Maputo, Moçambique - O Diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, apontou o potencial da África como forma de vencer a batalha contra a pobreza e fome. Qu Dongyou falava na abertura da reunião ministerial da 31ª Sessão da Conferencia Regional da África.
Prioridades
A videoconferência, realizada pelo Governo do Zimbabué, em parceria com a FAO, juntou 95 responsáveis ministeriais de 48 nações, países observadores e entidades doadoras, entre outras. A maior reunião da FAO na África decorreu num momento de fome crescente no continente. As razões seriam as mudanças climáticas, conflitos e consequências da Covid-19 .
As oportunidades que perfilam no horizonte dão à FAO esperança. Qu Dongyu disse que “a Africa, sua principal prioridade, é o continente do potencial inexplorado. “O desenvolvimento rural e agrícola são as chaves para se vencer a luta contra a pobreza e fome no continente”.
Ele realçou as oportunidades para transformar o sistema agroalimentar africano, destacando novos empregos, decorrentes do mercado alimentar em crescimento, classe media urbana, e a rápida adoção das tecnologias digitais em particular pelos jovens.
Quatro Melhores
O chefe da FAO mencionou a agenda de ação transformativa para construir uma organização ágil, dinâmica e inclusiva que permita aos membros alcançarem o que designou de quatro melhores: produção, nutrição, ambiente e vida. Como parte da solução, Dongyu defendeu a igualdade do género ao afirmar que deve-se consentir iguais oportunidades e direitos as mulheres rurais”.
Parcerias como a da Ação Global para o Controle da Lagarta de cereais podem reverter o quadro dos desafios existentes, garantir uma abordagem coordenada e robusta ao nível local, regional e global e desenvolver mecanismos de controle dos gafanhotos do deserto.
O diretor-geralreconheceu a liderança africana por ter priorizado a agenda do desenvolvimento agrícola, através do Programa Abrangente de Desenvolvimento da Agricultura em África, e a Declaração Malabo 2014 sobre a Transformação Agrícola.
Eixos digitais
O chefe da Agência elogiou a contribuição dos membros no Fundo Fiduciário de solidariedade da África, e convidou as delegações a designarem os locais que vão concorrer para o novo Projeto da FAO, mil aldeias digitais. A iniciativa pretende converter povoações ou cidades em eixos digitais.
Acredita-se que a ligação digital e o turismo rural possam impulsionar o aumento da resiliência e diversificar o rendimento dos agricultores.
Qu Dongyu convidou ainda as delegações a apresentarem contribuições para enriquecer o Novo Quadro Estratégico da FAO e expectativas da Cimeira dos Sistemas Alimentares da ONU 2021. Referiu as prioridades nacionais para a transformação dos sistemas agroalimentares e defendeu um compromisso político robusto como forma de se alcançar os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável 2 e 1.
Efeitos Secundários
A FAO vem ajudando os governos na execução de análises dos potenciais impactos secundários da Covid-19 nos sistemas de alimentação, mercados e agricultura. Segundo a Agência, os esforços beneficiaram 12 milhões de pessoas graças ao Programa de Recuperação e Resposta à Covid-19.
O Programa permite a FAO desenvolver ações para fazer face a pandemia de uma forma holística e compreensiva. A finalidade é mitigar os impactos imediatos e fortalecer a resiliência, a longo prazo, dos sistemas de alimentação e sustento. Está alinhado a abordagem da ONU: construir para transformar, e ligado a iniciativa da FAO, de Mãos Dadas.
Na África de Leste, a abordagem de ação antecipatória permitiu governos nacionais em colaboração com a FAO e parceiros, arrecadar mais de US$ 580 milhões em colheitas. O montante é suficiente para cobrir as necessidades anuais em cereais para 13 milhões de pessoas.