Pemba, Moçambique - Em Cabo Delgado, norte de Moçambique, milhares de pessoas continuam a fugir da insegurança, desafiando a capacidade do Governo e dos seus parceiros humanitários de reagir com abrigo, comida e outras formas de assistência adequadas.
Os últimos dados da Organização Internacional para as Migrações sobre a Matriz de Rastreio de Deslocações (DTM) divulgados hoje mostram que mais de 33.000 pessoas se deslocaram para o sul da província na última semana, incluindo aquelas obrigadas a fugir dos últimos incidentes de insegurança. Registou-se um aumento quadruplicado de pessoas deslocadas na área para mais de 355.000, contra cerca de 88.000 no início deste ano.
"Relatos de violência contra civis no Norte de Moçambique são profundamente perturbadores", disse a Chefe de Missão da OIM em Moçambique, Laura Tomm-Bonde.
"O pessoal da OIM está a ajudar milhares de famílias, incluindo muitas com crianças pequenas, a sobreviver à provação de uma deslocação. Em cooperação com o Governo de Moçambique, a OIM, como parte da ONU, está a prestar assistência humanitária imediata, mas os recursos disponíveis não cobrem as extensas necessidades humanitárias das famílias que chegam sem nada após a sua deslocação".
As questões de segurança têm impedido a Organização de chegar a vários distritos do Norte e costeiros. No entanto, os mais de 100 funcionários da OIM continuam empenhados em prestar assistência aqueles que foram deslocados nos oito distritos onde a OIM pode trabalhar.
De 16 de Outubro a 11 de Novembro, mais de 14.400 pessoas deslocadas internamente chegaram de barco à praia de Paquitequete em Pemba. As chegadas de barco à capital provincial atingiram o seu auge com 29 embarcações num único dia no final de Outubro. Não chegaram novas embarcações desde quarta-feira passada, o que indica menos instabilidade nas zonas próximas da costa, segundo o pessoal da OIM.
"Quando o ataque aconteceu e a nossa aldeia em Macomia foi incendiada, estávamos na nossa área de cultivo", disse Salimo Nvita, cuja família de sete adultos e 11 crianças está a receber assistência da OIM. "Fugimos apenas com as roupas que estávamos a usar, perdemos tudo" afirmou Salimo.
O abrigo é uma das necessidades mais prementes, especialmente com a iminente estação das chuvas. Milhares de famílias deslocadas continuam a refugiar-se com famílias acolhedoras em Pemba, que acolhem actualmente 100.000 pessoas deslocadas internamente (PDI), muitas em condições precárias. Os recursos das comunidades de acolhimento são limitados, e as famílias acolhedoras não têm espaço suficiente e adequado para todos os deslocados internos que chegam.
Outras necessidades urgentes incluem serviços de saúde de emergência, protecção e apoio psicológico, acesso aos serviços de saneamento, à água e a alimentos. A OIM respondeu com a distribuição de artigos não alimentares, abrigos de emergência, assistência psicossocial e de saúde mental, e está a trabalhar com as autoridades locais e parceiros para preparar locais de realojamento e para apoiar locais de assentamento temporário.