UNV: “No Programa de Voluntários da ONU, vivo o meu propósito de jovem líder moçambicana”
19 fevereiro 2024
Eulália Sambo sonha em ver mais raparigas e mulheres com poder de impactar as outras em necessidade. Por meio do UNV, ela pode alcançá-lo.
NAMPULA, Moçambique - Durante toda a minha infância e adolescência, a minha família defendia que todos deveriam ser capazes de tomar decisões sobre a sua própria vida. Isso incluía a escolha de qual deveria ser o meu lugar na comunidade onde vivíamos. Foi por causa desse princípio que trilhei o meu caminho profissional até entrar no Programa de Voluntários das Nações Unidas.
O meu primeiro lugar na sociedade, para além do meio familiar e a escola, foi o activismo social voluntário. Cresci numa família humilde, mas consegui fazer uma licenciatura em Gestão e Estudos Culturais, e posteriormente uma capacitação em Liderança e Inovação Social. Sempre levando em paralelo as minhas actividades de activismo social, trabalhando com temas relacionados à violência baseada no género, educação, uniões prematuras e trabalho infantil.
Hoje, sou Especialista de Programa para Uniões Prematuras do UNFPA, e trabalho no Programa Global do UNFPA-UNICEF para Acabar com as Uniões Prematuras. Trabalho na Província de Nampula, e dou apoio técnico aos parceiros de implementação locais, com o objectivo de eliminar todas as práticas nocivas, como as uniões prematuras, precoces e forçadas e a mutilação genital feminina.
As acções do programa vão desde a mentoria de rapazes e raparigas, diálogos comunitários, reintegração escolar, identificação e encaminhamento de casos de uniões prematuras para as autoridades competentes, assim como assistência social e provisão dos serviços de saúde às sobreviventes das uniões prematuras.
Orgulho-me muito do meu contributo para o programa. No último Fórum Provincial da Juventude, organizado pela Associação Coalização da Juventude Moçambique, pude trabalhar de perto com diferentes actores para a organização do evento. Também moderei debates inter-geracionais sobre violência baseada no género e saúde sexual e reprodutiva.
Durante o Fórum, Maria* uma rapariga sobrevivente de violência sexual e uma consequente gravidez precoce, dirigiu-se ao pódio do auditório para contar a sua história de superação, com o apoio do programa no qual trabalho.
Pude sentir o pulsar do poder do meu trabalho, dos mecanismos de suporte mútuo: o Governo, as Agências das Nações Unidas, as Organizações da Sociedade Civil e as lideranças comunitárias, juntos, a trabalharem pelos diretos e segurança das mulheres e jovens moçambicanas.
Maria* hoje trabalha como activista para mudança de comportamento pelo bem-estar de outras raparigas na sua comunidade, dentro do Programa Global do UNFPA-UNICEF para Acabar com as Uniões Prematuras. É para este tipo de rede de apoio que vivo e escolho acreditar todos os dias no meu trabalho.
No voluntariado das Nações Unidas, mais do que uma longa jornada de troca de experiências nas comunidades da Província de Nampula, vivo o meu propósito de vida como mulher, jovem líder moçambicana.
Continuo a sonhar em ver mais raparigas e mulheres transformadas, com poder de impactar as outras em necessidade, e desafiando as multidões a agir.
Sobre o Programa Global para Acabar com as Uniões Prematuras
O Programa Global do UNFPA-UNICEF para Acabar com as Uniões Prematuras foi concebido como um programa de 15 anos (2016-2030) para contribuir para a meta de Desenvolvimento Sustentável 5.3, que visa eliminar todas as práticas nocivas, incluindo as uniões prematuras. Desde 2016, o programa foi implementado no Bangladesh, Burkina Faso, Etiópia, Gana, Índia, Moçambique, Nepal, Níger, Serra Leoa, Uganda, Iémen e Zâmbia.
Em Moçambique, o programa é implementado em seis distritos das províncias de Nampula e Zambézia e enfatiza o envolvimento da comunidade, melhorando o acesso das raparigas à educação de qualidade e aos serviços jurídicos, sociais e de saúde, o que as capacita com informações e competências, e oferece alternativas ao casamento precoce através da criação de oportunidades de subsistência. O Programa Global também dá prioridade ao reforço dos sistemas, a fim de fornecer serviços de prevenção e resposta holísticos e de qualidade às raparigas e melhorar o ambiente político e a capacidade de geração de dados para acompanhar os progressos e garantir intervenções mais eficazes.