Guara-Guara, Sofala - "Eu estava dentro de casa com minha família quando de repente veio um vento forte e arrancou o nosso telhado. Ficamos todos assustados e decidimos fugir para a casa do vizinho," conta Dania Inês Luis, de 26 anos, mãe de 2 filhos, no Centro de Reassentamento de Guara-Guara, província de Sofala.
No dia 14 de Março, irá fazer 1 ano quando o ciclone Idai atingiu Moçambique. Há 1 ano atrás, centenas de milhares de crianças viram suas vidas viradas de cabeça para baixo pelas inundações.
Daina também perdeu tudo que tinha há 1 ano atrás, escuridão, dor e sofrimento, fizeram parte da sua vida e de seus filhos. Eles vivem agora num centro de reassentamento para as vítimas do ciclone Idai, em Guara-Guara, distrito de Buzi.
"Mais tarde voltamos para ver se recuperávamos algo, mas a casa tinha desaparecido nas águas, tudo que tínhamos foi-se com as águas. Eu e meus filhos tivemos de procurar abrigo em cima do armazém da companhia de Buzi, ficamos lá 7 dias, e quando a água baixou fomos salvos por barcos que nos levaram até Guara-Guara. Por 7 dias eu e meus filhos só comemos bolachas que os helicópteros lançavam. Já passa 1 ano, mas a dor nunca passou, ainda me lembro bem daquele dia, e do medo que senti," lembra Dania.
Dania vive agora num centro de reassentamento em Guara-Guara, onde decidiu tornar-se uma activista para ajudar as outras famílias no centro onde vive, "eu não conseguia ficar sem fazer nada, e decidi concorrer para ser uma activista da OXFAM." Como activista, Dania faz promoção de higiene e saneamento, ajudando as pessoas no centro a melhorar sua higiene, saneamento e saúde.
Dania trabalha como activista durante o dia, e a noite frequenta a 11a classe, porque ela sonha em ser enfermeira e sabe que terá de estudar para alcançar seu sonho. "Meu sonho é terminar meus estudos para poder trabalhar como enfermeira e ajudar meus filhos."
Dania também sonha pelos seus filhos e família, deixando um pedido "eu quero também ajuda para poder construir uma casa para mim e meus filhos."
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) tem apoiado a OXFAM no seu programa de activismo nos centros de reassentamento para as vitimas do ciclone Idai, com um foco na área da água, saneamento e higiene.
O UNICEF alcançou 1,100,000 pessoas com água potável, vacinou 980,000 crianças menores de 15 anos contra a cólera e sarampo, tratou 604,000 crianças contra desnutrição aguda, garantiu a 95,000 crianças acesso a educação de qualidade, providenciou apoio psicossocial para 7,500 crianças e alcançou 853,000 pessoas com mensagens que salvam vidas e promovem a mudança de comportamento.