Comunicado de Imprensa

Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África, por ocasião da Semana Mundial de Sensibilização para o Uso Consciente de Antimicrobianos 2020

17 novembro 2020

  • Mensagem da Dr.ª Matshidiso Moeti, Directora Regional da OMS para a África por ocasião da Semana Mundial de Sensibilização para o Uso Consciente de Antimicrobianos 2020.

Brazzaville, República do Congo - De 18 a 24 de Novembro, a Região Africana junta-se à comunidade mundial no sentido de encorajar todas as pessoas a manipularem os antimicrobianos com cuidado e a unirem-se em prol da salvaguarda dos antimicrobianos.



A resistência aos antimicrobianos surge quando medicamentos como os antibióticos e os antivirais deixam de funcionar como deveriam e, nalguns casos, deixam por completo de agir porque bactérias, parasitas, fungos e vírus se adaptam e já não respondem a esses fármacos.



Apesar da escassez de dados na Região Africana, um estudo recente mostra que está a aparecer uma resistência à artemisinina, um antimicrobiano utilizado no tratamento do paludismo. Um em cada 10 casos de tuberculose anteriormente tratados é resistente a um ou mais medicamentos anti-tuberculose assim como há infecções por Escherichia coli (E. coli) resistentes à fluoroquinolona, tornando difícil tratar de certos casos de diarreia.



À escala mundial, considera-se que um em cada dez medicamentos é de qualidade inferior ou falsificado e a Região Africana é mais afectada do que outras zonas do globo. Nos mercados e nas esquinas, as pessoas andam a comprar antibióticos sem garantia de qualidade, sem receita médica. Os antimicrobianos correspondem à classe de medicamentos que dão mais frequentemente aso a notificações, esses produtos de qualidade inferior são um factor-chave para a resistência aos antimicrobianos. Estudos recentes sugerem que 72% dos doentes hospitalizados com COVID-19 receberam antimicrobianos, mas só 8% apresentavam infecções que podem ser tratadas com medicamentos desse género.



A resistência aos antimicrobianos é agravada pelo uso indevido e abusivo de antibióticos pelos seres humanos e nos animais de criação. A melhoria das questões relativas à água, ao saneamento e à higiene também tem uma importância fundamental na prevenção das doenças e para garantir que resíduos contaminados, que contêm micróbios resistentes, não entram nos sistemas alimentares, sejam eles humanos ou animais.



Têm vindo a ser envidados esforços cada vez mais intensos para lidar com estas questões. Até agora no corrente ano, seis países africanos aderiram ao Sistema Mundial de Vigilância da Resistência aos Antimicrobianos (GLASS) da OMS, elevando a participação regional a 27 países no total. Dez países africanos criaram o seu sistema nacional de vigilância ao consumo de antimicrobianos e outros três países actualizaram a sua lista de medicamentos essenciais, passando a incluir a categorização AwaRe1 que ajuda a classificar antibióticos com vista a assegurar uma utilização óptima. Na OMS, estamos neste momento a trabalhar com três países para reforçar, ao abrigo do conceito “Uma Saúde”, a vigilância integrada da cadeia alimentar humana e das vertentes ambientais, assim como estamos a trabalhar com cinco países para estabelecer políticas e programas nacionais de administração destinados a optimizar a utilização de antimicrobianos.



Em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura, a Organização Mundial da Saúde Animal, o CDC de África, o Gabinete inter-africano para os recursos animais da União Africana e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, estamos a organizar a segunda campanha conjunta da Região Africana e a primeira campanha virtual no âmbito da Semana Mundial de Sensibilização para o Uso Consciente de Antimicrobianos. Esta campanha vai incluir eventos mediáticos com a imprensa e as redes sociais, painéis de discussão e apresentações por parte de organizações da sociedade civil e de instituições profissionais dos sectores da saúde humana, da saúde animal e do ambiente.



Assim, durante a Semana Mundial de Sensibilização para o Uso Consciente de Antimicrobianos, insto-vos todos a unirmos esforços no combate à resistência aos antimicrobianos.



Governos, parceiros e o sector privado podem trabalhar juntos para assegurar às gerações vindouras antibióticos seguros e eficazes, inclusive investindo em infra-estruturas de água, saneamento e higiene e limitando o uso de antibióticos no gado e na aquicultura.



Os profissionais de saúde apenas devem prescrever e administrar antibióticos quando são verdadeiramente necessários e podem limitar a propagação de infecções através de melhores práticas de higiene e saneamento.



Por fim, cabe-nos a todos nós, individualmente, acautelar a utilização de antibióticos apenas quando nos são receitados por um profissional de saúde autorizado, certificando-nos da toma completa do tratamento prescrito. Podemos igualmente desempenhar um papel na prevenção de infecções e na redução da necessidade de antibióticos, lavando com frequência as nossas mãos e tapando a boca quando tossimos ou espirramos.



A utilização indevida ou abusiva de antimicrobianos constitui um risco para todos, façamos então o nosso melhor para proteger estes medicamentos que permitem salvar vidas.

 



*1 A categorização AWaRe corresponde a um sistema de classificação que coloca os antibióticos em três grupos principais (o Grupo ACCESS, o Grupo WATCH e o Grupo RESERVE) de acordo com as opções preferidas em termos de antibióticos no que diz respeito a cada síndrome. Desta maneira, equilibram-se benefícios, prejuízos e o potencial a favor da resistência.

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Maria Da Glória Moreira

OMS
Oficial de Informação e Promação da Saúde

Entidades da ONU envolvidas nesta atividade

OMS
Organização Mundial da Saúde

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