O Deslocamento Devido à Insegurança Continua em Cabo Delgado, no Norte de Moçambique
27 novembro 2020
A Organização Internacional para as Migrações está seriamente preocupada com o contínuo deslocamento de civis no norte de Moçambique devido à insegurança.
Maputo, Moçambique - A Organização Internacional para as Migrações (OIM) está seriamente preocupada com o contínuo deslocamento de civis no norte de Moçambique devido à insegurança na província de Cabo Delgado. Durante o mês passado (28 de Outubro - 25 de Novembro), mais de 45.000 indivíduos fugiram do Distrito de Muidumbe em razão dos múltiplos ataques em diferentes locais. Algumas das pessoas foram recentemente deslocadas, enquanto outras já foram previamente deslocadas e forçadas novamente a fugir.
“O deslocamento de pessoas está aumentando no norte da província de Cabo Delgado, enquanto ataques contra populações civis continuam", afirmou a Chefe de Missão da OIM Moçambique, Laura Tomm-Bonde.
"Estamos extremamente preocupados com essa situação e estamos a disponibilizar a assistência humanitária da melhor maneira que podemos. As famílias deslocadas estão altamente vulneráveis e ainda mais assistência é necessária para satisfazer as necessidades humanitárias existentes".
Mais de 37.000 dos deslocados de Muidumbe, acerca de 100km da fronteira entre Moçambique e Tanzânia, viajaram em direção ao norte até o Distrito de Mueda. Outros se deslocaram em direção ao sul para Montepuez (5.000 indivíduos) e para a capital provincial, Pemba, (3.000 indivíduos) por via terrestre.
A Matriz de Rastreio de Deslocamento (DTM) da OIM relata que pelo menos 424.000 indivíduos foram deslocados no final de Setembro, um aumento de 19% em relação ao mês anterior. Do número total de deslocados, mais de 144.000 se encontram em áreas de difícil acesso devido à questões de segurança.
"Tivemos de abandonar a nossa área por razão dos vários ataques e deslocámo-nos para a cidade de Pemba” disse Nlabite Chafim, um dos membros de uma família de oito pessoas que fugiu pelas florestas a pé em Julho antes de encontrar transporte para a capital provincial. "A minha sobrinha viu os seus pais serem mortos e depois disso nunca mais foi a mesma".
Como muitos outros, eles se encontram em casa de familiares e estão a receber assistência da OIM.
"Agradecemos às várias actividades de apoio psicossocial às raparigas e os recursos providenciados à nossa família que ajudaram o meu irmão a retomar o seu negócio de carpintaria e a sustentar a nossa família", afirmou Nlabite.
De 16 de Novembro a 22 de Novembro, a OIM rastreou mais de 14.400 pessoas deslocadas internamente que vinham de Muidumbe. Quase metade (48 por cento) dessas pessoas deslocadas são crianças, 30 por cento são mulheres e 22 por cento são homens. Entre as principais necessidades relatadas pelas pessoas deslocadas se destacam alimentos, abrigo e artigos domésticos.
As equipas de DTM da OIM são enviadas diariamente para vários locais em Cabo Delgado para recolher dados sobre movimentos dos deslocamentos e necessidades humanitárias. Esse processo se realiza em cooperação com o Governo de Moçambique mediante uma rede de funcionários e líderes comunitários e a informação é partilhada entre os parceiros humanitários para apoiar a planificação. A OIM e os seus parceiros efectuam uma avaliação multissectorial rápida em Montepuez para apoiar a assistência humanitária e avaliar as necessidades.
A OIM está a prestar assistência imediata às populações deslocadas em apoio à resposta humanitária do Governo de Moçambique. A assistência inclui material de abrigo, distribuição de artigos domésticos e a criação de locais de realojamento e coordenação para a prestação de serviços básicos. Além de apoio psicossocial e à saúde mental, a OIM também facilita acesso à serviços de saúde e de protecção.
A OIM, com o apoio dos seus parceiros, tem assistido acerca de 400.000 indivíduos afectados pela insegurança e pelo ciclone Kenneth em Cabo Delgado de Abril de 2019 a Outubro de 2020.