Com mais de 20 idiomas, Moçambique tenta quebrar barreiras linguísticas
18 maio 2020
País adotou português como idioma oficial após independência em 1975. Ensino de línguas moçambicanas cresce após oferta em escolas.
Maputo, Moçambique - A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, está apoiando um novo programa educativo de promoção do bilinguismo e do ensino das línguas nacionais moçambicanas.
Desde a independência de Portugal, em 1975, e face à variedade linguística do país, Moçambique decidiu adotar o português como língua oficial e de comunicação nacional.
Serviços
Mas em todo território, existem mais de 20 línguas e muitas crianças só aprendem o português quando chegam à idade escolar. Dentre as mais faladas estão macua e xangana.
Num artigo em sua página na internet, a Unesco explica que o conhecimento da língua portuguesa é vital para acessar os serviços públicos, mas a proficiência em línguas locais é crucial para a inclusão comunitária.
Segundo a Unesco, apenas 17% dos moçambicanos falam português como primeira língua. Por isso, se faz necessário incorporar o ensino das línguas nacionais em programa de educação de adultos, num país onde os índices de analfabetismo permanecem altos.
Jovens e adultos
Em 2017, o país do sul da África desenvolveu o novo currículo de educação primária para adultos e jovens.
O projeto foi preparado pelo Diretório Nacional de Educação de Adultos com o apoio do Programa de Desenvolvimento de Capacitação para Educação.
A nova grade cobre seis disciplinas: português, línguas moçambicanas, ciências naturais, ciências sociais, matemática e habilidades para vida.
No ano passado, cinco distritos receberam o currículo num programa piloto em quatro províncias: Gaza, Maputo, Nampula, e Sofala. Professores e formadores de educação para adultos estão utilizando o programa
pelo segundo ano.
Compromisso
Um dos benefícios do ensino bilíngue é um maior compromisso e retenção da educação entre os alunos.
O especialista do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humanos, Alcido Timba, disse que as pessoas se envolvem mais com o que têm familiaridade.
Padronização
Já a professora bilíngue de português e xangana, Zenalda Silvestre Machonga, explica que utiliza a língua local para descrever aspectos que os alunos não entendem bem porque alguns temas são melhor explorados na língua materna. E somente a partir daí, ela passa a discussão ao português.
O programa está implementando material didático em cinco línguas nacionais assim como em português. A iniciativa também apoia a padronização da escrita em 19 línguas.
Atualmente, Moçambique tem 370 mil adultos matriculados no programa.
Entidades da ONU envolvidas nesta atividade
ONU
Organização das Nações Unidas
UNESCO
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura