Comunicado de Imprensa

Nota informativa do PMA: A crise humanitária em Moçambique agrava à medida que os recursos diminuem e as necessidades aumentam

15 março 2024

Resumo do que foi dito por Antonella D'Aprile, Directora Nacional do PMA em Moçambique, na conferência de imprensa do Palais des Nations em Genebra, e a quem pode ser atribuído o texto.

GENEBRA, Suíça – Esta semana assinalam-se cinco anos desde que o ciclone Idai atingiu Moçambique, Malawi e Zimbabué, afectando mais de 2 milhões de pessoas nos três países. No dia 12 de Março à noite, a tempestade tropical Filipo entrou no centro/sul de Moçambique, pelo distrito de Inhassoro, na província de Inhambane, com ventos muito fortes de até 120 quilómetros por hora, tendo saído de volta para o canal de Moçambique a 13 de Março pela província de Gaza. Considerando que a região e as províncias já estão a ser afectadas pelo fenómeno El Niño, os níveis de água em algumas bacias permaneceram baixos.

Os dados preliminares do governo sobre o impacto da tempestade nas províncias de Inhambane, Sofala, Gaza e Maputo, indicam que mais de 48 mil pessoas foram afectadas, mais de 23 mil alunos e professores não puderam assistir às aulas, e mais de 10 mil casas foram parcial ou totalmente destruídas. Há mais danos em infra-estruturas-chave como estradas, postes de energia, unidades de saúde, mas a avaliação continua a quantificar os danos.

Os choques climáticos vêm juntar-se às operações já limitadas do PMA na região norte devido a conflitos e insegurança. O PMA e a ONU estão prontos para responder em apoio ao Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres.

O PMA pode apoiar mais de 50 mil pessoas com alimentos para cobrir as necessidades alimentares de 30 dias. O PMA Moçambique e outras agências da ONU já estão a fazer face a constrangimentos significativos, não só dos recursos, mas também por múltiplos choques.

A situação em Cabo Delgado continua a ser motivo de grande preocupação. Temos cerca de 12 dos 17 distritos de Cabo Delgado, e também alguns na província vizinha de Nampula, que estão a ser impactados por uma nova vaga de deslocação de população.

Entre final de Dezembro e 3 de Março, registou-se uma nova vaga de violência por parte de grupos armados não estatais que desencadeou a fuga e deslocação de 113 mil pessoas na província de Cabo Delgado e, infelizmente, também na província de Nampula. Este é o segundo maior deslocamento populacional desde o início do conflito em 2017.

Cerca de 62% das pessoas recentemente deslocadas são crianças e 23% são mulheres. O PMA, a UNICEF e a OIM, através do plano de resposta conjunta, conseguiram ajudar 17 mil pessoas na parte sul de Cabo Delgado, e o PMA também está a responder fornecendo assistência alimentar a 37 mil pessoas que se mudaram para a província de Nampula.

Estamos numa situação em que temos de tomar decisões difíceis, porque os recursos estão a diminuir à medida que a deslocação da população aumenta.

Apenas para dar estatísticas muito breves; em Janeiro de 2023, o PMA prestou assistência a um milhão de pessoas deslocadas no norte do país. Em Janeiro de 2024, conseguimos ajudar meio milhão de pessoas afectadas. Teremos que reduzir ainda mais as rações alimentares para apenas 215 mil pessoas a partir de Maio.

Temos de tomar decisões difíceis daqui para a frente. Já apoiámos o Governo de Moçambique na activação de acções antecipatórias em resposta ao fenómeno El Niño. Em muitos dos países da África Austral, incluindo Angola, Botsuana, Malawi, Moçambique, Namíbia, República Democrática do Congo, Zâmbia e Zimbabué, recebemos a menor precipitação entre Janeiro e Fevereiro dos últimos 40 anos.

Estes eventos climáticos extremos, e a tempestade tropical em curso, provavelmente aumentarão as necessidades humanitárias nas províncias do centro e sul de Moçambique. O conflito ainda activo está a provocar uma nova onda de deslocamentos, com 113 mil deslocados, a maioria crianças e mulheres.

Depois, temos a parte central e sul de Moçambique afectada pela tempestade tropical Filipo e pelo fenómeno El Niño, causando perda de colheitas devido à falta de água.

 

O Programa Mundial para a Alimentação das Nações Unidas é a maior organização humanitária do mundo que salva-vidas em situações de emergência, e utiliza a assistência alimentar para construir um caminho para a paz, a estabilidade e a prosperidade das pessoas que recuperam de conflitos, desastres e do impacto das mudanças climáticas.

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Ana Mato Hombre

PAM/PMA
Oficial de Comunicação
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Denise Dalla Colletta

PAM/PMA
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