Maputo, Moçambique - Com o tema “Agindo para a resposta ao HIV na região da SADC e proteção dos ganhos na luta contra o HIV na era da COVID-19”, a capital moçambicana, Maputo, acolheu de 14 a 16 de setembro de 2020, a Reunião Anual dos Administradores dos Conselhos Nacionais da SIDA da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC - em sua sigla em inglês). A reunião foi apoiada pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV e AIDS (ONUSIDA), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA).
Falando na abertura do evento, o Secretário Permanente do Ministério da Saúde, Dr. Zacarias Zindoga lembrou que melhorar a saúde da população é uma das prioridades tanto para o Governo de Moçambique como para todos os países da SADC, frisando que é Não é aceitável que, todos os dias, os cidadãos da região continuem a sofrer de doenças que podem ser prevenidas ou tratadas, como HIV-SIDA, malária, tuberculose, entre outras.
“A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral continua a ser a região mais afectada pela epidemia de HIV-SIDA, com mais de 17 milhões de pessoas vivendo com o vírus, o que corresponde a 44% da população mundial com HIV, segundo dados de 2019”, disse Dr. Zacarias Zindoga.
Zacarias Zindoga disse ainda que embora existam indícios de que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral possa não cumprir as metas de 2020 para a resposta ao HIV, é de notar que os países têm feito progressos consideráveis na luta contra a doença, de forma que novos as infecções diminuíram 38% em comparação com 2010.
“Apesar dos avanços significativos mencionados acima, alguns desafios permanecem, uma vez que os serviços de HIV-AIDS provavelmente não alcançarão os mais vulneráveis e aqueles que mais precisam deles. Assim, a população-chave e vulnerável continua a aguentar o impacto da epidemia na região e constitui o grupo mais afetado, representando mais de 50% das novas infecções, e adolescentes e jovens são responsáveis por mais de 35% das novas infecções”.
Dados do setor de saúde indicam que Moçambique está entre os oito países com maior prevalência de HIV no mundo. Os resultados da última Pesquisa de Indicadores de Imunização, Malária e HIV-Aids no país, realizada em 2015, apontam para uma prevalência de HIV de 13,2% em adultos, na faixa etária de 15 a 49 anos, sendo as mulheres as mais afetadas ( com 15,4%), em comparação aos homens (com 10,1%).
Moçambique, que actualmente preside a SADC, tem vindo a tomar medidas para responder ao peso que esta doença representa para o Sistema Único de Saúde, parte da qual tem sido direccionada para as áreas de prevenção, com foco na criação de consciência colectiva de boas práticas, de forma a enfrentar esta doença, que tem um enorme impacto negativo no tecido social, na economia e no desenvolvimento do país.
Apesar disso, conforme reconhecido pelo Secretário Permanente do Ministério da Saúde, muitos desafios persistem e, agora, agravados pela situação da pandemia de Covid-19.
De facto, a reunião de Maputo está a decorrer em formato virtual, por causa da Covid-19, uma pandemia que afecta todo o mundo, incluindo os 16 Estados-membros da SADC.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, esta região, até o momento, tem mais de 670.000 casos de COVID -19 com mais de 14.000 mortes.
É nesse contexto que, durante os três dias, os participantes actualizaram o estado de HIV dos seus respectivos países no contexto da pandemia de COVID-19 na região da SADC; discutiram as implicações da COVID-19 para a manutenção da resposta ao HIV na região da SADC; propuseram ações para acelerar a prevenção do HIV no contexto da COVID-19 e elaboraram um roteiro; bem como itens acordados na agenda para discussão na reunião de Ministros da Saúde da região.