidantes, que as protegem de pragas e outras ameaças.
Quando as pessoas consomem essas plantas, elas se beneficiam desses antioxidantes, estimulando seu sistema imunológico e contribuindo para a regulação hormonal.
Esses microrganismos também podem ajudar a prevenir doenças inflamatórias crônicas, incluindo alergia, asma, doenças autoimunes, inflamatórias intestinais e depressão.
Além disso, desde o início dos anos 1900, muitos medicamentos e vacinas foram derivados de organismos do solo, como é o exemplo de antibióticos bem conhecidos como a penicilina.
Segundo a FAO, com o aumento de doenças causadas por microrganismos resistentes, este recurso tem um enorme potencial para fornecer novos medicamentos para combatê-los.
Futuro
De acordo com o relatório, a adoção de práticas sustentáveis pelos agricultores continua sendo baixa devido à falta de suporte técnico e incentivos.
A publicação também destaca a necessidade de promover tecnologias inovadoras, como novas técnicas moleculares que permitem uma melhor compreensão dos organismos do solo.
Neste Dia Mundial, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, também destacou a importância deste recurso para a vida humana.
Impacto
Em comunicado, o especialista em solo da agência, Abdelkader Bensada, disse que os humanos “dependem e continuaram a depender dos serviços ecossistêmicos fornecidos pelos solos.”
Segundo o Pnuma, a poluição do solo tem um impacto adverso na segurança alimentar de duas maneiras. Primeiro, reduzindo o rendimento das safras devido aos níveis tóxicos dos contaminantes. Segundo, porque as safras de solos poluídos não são seguras para consumo por animais e humanos.
A poluição também pode fazer com que a qualidade do solo diminua com o tempo. Atualmente, a degradação da terra e do solo está afetando pelo menos 3,2 bilhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial.