Um ano após o ciclone Idai devastar grande parte do centro de Moçambique, o escopo limitado da assistência humanitária para a reconstrução e resiliência contra novos choques climáticos requer mais investimentos para garantir o progresso das comunidades que procuram reconstruir suas vidas e meios de subsistência.
À primeira vista, uma aparência de normalidade prevalece. Mas as coisas nunca voltaram ao normal depois que o ciclone Idai atingiu a cidade, a segunda maior de Moçambique, em 14 de Março de 2019. Muitos moradores perderam o pouco que tinham. Levarão anos para eles se recuperem.
O PMA forneceu assistência alimentar de emergência para 1,8 milhões das pessoas mais afetadas. Durante a primeira fase da operação humanitária, helicópteros transportaram comida para áreas isoladas, inacessíveis por estrada. Lentamente, à medida que as águas da enchente recuavam, a ajuda poderia ser transportada por caminhão, permitindo que mais sobreviventes fossem resgatados.
E desde agosto, o PMA fornece assistência alimentar de recuperação para ajudar centenas de milhares de pessoas a continuarem no processo de reestabelecimento de seus meios de vida. O PMA, ao mesmo tempo, apoia uma ampla gama de projetos de reconstrução e reabilitação das comunidades locais por meio da iniciativa Trabalho por Assistência Alimentar. Isso inclui a reparação de estradas e pontes, reconstrução de escolas e o desenvolvimento de machambas (plantações) comunitárias para aumentar a produção de alimentos. Tais iniciativas estão a ajudar a dar esperança e lançar as bases para um futuro melhor.
Os sobreviventes estão determinados a superar os obstáculos. Elisa Jorge Titosse é uma delas. Elisa tem 27 anos. Com um olhar de aço, ela explica como o Idai levou tudo o que sua família tinha, inclusive a casa. Na noite em que o ciclone atingiu sua casa, com fortes chuvas e ventos fortes, ela, o marido e os três filhos correram para a escola local em busca de refúgio.
Porém, em poucos dias, a falta de água potável desencadeou um surto de cólera que rapidamente se espalhou pelas escolas, igrejas e outros edifícios públicos que abrigavam os deslocados.
Elisa e sua família decidiram que sua única opção era voltar às ruínas de sua casa e tentar repará-la. As inundações também haviam lavado o milho, a mandioca e os vegetais em sua pequena machamba, quando estavam prontos para serem colhidos. A família de Elisa, como muitos moçambicanos, são agricultores de subsistência. "Parecia o fim do mundo", diz ela.
“Pouco a pouco, reconstruímos. Demorou vários meses para que nossa pequena casa parecesse uma casa novamente.''
Agora, juntamente com outras 600 pessoas, a maioria mulheres, Elisa também está empregando seu trabalho em uma machamba comunitária apoiada pelo PMA em Mafambisse a 55 quilômetros a noroeste da Beira.
Lá, eles cultivam arroz, maçaroca (milho), mandioca, amendoim e ananás para vender. Eles reinvestem os recursos para aumentar a machamba e plantar mais alimentos. As mudas de manga, depois de germinadas, são levadas para casa pelos participantes e replantadas em seus próprios jardins.
"Gosto muito de trabalhar na machamba com as outras mulheres", diz ela. "Enquanto aramos e colhemos, conversamos, compartilhamos nossos problemas, rimos e cantamos". Ela acrescenta: “Trabalhar na machamba com outras mulheres da comunidade me traz muita alegria.”
Em troca de seu trabalho, Elisa recebe um vale no valor de US $ 40 por mês. Isso permite que ela compre o que a família mais precisa nas lojas locais. A comida é obviamente uma prioridade e dá a ela a força para o trabalho árduo de semear em sua plantação e também seu futuro. "Sem esse projeto, minha família iria dormir com fome", diz ela.
Dada a forte dependência de Moçambique pela agricultura de pequeno porte e sua vulnerabilidade às mudanças climáticas, o PMA está ciente de que é necessário muito mais investimento em adaptação aos desastres e redução de riscos.