Discurso da Coordenadora Residente da ONU durante a comemoração do Dia Mundial de Luta contra o SIDA de 2023
Discurso da Coordenadora Residente da ONU, Dra. Catherine Sozi, durante a comemoração do Dia Mundial de Luta contra o SIDA de 2023.
MAPUTO, Moçambique
- Sua Excelência o Ministro da Saúde, Dr. Armindo Tiago;
- Sua Excelência o Secretário de Estado na Cidade de Maputo, Senhor Vicente Joaquim;
- Sua Excelência o Presidente do Conselho Municipal de Maputo; Senhor Eneas Comiche;
- Excelentíssimo Embaixador dos Estados Unidos da América, Senhor Peter Vrooman
- Ilustres membros do Governo, da sociedade civil e da família das Nações Unidas;
- Senhoras e senhores;
Bom dia a todas e a todos.
É com grande honra e apreço que em nome das Nações Unidas, dirijo-me a esta magna audiência, por ocasião do dia Mundial da luta contra a SIDA, o dia primeiro de Dezembro.
Vossa Excelência o Ministro da Saúde, a vossa presença hoje é um forte e claro sinal do compromisso do País para acabar com o SIDA como epidemia em Moçambique.
Para começar, gostaria de lembrar os milhões de pessoas, os nossos amigos e entes queridos, que perderam as suas vidas devido à doenças relacionadas com o SIDA.
Eu mesma perdi colegas, amigos e membros da minha família para o SIDA e conheço de perto a devastação causada por ela.
No entanto, hoje é também um dia em que comemoramos o trabalho extraordinário que tem sido realizado por tantas pessoas, em todo o mundo e em Moçambique, que está a salvar milhões de vidas.
Para marcar a data, gostaria de ler a mensagem do Secretário-Geral da ONU, António Guterres, para o dia de hoje.
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[Início da mensagem do Secretário-Geral]
O Dia Mundial de Luta contra o SIDA chega num momento decisivo.
As mortes relacionadas com O SIDA diminuíram quase 70 por cento desde o seu pico em 2004, e as novas infecções pelo VIH estão no ponto mais baixo desde a década de 1980.
Mas a SIDA ainda tira uma vida a cada minuto.
Podemos — e devemos — acabar com a SIDA como uma ameaça à saúde pública até 2030.
Alcançar este objectivo significa dar atenção ao tema deste ano: Deixem as Comunidades Liderar.
O caminho para acabar com a SIDA passa pelas comunidades.
Desde a ligação das pessoas ao tratamento, aos serviços e ao apoio de que necessitam — até ao activismo de base que pressiona a acção para que todas as pessoas possam concretizar o seu direito à saúde.
Apoiar aqueles que estão na linha da frente da batalha contra a SIDA é a forma como vencemos.
Isso significa colocar a liderança comunitária no centro dos planos, programas, orçamentos e esforços de monitorização do VIH.
Devemos também remover barreiras à liderança comunitária e garantir espaço para os grupos locais da sociedade civil levarem por diante o seu trabalho vital.
Acima de tudo, precisamos de financiamento.
A resposta ao SIDA nos países de baixo e médio rendimento necessita de mais de 8 mil milhões de dólares por ano para ser totalmente financiada.
Isto deve incluir o aumento do financiamento para programas locais liderados por pessoas que vivem com o VIH e iniciativas de prevenção lideradas pelas comunidades.
O SIDA é superável.
Vamos terminar o trabalho apoiando as comunidades para acabar com este flagelo nos seus bairros, nos seus países e em todo o mundo.
[Fim da mensagem do Secretário-Geral]
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Senhoras e senhores,
Neste Dia Mundial da Luta contra o SIDA, as Nações Unidas encorajam cada um de nós a enfrentar as desigualdades que impedem o progresso no sentido de acabar com o SIDA.
No centro da nossa luta estão as nossas comunidades.
Isto é evidente no tema global das comemorações deste ano “Deixem as Comunidades Liderar” e no nosso tema nacional “Comunidades e Sociedade Civil na vanguarda da resposta ao VIH e ao SIDA”.
As comunidades compreendem o que é mais necessário, o que funciona e o que precisa de mudar.
Tenho a honra de fazer parte da equipa da ONUSIDA há quase 20 anos. E sei em primeira mão a importância de se sentir abraçado, ouvido, protegido e aceite pela comunidade para que a resposta ao VIH/SIDA seja bem sucedida.
Os esforços para alcançar uma geração livre do VIH são inspiradores. Contudo, as novas infecções por VIH estão a diminuir muito lentamente.
Moçambique é o segundo país do mundo com o maior número de novas infecções, depois da África do Sul.
Muitas pessoas ainda não têm acesso aos serviços sociais e de saúde de que tanto necessitam.
Embora as mulheres trabalhadoras do sexo, os homens que têm relações sexuais com homens, as pessoas que injectam drogas e as pessoas que estão presas suportem o maior peso do risco de infecção pelo VIH, estes grupos têm uma das taxas mais baixas de acesso aos serviços de prevenção do VIH.
Estas populações-chave, bem como outras populações prioritárias vulneráveis, como as raparigas adolescentes e as mulheres jovens, e as pessoas com deficiência, são fundamentais para a dinâmica do VIH em todo o país; mas muitas vezes são esquecidos.
Devemos redobrar os nossos esforços para revitalizar a prevenção do VIH.
Devemos criar programas que respondam especificamente às necessidades das populações-chave e vulneráveis.
E devemos fazer isso agora. O tempo está se esgotando. E milhões de moçambicanos contam connosco.
Senhoras e senhores,
É a força dentro das comunidades, inspirada pela responsabilidade partilhada entre nós, que contribui em grande parte para as nossas vitórias.
As comunidades não atrapalham; eles iluminam o caminho.
Em nome das Nações Unidas, gostaria de reafirmar que estamos prontos para aumentar ainda mais os nossos esforços para apoiar as instituições, os parceiros e a sociedade civil moçambicana na consecução deste objectivo comum: Um Moçambique em que nenhuma vida seja perdida devido ao SIDA.
Quero concluir saudando os mais de dois milhões de crianças, mulheres e homens que vivem com o VIH em Moçambique e expressando a solidariedade de todo o Sistema das Nações Unidas.
Neste Dia Mundial da Luta contra o SIDA, digo a todos: deixem as comunidades liderar!
Muito obrigada! Kanimambo!